Com plantas modernas, o Paraná se consolida como o segundo maior polo de produção automotiva do Brasil. Atualmente, o parque paranaense responde por 14% da produção nacional de veículos e teve o melhor desempenho do País em 2019, com crescimento de 25,7%.
Carros, caminhões, ônibus, vans, tratores e colheitadeiras, além de motores, cabines, acessórios e peças, formam o rol de produtos da cadeia automotiva paranaense. São 590 indústrias envolvidas no sistema produtivo que vem sendo reforçado nas últimas duas décadas com incentivos do Governo do Estado.
O Paraná abriga hoje montadoras globais de veículos como a Renault-Nissan, Volkswagen-Audi, Volvo e DAF; de maquinário, como New Holland e Caterpillar; de motores, FCA Fiat Chrysler e Paccar; e de pneus, Dunlop. A produção deste grupo abastece o mercado doméstico e também países da América do Sul, Europa, Ásia e Estados Unidos.
Pouco mais de 400 mil veículos saíram das montadoras instaladas no Paraná de acordo com o último anuário da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de 2018. “A indústria automotiva tem uma importância econômica muito grande para o nosso Estado. Além de gerar milhares de empregos diretos e indiretos, agrega valor e tecnologia ao parque industrial paranaense”, afirmou o governador Carlos Massa Ratinho Junior.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Carlos Valter Martins Pedro, o setor automotivo é importante no processo de diversificação da economia paranaense e, hoje, é um dos segmentos mais representativos da indústria estadual. “É um setor que investe muito em inovação”, avaliou.
O dirigente destaca que o setor automotivo tem peso relevante no desempenho da indústria do Paraná. “Outra prova de sua importância é que, em 2019, foi o setor que mais influenciou positivamente para que a indústria do Paraná tivesse o maior crescimento na produção industrial entre todos os estados brasileiros, ajudando no processo de recuperação das perdas causadas pela crise dos últimos anos”, disse.
CRESCIMENTO - No geral, a produção industrial paranaense aumentou 5,7% em 2019, o maior índice do País. O resultado é o melhor do Estado desde 2011 e foi puxado especialmente pelo segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias. “A manufatura do Paraná pode ser dividida em antes e depois da indústria automotiva”, ressaltou o economista e pesquisador Julio Suzuki Júnior, do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).
Suzuki pontua que a indústria automotiva do Paraná se fortaleceu ao longo dos anos, contribuindo para o adensamento de cadeias, e multiplicou o valor gerado pelo parque industrial paranaense. A fabricação de automóveis, camionetas e utilitários responde por 8,7% do Valor da Transformação Industrial (VTI) do Paraná, enquanto a produção de autopeças significa 2,4%, de caminhões e ônibus (1,3%), e a de cabines, carrocerias e reboques atinge 0,3%.
“Uma área com diversificação de produtos e um mix grande de vendas”, explicou o economista, ressaltando também a geração de emprego qualificado. A cadeia produtiva completa, considerando ônibus, caminhões, peças, acessórios e demais itens, emprega aproximadamente 39 mil pessoas no Estado.
PARQUE MODERNO - “A planta de São José dos Pinhais é uma das fábricas mais modernas do Grupo Volkswagen no mundo. Ela foi inaugurada em 1999 e, desde então, já produziu mais de 2,7 milhões de veículos”, destacou o presidente e CEO da Volkswagen América Latina, Pablo Di Si.
“O Paraná, que consideramos nossa casa, estimula o investimento e a atividade das empresas”, ressaltou Luiz Fernando Pedrucci, presidente da Renault para a América Latina. Ao longo de duas décadas, a marca já produziu cerca de 3 milhões de veículos e 4 milhões de motores destinados ao mercado nacional e também a vários estados americanos. A montadora fica no Complexo Ayrton Senna, que conta com um Centro de Engenharia e um Centro de Design.
Já a indústria de caminhões DAF Paccar está instalada em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. Atualmente a empresa conta com 500 colaboradores diretos. “Estamos muito felizes com Ponta Grossa e com o Paraná”, afirmou o mexicano Carlos Ayala, presidente da montadora no Brasil.
EXPORTAÇÃO – Carros, ônibus e caminhões montados no Paraná ganham diferentes destinos. Ao todo, as montadoras instaladas no Estado mantêm comércio com 21 diferentes países. O setor fechou 2019 como o quinto principal produto exportado pelo Estado, representando 4,1% de tudo o que foi negociado com o exterior. Foram US$ 660 milhões (cerca de R$ 2,9 bilhões) em vendas, atrás apenas das exportações do setor agropecuário (soja, frango, farelo de soja e cereais).
Argentina (39,4%), México (24,5%) e Colômbia (19,9%) são os principais destinos dos carros paranaenses. Cerca de 12% das autopeças fabricadas no Estado têm como destino a Alemanha; 19,3% são negociados com o Peru; 60% dos motores seguem para a Colômbia; e 9% das carrocerias e chassis vão para o Chile, entre outras negociações com o exterior.
SALÁRIO – A média salarial de quem trabalha no setor automotivo do Paraná é de R$ 4,3 mil, o segundo mais alto do País, atrás apenas de São Paulo (R$ 4,9 mil). “É uma área que exige mão de obra qualificada e experiência, por isso os salários mais altos. Mão de obra que nós temos em grande quantidade aqui no Paraná”, afirmou Suelen Glinski, economista do Departamento do Trabalho da Secretaria de Justiça, Família e Trabalho (Sejuf).
Ela lembrou que dos trabalhadores envolvidos diretamente na produção de veículos, mais da metade recebe proventos superiores a três salários mínimos (R$ 3.135).
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Bons índices que se refletem em novos investimentos
A Renault do Brasil ampliou recentemente a atuação no Paraná com a abertura de uma fábrica de alumínios para blocos e cabeçotes de motores. O investimento, de R$ 350 milhões, tem o apoio do programa de incentivo do Governo do Estado.
A Volkswagen, por sua vez, confirmou outros R$ 2 bilhões na ampliação da fábrica de São José dos Pinhais para a produção do T-Cross. A empresa alemã soma cerca de R$ 4 bilhões aplicados na planta paranaense desde a sua instalação, em 1999.
“Além de gerar empregos de qualidade, a Volkswagen tem compromisso com a responsabilidade social na região, investindo em ações sociais no Estado, impactando positivamente a sociedade paranaense”, comentou o presidente da montadora, Pablo Di Si.
BOX 2
Os ciclos que marcam a indústria automotiva no Paraná
O Paraná passou por três grandes ciclos de investimentos em sua cadeia automotiva. A implantação da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), a instalação da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, e uma política de descentralização da indústria brasileira, até então concentrada em São Paulo, contribuíram para o processo iniciado na década de 1970.
Percebendo a estruturação, a multinacional sueca Volvo se instalou na capital paranaense. A pedra fundamental de sua fábrica de ônibus e caminhões foi lançada em 1977. Logo na sequência foi a vez da New Holland fincar raízes no Paraná.
O ciclo, porém, foi interrompido pelas sucessivas turbulências enfrentadas pela economia do Brasil na década de 1980. Retomada que só veio com o Plano Real e o retorno da estabilidade, nos anos 1990. Foi nesse período que o polo automotivo paranaense registrou o maior crescimento, principalmente pela instalação das plantas da Renault e Volkswagen, em São José dos Pinhais, e da Chrysler, em Campo Largo.
Após novo período de estagnação no início dos anos 2000, o polo automotivo local voltou a se desenvolver a partir de 2011. Resultado de uma maior segurança jurídica e da retomada de políticas de incentivo por parte do Governo do Estado.
“O Paraná conta com um ambiente favorável para quem quer investir e gerar empregos. Nosso Estado tem vocação para o trabalho e um grande potencial em diversos setores. Somos um dos grandes polos da indústria automotiva do País”, destacou o governador Carlos Massa Ratinho Junior.
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Paraná apoia e investe na eletromobilidade
Uma das maiores apostas de inovação do Governo do Estado diz respeito à mobilidade elétrica. Por iniciativa do governador Carlos Massa Ratinho Junior, veículos elétricos estão isentos da alíquota do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), que hoje é de 3,5%, até o dia 31 de dezembro de 2022.
O objetivo da iniciativa do Estado é incentivar a produção e o uso de automóveis movidos à energia limpa, que conferem maior eficiência e menor consumo em comparação com os modelos tradicionais à combustão.
“Pretendemos tornar os veículos elétricos mais acessíveis à população. Precisamos de soluções sustentáveis no trânsito e o uso de carros que poluem menos é uma delas”, destacou Ratinho Junior. “Essa iniciativa reforça a visão do Governo do Estado de buscar mais sustentabilidade, cuidar do meio ambiente, em consonância com o que já acontece em outros países”, completou.
ELETROVIA - O Paraná conta também com a maior eletrovia do País, da Copel, que corta o Estado de Leste a Oeste via BR-277, ligando o Porto de Paranaguá às Cataratas do Iguaçu. São 11 eletropostos com abastecimento gratuito.
A estatal de energia se prepara para atender um incremento de até 700% no consumo de energia renovável. Já o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) atua na certificação da cadeia de eletropostos e no dimensionamento e otimização da distribuição.
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Tecpar tem projeto que busca sensibilizar para produção de energia limpa
O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) também tem papel importante no incentivo aos veículos movidos à energia limpa. O órgão estabeleceu parcerias para promover estudos sobre uso dos veículos elétricos.
“Estamos em constante desenvolvimento, certificação da cadeia de eletropostos, dimensionamento dessa otimização de distribuição”, comenta Rafael Rodrigues, Diretor de Tecnologia e Inovação do Tecpar.
“Recentemente fechamos acordos de cooperação com o Sistema Fiep, o Senai e a Renault para explorar a cadeia produtiva de biocombustíveis e geração distribuída, além dos dados dos veículos elétricos”, explica.
O projeto Smart Energy, incubado no Tecpar, tem como membros da governança representantes de secretarias estaduais, de empresas públicas, universidades estaduais e federais, Itaipu Binacional, Federação das Indústrias Paraná (Fiep).
O projeto tem como missão desenvolver as competências locais em energias renováveis e sensibilizar a sociedade para o uso consciente da produção de energia limpa.
PLATAFORMA – Como parte da estratégia de estar alinhado às últimas tendências na área de tecnologia e inovação, o Tecpar também firmou parceria com a Renault para disponibilizar ao instituto a plataforma do Twizy, veículo elétrico produzido pela montadora.
Com a plataforma e os dados abertos do protótipo disponibilizado pela montadora, pesquisadores do instituto podem desenvolver novos estudos para criarem novos veículos elétricos, com proposta de transformar o Estado no mais inovador do País.