O Museu de Arte Contemporânea do Paraná promove nesta quarta-feira (13), às 19 horas, a mesa-redonda “O engajamento artístico na ditadura e na contemporaneidade”, com Caroline Schroeder e Emanuel Monteiro, evento que integra o ciclo de ativações da exposição “Pequenos gestos: memórias disruptivas”.
O artista e professor Emanuel Monteiro aborda dois aspectos fundamentais desde a perspectiva da exposição: a exigência colonial da branquidade que engessa o artista negro em uma única forma de ativismo, e também faz um convite para a ampliação de noções e perspectivas do "lugar de fala".
A pesquisadora Caroline Schroeder fala sobre seu compromisso em reescrever e inscrever criticamente, para além da pouca complexidade de discursos dicotômicos observados na historiografia sobre a relação entre arte/censura, artista/instituição durante a ditadura militar.
A ideia da mesa é explicitar o compromisso comum da plataforma curatorial e institucional do Museu em construir e apresentar outras narrativas a partir e desde o seu acervo. Pensar uma contemporaneidade dialética que – como propõe o curador nigeriano Okwui Enwezor, morto em abril deste ano – possibilite uma ressignificação da história da arte, da arte moderna e contemporânea a partir das exigências do pensamento anticolonial na atualidade. Sem negar, excluir ou inviabilizar, tensionar e ampliar a base fundacional da história da arte e o “modus operandi” de suas instituições, pensada ainda hoje desde uma perspectiva branca, masculina e eurocêntrica.
A exposição “Pequenos gestos: memórias disruptivas”, aberta em 8 de outubro, é resultado da intensa pesquisa feita pela curadora Fabrícia Jordão no rico e diverso acervo do Museu, que hoje reúne em torno de 1.800 obras.
A mostra se estrutura em três núcleos. Um deles, de caráter mais alegórico, revolve em torno da questão identitária brasileira, passando por percepções exóticas e simplificadoras da cultura nacional, muitas vezes vista por meio do olhar estrangeiro, embotado de clichês. Outro núcleo contém obras que compartilham entre si abordagens geopolíticas, propondo discussões a respeito de fronteiras e território. O terceiro, por sua vez, está voltado a questões de viés ambiental, ecológico, tão presente nos debates da contemporaneidade.
Focada em contranarrativas de criadores que questionam ou contrariam discursos hegemônicos, a curadora afirma que “em cada um dos três conjuntos de obras é possível perceber gestos que interrompem as narrativas que normatizam e naturalizam opressões e violências na constituição de uma identidade nacional”.
Fabrícia Jordão é doutora e mestre em Artes Visuais pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP). Professora titular do Departamento de Artes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é responsável pelas disciplinas de curadoria, mediação e educação.
Foram selecionadas para a mostra obras de 21 artistas que integram a coleção do MAC-PR: Alice Yamamura (PR), Antonio Henrique Amaral (SP), Aprígio Fonseca e Frederico (PE), Beto Schwafaty (SP), Carla Vendrami (PR), Danúbio Gonçalves (RS), Dulce Osinski (PR), Eduardo Freitas (PR), Estevão Machado (MG), Glauco Menta (PR), German Lorca (SP), José Carlos Sade (PR), Jorge Francisco Soto (Uruguai), Liz Szczepanski (PR), Marcelo Conrado (PR), Plínio César Bernhardt (RS), Rogério Ghomes (PR), Vera Chaves Barcellos (RS), Vera Rodrigues (SP) e Vilmar Nacimento (SC).
SERVIÇO: Ciclo de ativações da exposição “Pequenos gestos: memórias disruptivas”.
Ativação 1: Mesa-redonda - O engajamento artístico na ditadura e na contemporaneidade
Com Caroline Schroeder e Emanuel Monteiro
13 (quarta-feira), às 19h
Participação gratuita
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