Inspirado por professora de Educação Financeira, aluno se prepara para abrir marcenaria

Montador de móveis desde os 14 anos, Leandro Matheus Capote de Quadros, de Tigabi, almeja ser dono de uma marcenaria, mas não acreditava, até o ano passado, que esse desejo poderia se concretizar — e agora sabe como dar primeiro passo.
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11/04/2023 - 11:02
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Faltam menos de dois meses para Leandro Matheus Capote de Quadros completar 18 anos e ele mal pode esperar. Chegar à maioridade, para o rapaz, significa a realização de um esperado sonho: a abertura de sua própria empresa. Montador de móveis desde os 14 anos, Leandro almeja, desde então, ser dono de uma marcenaria, mas não acreditava, até o ano passado, que esse desejo poderia se concretizar — e nem sequer sabia como dar o primeiro passo para alcançá-lo.

Diante da lousa de Maria Fernanda Calvento, os planos de Leandro começaram a lhe parecer cada vez mais palpáveis. “Essa matéria foi a minha motivação para pensar em seguir carreira com o empreendedorismo”, conta Leandro. “Aprendi como administrar uma empresa, a fazer a divulgação de serviços. Tenho certeza de que dessa forma meu empenho será bem recompensado”.

Argentina, natural de Buenos Aires, a professora mora no Brasil há 13 anos e atua há três na rede estadual de ensino do Paraná. Hoje, leciona no Colégio Estadual Irênio Moreira Nascimento, em Tibagi, na região dos Campos Gerais.

Assumir a disciplina de Educação Financeira foi um desafio que Maria Fernanda aceitou confiante. Ainda que fosse uma novidade em sala de aula — o conteúdo entrou para a matriz curricular do ensino médio do Estado em 2021 —, a professora já tratava com familiaridade dos assuntos relativos às finanças. 

Formada em Engenharia de Produção pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) de Londrina e com anos de experiência no setor financeiro (em especial, transporte internacional de mercadorias), ela se propôs a discutir com seus alunos temas tão temidos quanto matemática e dinheiro, com uma abordagem voltada ao cotidiano dos estudantes.

“Encontrei uma turma com poucas perspectivas, sem ferramentas para lidar com as obrigações de adulto. Quis mostrar que eles são capazes”, diz a professora.

Nessa turma, a de Leandro, ela ensinou desde tarefas básicas — como abrir uma conta no banco, usar o aplicativo bancário, montar um currículo e não se endividar, até atividades mais elaboradas, como fazer uma pesquisa de mercado e criar um plano de negócio para um empreendimento.

Em uma de suas aulas, Maria Fernanda descobriu que os estudantes não sabiam o que era uma conta-poupança. “Mandei eles quebrarem os porquinhos”, conta, e os incentivou a começarem a economizar dinheiro de outra forma.

Na semana seguinte, Leandro apareceu na aula dizendo que havia aberto uma conta-poupança. Na época, ainda não pensava em concretizar seu próprio negócio, mas tinha o plano de comprar uma moto.

Não tardou para que o estudante substituísse seu plano por outro maior, o de abrir a “L.M. Serviços Gerais”. Por conta própria, ele começou a pesquisar preços de ferramentas e demais custos para planejar a abertura de sua empresa. Quando tinha dúvidas, recorria à ajuda de Maria Fernanda. “Ele pergunta, é engajado. Tem um perfil bem empreendedor”, diz a professora.

Neste ano, ela já não encontra o estudante em sala de aula. Depois de lecionar Matemática e Educação Financeira, decidiu dar aulas de Pensamento Computacional, para ajudar os alunos a desenvolverem suas habilidades no mundo digital.

Leandro, que está no 3º ano do ensino médio, não frequenta essas aulas, mas continua sendo motivo de orgulho para a professora. “Toda dúvida que tenho, entro em contato com ela”, afirma o estudante. Ele já comprou trena, martelo e parafusadeira para os serviços demandados pelos primeiros clientes. Com o cartão de visitas em mãos, Leandro espera ansiosamente seu aniversário, no mês de maio, pronto para formalizar — e expandir — sua própria marcenaria.

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