O fenômeno climático La Niña deve permanecer ativo durante o período da safra 2021-2022, que começa a ser semeada. O fenômeno se caracteriza pela diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico equatorial, o que provoca alterações nos padrões de chuva e temperatura em todo o planeta, explica Heverly Morais, agrometeorologista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná — Iapar-Emater (IDR-Paraná).
Para o Paraná, essa situação se reflete em um alto risco de chuvas em quantidade inferior ao esperado e mal distribuídas ao longo da estação, intercaladas com longos períodos de estiagem. Variações bruscas de temperaturas do ar também são esperadas, assim como a ocorrência de temporais, ventos fortes, granizo e incidência de raios.
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“Nesse contexto de chuvas irregulares e abaixo do esperado para a estação, pode haver situações que atrasem a semeadura, causem germinação desuniforme das sementes, crescimento inadequado de plantas e que comprometam a produtividade”, aponta.
Além da convivência com a crise hídrica, ela alerta, ainda, para eventuais impactos de eventos meteorológicos extremos, como ondas de calor, em virtude das altas temperaturas previstas para o período da safra.
RECOMENDAÇÕES – Para as culturas de grãos – soja, milho e feijão – a agrometeorologista recomenda utilizar sementes de qualidade, diversificar as cultivares e atentar para que tenham diferentes ciclos, escalonar a semeadura nos talhões, não extrapolar a população de plantas recomendada pela assistência técnica e cuidar do equilíbrio nutricional e da sanidade das lavouras.
O cultivo e a incorporação de plantas de cobertura em sistema de plantio direto é outra prática enfaticamente indicada pela pesquisadora. “Essa técnica melhora os atributos físicos e químicos do solo, favorece o aumento de infiltração da água, aprofunda as raízes da cultura, reduz a temperatura e a evaporação do solo e mantém a água disponível para as plantas em períodos de estiagem fraca e moderada”, explica.
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A pesquisadora lembra, ainda, que culturas como café, cana-de-açúcar, mandioca e frutíferas correm alto risco de serem prejudicadas pela má distribuição das chuvas ao longo da estação. “As altas temperaturas podem ainda afetar as hortaliças, sobretudo as folhosas. Olerícolas demandarão muita irrigação — um desafio diante dos baixos níveis dos mananciais como rios, riachos, lagos e nascentes”, conclui.