O investimento de R$ 9,1 bilhões anunciado pela Klabin, reputado como o maior da América Latina neste ano, e outro pela J. Macêdo, de R$ 500 milhões, levantaram uma onda de otimismo entre empresários e lideranças paranaenses. Os empreendimentos serão instalados em Ortigueira, nos Campos Gerais, e em Londrina, na região Norte, mas os impactos se disseminarão para todo o Estado e diversas áreas.
Esta é a expectativa de lideranças do Estado, que avaliam que os investimentos confirmam a boa condição do Paraná como ambiente de negócios. “Notícia tão boa coloca o Paraná na contramão da maioria dos estados brasileiros”, festeja o presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP), Frank Schiavini (prefeito de Coronel Vivida), numa referência à unidade anunciada pela Klabin, para Ortigueira.
“Um empreendimento de tal porte vai beneficiar todo o Paraná, pois se reflete não só na arrecadação de impostos mas também na educação, na saúde, em todas as áreas”, avalia Schiavini, ressaltando o empenho do Governo do Estado na atração dos investimentos. “Isso não acontece sem o apoio decidido do governo”, comenta.
De fato, as negociações foram feitas em tempo recorde. Apesar da disputa com outros dois estados, a Klabin escolheu o Paraná e prevê a criação de 11 mil empregos durante a implantação do novo projeto. "É o maior investimento da nossa história”, confirma o diretor-geral da Klabin, Cristiano Teixeira. “A escolha recaiu sobre o Paraná porque o Estado tem ajudado na transformação da companhia e estamos certos do futuro que podemos construir juntos”, completou o executivo.
ATRATIVO - O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, lembra que a primeira unidade da Klabin em Ortigueira já trouxe muito desenvolvimento para a região, que tinha o mais baixo IDH do Estado. “O investimento criou um círculo de crescimento que deverá se repetir agora, incrementando ainda mais as perspectivas para aquela região”, avalia.
No site da Fiep, artigo assinado por Campagnolo salienta que “é mais um sinal de que o Estado é altamente atrativo para empreendimentos industriais”. De acordo com o presidente da entidade, o projeto da Klabin será importante para incentivar a geração de empregos e para a recuperação do setor industrial nos próximos anos.
AGRONEGÓCIO - Para o presidente da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, o investimento da Klabin, maior produtora de papéis e embalagens do país, terá inúmeros desdobramentos positivos para a economia do Paraná. “A expansão da fábrica na região de Ortigueira será benéfica para o meio rural, que terá o setor florestal ainda mais fomentado, e para o meio urbano, com geração de emprego e renda”, diz Meneguette. “No caso da J.Macêdo, em Londrina, serão gerados milhares de empregos, em um momento que o país precisa disso”, afirma.
“Esses dois investimentos reforçam a enorme contribuição do agronegócio para as economias do Brasil e do Paraná. E mais que isso, demostram que o Paraná é um Estado fértil para investimentos, que colaboram para o crescimento da economia”, destaca Meneguette.
RENOVAÇÃO – O presidente da Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Fetranspar), Sérgio Malucelli, também acredita em forte impacto para o setor em que atua. Hoje, 32 empresas de transporte de cargas prestam serviços à Klabin em Ortigueira e Telêmaco Borba.
“A previsão inicial é que o novo investimento alavanque crescimento de cerca de 30% na estrutura e frota dessas empresas”, diz Malucelli. “Isso resultará em renovação da frota e mais empregos”, .
A Klabin, segundo Malucelli, ajuda a elevar a qualidade das empresas do setor. “As empresas são aferidas na questão ambiental, no que se refere a emissões, os caminhões devem ter no máximo seis a sete anos. Isso empresta qualidade ao setor”, destacou.
Malucelli lembra que a repercussão se estende a todos os fornecedores da fabricante de celulose. O impacto se dá em toda a cadeia produtiva, avalia, em especial o Porto de Paranaguá, onde a Klabin já mantém estrutura para exportação.
EXPORTAÇÃO - De fato, o diretor-presidente dos Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, acredita que o novo investimento vai turbinar ainda mais o desempenho da empresa em exportação de celulose. A Klabin começou a movimentar cargas pelos terminais paranaenses, em 2016 e, desde aquele ano até o início de março, já passaram por lá 2,457 milhões de toneladas de celulose.
No primeiro trimestre de 2019, a celulose assumiu o inédito terceiro lugar na pauta de exportações do Paraná. “Empresas como a Klabin diversificam as operações portuárias e são importantes para ampliar os negócios e gerar emprego em todo o Litoral”, afirma Garcia, lembrando que Paranaguá terá uma nova área destinada à operação de celulose.
MUNICÍPIOS – Comércio, hotelaria, setor imobiliário são os mais beneficiados por este tipo de investimento, lembra o presidente da Associação dos Municípios dos Campos Gerais (AMCG), Márcio Artur de Matos, que é prefeito de Telêmaco Borba. “É importante que as cidades aproveitem esses impulsos para melhorar suas estruturas e serviços”, afirma o prefeito.
O presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (ACIPG), Douglas Fonseca, acredita que toda a região será beneficiada. Ele também destaca a criação do Centro Estadual de Educação Profissional Florestal e Agrícola de Ortigueira, uma parceria entre o Governo do Estado, Klabin e a prefeitura do município, e terá capacidade de receber até 800 alunos.
J. MACÊDO – O grupo empresarial vai instalar em Londrina um complexo industrial de manipulação de trigo, com apoio do programa Paraná Competitivo, do Governo do Estado. Serão cinco plantas, que gerarão 1,5 mil empregos diretos e quase 4 mil indiretos.
“Instalada em Londrina desde 1975, a J. Macêdo já conhece a cidade e todas as nossas potencialidades e isso demonstra que Londrina foi bem avaliada e que está no caminho certo”, afirma o presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Fernando Moraes.
“Trata-se de um acontecimento que nos deixa esperançosos em relação à nossa capacidade de atrair outras indústrias, de gerar mais empregos formais, fortalecer a economia, tornar o comércio mais ativo, além de melhorar a situação fiscal da prefeitura a médio e longo prazos”, destaca Moraes.
O presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado no Paraná (Sinditrigo), Daniel Kümmel, comemora o investimento da J. Macêdo e avalia que isso vai consolidar a participação do Paraná no mercado brasileiro. O Estado já responde por 28% da moagem das 12 milhões de toneladas consumidas anualmente no Brasil; 60% do que é processado aqui são vendidos a outros Estados brasileiros, o que deve ser ainda mais incrementado pelo novo investimento.
BOX 1
Governo trabalhou para que o Paraná recebesse o investimento da Klabin
A direção da Klabin procurou o governador Carlos Massa Ratinho Junior e anunciou a intenção de investimentos nos próximos anos. Havia uma disputa com outros dois estados. “Nós trabalhamos intensamente para que esses investimentos ficassem no Paraná, principalmente em relação à geração de 11 mil empregos. Para nossa surpresa e com trabalho dedicado de todas as secretarias conseguimos fazer todos os processos em 45 dias”, afirmou Eduardo Bekin, presidente da Agência Paraná Desenvolvimento.
O empreendimento foi enquadrado no programa Paraná Competitivo, que prevê medidas como dilação de prazos para recolhimento do ICMS, incentivos para melhoria da infraestrutura, comércio exterior, desburocratização e de capacitação profissional.
“Um projeto dessa magnitude envolve diversas secretarias, como Educação, Saúde, Segurança Pública. É uma prova do bom ambiente de negócios do Paraná. O cenário nacional ainda não é favorável ao investidor e a escolha pelo Paraná para receber o maior volume de recursos de uma empresa na América Latina é louvável. Mostra que trabalhamos de maneira célere e assertiva em todas as áreas para melhorar o Estado”, completou Bekin.
BOX 2
Primeira unidade muda realidade de Ortigueira
A Unidade Puma em Ortigueira foi inaugurada em 28 de junho de 2016. Produz, simultaneamente, celulose de fibra curta (eucalipto), celulose de fibra longa (pinus) e celulose fluff. Tem capacidade de produção de 1,5 milhão de toneladas/ano. Foram R$ 700 milhões em impostos na fase de investimento e R$ 300 milhões ao ano a partir da operação.
O investimento total foi de R$ 8,5 bilhões. A empresa tem 1,4 mil empregados.
Entre 2010 e 2016, o município viu seu Produto Interno Bruto (PIB) saltar de R$ 247,6 milhões para R$ 1,2 bilhão, o que representa variação nominal de 391,96%. Esta evolução se deve especialmente à implantação da nova fábrica da Klabin na cidade.
Em 2010, Ortigueira gerava 2.282 empregos com carteira assinada, de acordo com dados Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho. Em 2015, graças à construção da nova fábrica, esse número subiu para 8.620 empregos. O salário médio passou de R$ 897 para R$ 2.871 no período.
Em 2012, quando começaram as obras da fábrica, havia 41 indústrias em Ortigueira, volume que subiu para 70 em 2014. O número de estabelecimentos comerciais passou de 141 para 154 e de serviços de 80 para 91.