Mostra destaca importância das artistas mulheres no acervo do MAC-PR

Intitulada “Estamos aqui! Relevos no Horizonte do Acervo do MAC”, a exposição que inaugura no dia 15 de maio, às 19h, reúne trabalhos de 15 mulheres – 11 artistas que integram o acervo do museu e quatro convidadas. A abertura acontece em 15 de maio, às 19h.
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08/05/2019 - 11:59
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O Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR) inaugura em 15 de maio, às 19h, a exposição “Estamos aqui! Relevos no Horizonte do Acervo do MAC”. São obras de 15 mulheres – 11 artistas que integram o acervo do museu e quatro convidadas. A mostra será montada nas salas 8 e 9 do Museu Oscar Niemeyer, local onde o MAC-PR funciona temporariamente enquanto sua sede passa por reformas.

A intenção é olhar o acervo do MAC-PR levando em conta a discrepância entre a presença de homens e mulheres e reequilibrar essa realidade. A coleção é composta majoritariamente por artistas homens: 398 contra 229 mulheres. A diferença no número de trabalhos também chama a atenção. Há 786 a menos produzidos por mulheres.

Com curadoria da diretora do MAC-PR, Ana Rocha, a mostra apresenta obras de Ana Gonzalez, Cristina Agostinho, Deborah Santiago, Eliane Prolik, Elizabeth Titton, Erica Storer Araújo, Isabella Lanave, Fabiana de Barros, Guita Soifer, Janete Fernandes, Juliana Gisi, Mainês Olivetti, Marga Puntel, Marta Neves e Maya Weishof. A inauguração contará com uma performance de Erica Storer Araújo, que expõe a obra Tudo ou Nada, de 2017, e é uma das convidadas pela curadoria.

De acordo com Ana Rocha, mostrar o acervo do museu junto com outras artistas contemporâneas faz parte de um conceito de remixagem, prática que tem origem na música, mas que é levada também para áreas como arquitetura, quando prédios são remodelados para outros fins, moda, com a customização de roupas, e na própria arte.

Todos os trabalhos expostos em Estamos aqui!, segundo a curadora, referem-se ao corpo de diversas maneiras e o coloca como centro para falar de temas como identidade e consumo. É o que faz Juliana Gisi em seu vídeo Dueto em três vozes para Mariposa, finalizado em 2019. Ela é a personagem principal da obra, que mostra o seu rosto de duas formas distintas. “Não seria um autorretrato, mas uma discussão que tem muito mais a ver com usar o seu próprio corpo como matéria, utilizar a imagem para uma proposição”, explica a artista.

Doutora em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Juliana acredita que são muito importantes ações que coloquem as mulheres artistas como protagonistas. “Existe uma defasagem grande no número de obras dos acervos e em exposições no mundo todo. É uma realidade, é algo forte”.

De acordo com ela, a partir da década de 1960, esse tema entrou cada vez mais em discussão e hoje há ações efetivas para colocar essa disparidade à vista. “São ações afirmativas para mostrar que existem mulheres produzindo que são tão boas quanto os homens, e por uma questão estrutural não aparecem tanto. A exposição é uma forma de recontar essas histórias”.

O reequilíbrio proposto pela mostra, destaca a curadora, não quer negar a disparidade entre gêneros, mas sim superar o silêncio sobre contribuições importantes trazidas ao pensamento da arte pelas mulheres.

FAXINAL DAS ARTES - Outro aspecto valorizado pela curadoria na mostra são as obras produzidas durante o Faxinal das Artes, residência artística do começo dos anos 2000, proposta pela Secretaria de Estado da Cultura e que reuniu artistas de todo o país em Faxinal do Céu, no Sudoeste do Estado, para elaborar projetos e criar obras.

Uma das participantes foi a catarinense Mainês Olivetti. Ela desenvolveu a obra Titãs, uma instalação com globos de vidro e fios de náilon. “Eu já trabalhava com redes de náilon e de pescaria, tinha uma recordação de quando criança. Meu pai fazia redes e isso ficou na minha memória”, conta. Além de ser exposta na mostra Faxinal das Artes, realizada pelo próprio MAC-PR no final de 2002, a obra havia sido montada pela última vez em 2003, no Sesc São Paulo.

Além do trabalho de Mainês, Estamos aqui! reúne outras obras de Faxinal, como Conversão Diástole, vídeo de Marga Puntel, dois quadros de Débora Santiago e instalações em faixa de Marta Neves.

A exposição fica em cartaz até 4 de agosto.

50 ANOS - Criado em 11 de março de 1970 por decreto oficial, o Museu de Arte Contemporânea do Paraná completa 50 anos em março de 2020. Desde o início do seu funcionamento, foi responsável por ser um espaço de tendências e discussões sobre arte contemporânea. Atualmente, seu acervo é composto por 1,8 mil obras de artistas paranaenses e brasileiros, além de estrangeiros.

O espaço é referência em pesquisa e documentação no Estado para pesquisadores da área e promove ações de arte e educação para a comunidade. Sua sede desde 1974, no Centro de Curitiba, está fechada para reforma e restauro. Por enquanto, o MAC-PR funciona nas salas 8 e 9 do Museu Oscar Niemeyer (MON).

Serviço:
Exposição Estamos aqui! Relevos no Horizonte do Acervo do MAC

Museu de Arte Contemporânea do Paraná
15 de maio, às 19 horas
Entrada franca na abertura
Até 4 de agosto
Local: Museu Oscar Niemeyer – Salas 8 e 9 (o MAC-PR funciona temporariamente no local)
Rua Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico - Curitiba

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