Cascavel recebe uma das obras mais esperadas pela população do Oeste do Paraná e que deverá ser um marco na região: a modernização do Aeroporto Coronel Adalberto Mendes da Silva ou SBCA. Os trabalhos já ultrapassaram 95% no terminal de passageiros e 75% no pátio de aeronaves, inclusive com a instalação de dois fingers (ponte de acesso às aeronaves), um dos poucos aeroportos do Interior do País com essa tecnologia. A inauguração deve acontecer no próximo semestre.
Cascavel é um dos principais polos regionais do Paraná. Desde 2016 conta com região metropolitana e abrange uma área com 24 municípios e cerca de 1 milhão de habitantes. A modernização do aeroporto é uma vitória de um time de muitos jogadores - prefeitura municipal, Governo do Estado, governo federal, setor empresarial, cooperativismo agroindustrial e a Itaipu Binacional.
“Cascavel é estratégica dentro do nosso planejamento logístico. A revitalização do aeroporto e as novas conexões aéreas, que certamente virão, atrairão mais investimentos e empregos”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “Isso se soma ao vetor de exportação pela BR-277, a modernização do Trevo Cataratas e a expansão da atividade na malha férrea administrada pela Ferroeste. O aeroporto vai ajudar o Paraná a crescer nos próximos anos”.
A obra envolve mais de dez contratos e cerca de R$ 38 milhões. O Governo do Estado participou disponibilizando recursos do Sistema de Financiamento aos Municípios (SFM), administrado pelo Paranacidade e pela Fomento Paraná. Há, ainda, recursos federais a fundo perdido (R$ 2,3 milhões), da Itaipu Binacional e verba municipal. Cerca de 80 funcionários foram empregados diretamente ao longo do último ano.
A intervenção completa engloba a revitalização e duplicação de 2,2 quilômetros da Avenida Itelo Webber com novo sistema de iluminação; seis quilômetros de cerca; estacionamento para 398 automóveis; sistema de drenagem da água da chuva do sítio aeroportuário; novo pátio de estacionamento das aeronaves com piso de concreto; iluminação em LED; um novo terminal de passageiros com cinco portões e dois pavimentos; dois fingers; mobiliário aeroportuário, equipamentos de informática e novas esteiras; deslocamento dos nove hangares particulares para uma nova área dentro da faixa de segurança; e demolição da estrutura atual, construída nos anos 70.
“Essa obra é um sinal de esperança para a retomada do País. Os empresários saem e chegam a Cascavel com expectativa de fechar novos negócios, acelerar o crescimento a partir do segmento agropecuário, mas também industrial e turístico, dada a proximidade com Foz do Iguaçu”, destaca o prefeito Leonaldo Paranhos. “O novo aeroporto vai ajudar a puxar esse novo País no segundo semestre, conectar o Oeste com o mundo”.
O aeroporto de Cascavel tem voos com destino a Curitiba, Guarulhos (SP), Campinas (SP) e Porto Alegre, em operações das companhias Gol e Azul.
O AEROPORTO – As primeiras obras no aeroporto começaram em 2011 a partir de um projeto mais simples, porque a demanda projetada era consideravelmente menor na ocasião e ainda havia discussões sobre a necessidade de um aeroporto regional. Contudo, a empresa vencedora da concorrência pública não finalizou a obra e ela foi judicializada.
Quando a modernização foi efetivamente retomada, há pouco mais de um ano, o projeto já era bem mais ambicioso, três vezes maior que o desenho original, com cerca de seis mil metros de área construída e possibilidade de expansão para mais dez mil metros sem novas desapropriações.
O desafio da engenharia da administração municipal foi reaproveitar o que já tinha sido feito, como as fundações, algumas estruturas de concreto e o máximo da estrutura metálica, que foi recortada e readaptada para ilustrar o novo prédio. O projeto original do terminal de passageiros também não tinha os dois pavimentos, e agora o segundo conta com os dois portões de acesso aos fingers, praça de alimentação e mirante para observar pousos e decolagens.
“Esse novo aeroporto é fruto de um projeto feito em casa, dentro da prefeitura, com todas as dificuldades inerentes do processo. Um aeroporto é uma obra complexa por conta das exigências técnicas e das normas internacionais que regulamentam a atividade”, aponta o engenheiro responsável pela obra, Sandro Camilo Rocha Rancy. “Tivemos inúmeras dificuldades, mas também boas surpresas, como os fingers. Apenas Campinas (SP) e Foz do Iguaçu (PR) contam com estruturas parecidas no Interior. Essa obra é um divisor de águas para Cascavel”.
Atualmente a obra está na fase de recebimento técnico e de check list final de acabamento e liberação de algumas estruturas para outras empresas começarem as suas instalações. Concomitantemente acontecem as demolições da estrutura antiga e a formalização das aquisições de mobiliário e da estrutura interna do terminal de passageiros. A administração municipal também busca as novas certificações necessárias junto da Agência Nacional de Aviação Civil e Aeronáutica.
“Cascavel teve três grandes modificações ao longo da sua história: em 1987 com a instalação da nova rodoviária; em 1989 com a abertura do Show Rural; e em 1994 com o reconhecimento da Unioeste como universidade, e hoje o município conta com sete mil estudantes entre a rede pública e a privada. O aeroporto será um novo marco”, acrescenta Rancy. “Esse é o verdadeiro papel do poder público, aplicar recursos públicos com qualidade, atender uma demanda da sociedade, fomentar a construção civil, um setor que impulsiona a economia, além de gerar novos investimentos e negócios ao município”.
O TERMINAL – Apenas o prédio principal do novo terminal de passageiros (Octacílio Mion) custou cerca de R$ 19 milhões. A estrutura está praticamente pronta.
Os guichês para caixas eletrônicos, empresas de táxi ou de transporte por aplicativo, informações turísticas ou hotelaria ganharam espaços exclusivos dentro do terminal, mas fora do prédio principal, na área coberta de chegada dos passageiros. O saguão conta com espaço para check-in, com embarque pela esquerda e desembarque pelo lado direito.
O térreo tem salas de segurança, canal de inspeção corporal e de bagagens de mão, três máquinas de raio-x, área de revista íntima e sala reservada para os comandantes e funcionários de bordo. Há três portões inferiores para embarque e acesso ao pavimento superior. Também foi projetado no primeiro andar um espaço para um café.
O layout da área interna do terminal permite circulação de 600 passageiro, entre os que aguardam embarque e os que desembarcam, dentro da ideia de que quem acessa essa área é considerado apto porque já passou por alguma revista. O terminal contará, ainda, com painéis de vídeo e totens de publicidade digital e monitores para consulta dos voos.
Os fingers já instalados facilitam a acessibilidade e o embarque e desembarque dos passageiros em dias muito frios, muito quentes ou com muita instabilidade. Eles têm capacidade para atender todas as aeronaves que fazem voos domésticos no País, modelos da Embraer, Boeing e Airbus.
Do outro lado do primeiro andar, no espaço público, haverá dois restaurantes e um mirante para observação dos pousos e decolagens, além de uma sala pública para reuniões, mais reservada, e a sala de controle das operações aeroportuárias, com acesso às 40 câmeras espalhadas em todo o terminal. Haverá tecnologia de reconhecimento facial e das placas dos veículos. Essa estrutura foi pensada para evitar o “drible” de contrabandistas que optavam por Cascavel para evitar fiscalização supostamente menos rigorosa do que em Foz do Iguaçu, e pela proximidade com a Penitenciária Federal de Catanduvas.
Todos os banheiros do novo terminal foram pensados para acessibilidade, inclusive com dois espaços exclusivos para ostomizados, construídos com apoio da Assessoria de Políticas Públicas e da Inclusão Social da Pessoa com Deficiência de Cascavel, do Hospital Universitário do Oeste do Paraná e da União Oeste Paranaense de Estudos e Combate ao Câncer (Uopeccan). O terminal contará com 155 longarinas (cadeiras conjuntas típicas de aeroportos), sendo seis “duplas” para pessoas obesas.
PISTA – O tamanho da pista do aeroporto de Cascavel não foi objeto de modificação porque é considerado bom dentro da média nacional (1,8 mil metros de comprimento por 45 metros de largura) e a tecnologia Rnav nas cabeceiras, georreferenciadas pela Força Aérea Brasileira, já existe. O novo pleito é o sistema ILS 2, que permite pousos por instrumentos com mais segurança.
Entre as benfeitorias, está sendo executada a infraestrutura do pátio de aeronaves com espessura conjugada de 12,5 centímetros de base de concreto e mais 34,5 centímetros de concreto armado para estacionamento de aeronaves de até 80 toneladas, além de um sistema de drenagem de toda a água da chuva para evitar alagamentos e favorecer a drenagem superficial.
Dentro dessa modernização, uma nova instalação será edificada para o espaço exclusivo da brigada contra incêndio, instalada em um antigo hangar particular que foi desativado. Haverá, ainda, um reservatório de 45 mil litros de água e um farol para ajudar os pilotos em dias com neblina.
A projeção futura da prefeitura é de viabilizar, também, um terminal de cargas e um espaço mais moderno para eventual pernoite das aeronaves das companhias aéreas.
A demolição do antigo terminal de passageiros acontecerá nos próximos dias. Ele foi erguido em 1977 e contava com estrutura precária, ainda com cara de uma rodoviária de cidade do Interior, com banheiros simples, lanchonetes, saguão pequeno e setores acanhados de fiscalização e operação aeroportuária.
CASCAVEL – Cascavel é um dos principais polos regionais do Paraná e o seu crescimento é impulsionado pelo agronegócio e atividades do cooperativismo, principalmente no setor aviário. Também é um polo metalúrgico e de comércio atacadista.
Segundo o prefeito do município, as possibilidades de expansão são ilimitadas diante da nova estrutura. “O aeroporto traz uma veia de investimentos muito grande. Ele não é uma ferramenta turística, mas traz possibilidades de geração de emprego e renda. Muitas pessoas serão beneficiadas diretamente por essa nova estrutura, mesmo que não a usem com frequência”, argumenta Leonaldo Paranhos.
“Já perdemos oportunidades de trazer eventos para Cascavel, melhorar negócios existentes e tudo por causa da falta de estrutura aeroportuária. Esse assunto sempre pautou as reuniões dos empresários do Oeste. Muitos indicam crescimento exponencial de Cascavel nos últimos anos, imagina o tamanho que a cidade teria se esse aeroporto tivesse participado dessa evolução?”, destaca Alci Lúcio Rotta Júnior, presidente da Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná (Caciopar).
Segundo Rotta, a inauguração também casa com o momento em que o País começa a planejar o futuro depois da pandemia do novo coronavírus. Ele defende que haverá maior integração regional e diversificação da matriz econômica. “Temos o cooperativismo forte na produção agrícola e nas cadeias de peixes, aves e suínos, mas também um setor de serviços que gera muitos empregos e a indústria metalmecânica. O Oeste tem um potencial muito grande e o aeroporto marca um novo momento desse planejamento”, arremata.
Cascavel está na rota de obras públicas do Governo do Estado. Entre elas estão a revitalização do Trevo Cataratas, a autorização da duplicação do trecho da BR-277 entre o posto da Polícia Rodoviária Federal e o trevo do distrito de São João do Oeste, a ampliação da capacidade de escoamento da Ferroeste depois da assinatura da licença de passagem com a Rumo, a reurbanização de um trecho de 1,8 quilômetro da Avenida Brasil, entre a Rua Corbélia e o Trevo Cataratas, a construção de um ginásio de esportes no distrito de Juvinópolis e a instalação de mais de 800 novos postos de ônibus.
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