Teve início nesta semana a segunda fase do diagnóstico da fauna ao longo do traçado por onde vai passar a malha da Nova Ferroeste – projeto de um grande corredor de transporte de grãos e contêineres do País, unindo Paraná e Mato Grosso do Sul. O estudo de impacto ambiental segue o Termo de Referência (TR) específico elaborado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Nesta fase, fica autorizada a captura, coleta e o transporte do material biológico (Abio) e a empresa a contratada para realizar o estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) está apta a fazer os levantamentos de campo.
A intenção é estudar as diversas tipologias vegetais, onde vivem comunidades específicas da fauna silvestre. Os técnicos e especialistas estão em campo analisando anfíbios, répteis, aves, mamíferos, peixes e espécies que fazem parte da ictiofauna (seres da comunidade aquática, invertebrados e que podem ser vistos a olho nu).
O Ibama selecionou Unidades Amostrais (UA) nas regiões mais representativas do traçado e levou em consideração a importância ambiental dos remanescentes de vegetação nativa. Ao todo, oito unidades foram selecionadas e ao longo do ano serão quatro campanhas de diagnóstico nestas UA.
Os estudos ambientais ligados à nova malha ferroviária avançam progressivamente. Todo o projeto foi desenvolvido para ter o mínimo possível de impacto socioambiental. Ao longo do traçado não haverá interceptação em comunidades indígenas, quilombolas ou em Unidades de Proteção Integral, por exemplo.
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SUSTENTÁVEL – Para o coordenador do Plano Estadual Ferroviário (GT Ferrovias), Luiz Henrique Fagundes, o projeto está bastante avançado e reforça que o projeto será verde e sustentável. “A sustentabilidade tem um peso muito importante em todo o projeto. Buscamos mitigar o máximo possível questões ambientais para que a Nova Ferroeste seja, de fato, uma ferrovia verde, que se preocupa com o desenvolvimento sustentável do País”, disse o coordenador.
Outra preocupação, destacou o Fagundes, é com a redução de conflitos urbanos. A orientação é para que os trechos da ferrovia evitem cruzar as cidades. Em Curitiba, por exemplo, os trilhos serão todos desviados, sem a passagem de trens por cruzamentos que podem gerar acidentes. “É, sem dúvida, uma iniciativa que vai deixar a capital paranaense muito mais segura, seja para motoristas ou pedestres”, afirmou.
FERROVIA – O projeto busca implementar o segundo maior corredor de transporte de grãos e contêineres do País, unindo Paraná e Mato Grosso do Sul, dois dos principais polos exportadores do agronegócio brasileiro. Apenas a malha paulista teria capacidade maior.
Pelo planejamento, será construída uma estrada de ferro entre Maracaju, maior produtor de grãos do Mato Grosso do Sul, até Cascavel, no Oeste Paranaense. De lá, o trem segue pelo atual traçado da Ferroeste com destino a Guarapuava – os 246 quilômetros de ferrovias atuais serão modernizados –, até se ligar a uma nova ferrovia que vai da região Central do Estado ao Porto de Paranaguá, cortando a Serra do Mar. Há previsão, ainda, de um novo ramal entre Cascavel e Foz do Iguaçu.
IMPACTO – De acordo com os técnicos responsáveis pelo estudo, a construção da ferrovia terá forte impacto positivo dentro da logística nacional, diminuindo custos e ampliando a capacidade de exportação.
A área de influência indireta abrange 925 municípios de três países. São 773 do Brasil, 114 do Paraguai e 38 da Argentina. No Brasil, impacta diretamente 425 cidades do Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, totalizando cerca de 9 milhões de pessoas. A área representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O documento aponta, entre outras vantagens, a estimativa de um aumento de 40% nas exportações de grãos e celulose com origem no Paraguai.
Iphan autoriza estudos em sítios arqueológicos no Mato Grosso do Sul
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) também autorizou o estudo que está sendo realizado por arqueólogos na área do traçado da ferrovia. A decisão foi publicada em Diário Oficial da União no dia 17 de fevereiro. Porém, a autorização dos estudos não corresponde à manifestação conclusiva do Instituto para o licenciamento ambiental, que deverá ainda passar pela aprovação da Superintendência Estadual do MS.