O Governo do Estado entregou nesta segunda-feira (23) a representantes da Defesa Civil do Estado e da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) um documento para subsidiar os órgãos que deliberam sobre problemas em terrenos assentados sobre a formação geológica denominada Guabirotuba, ou seja, formação constituída por sedimentos, principalmente argilas e areia.
Apresentado pelo secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest), Everton Souza, o estudo tem recomendações de como devem ser ocupadas as áreas sobre os solos oriundos da formação rochosa. Nestes locais, intervenções de forma inapropriada podem acarretar problemas nas construções, além de erosão e assoreamento de drenagens.
Trata-se de uma sequência do estudo Geológico feito pela Divisão de Geologia do Instituto Água e Terra (IAT) em diversas regiões do Estado.
“A Região Metropolitana de Curitiba teve um destaque nesse mapeamento porque entendemos que é um local com crescimento contínuo”, disse o secretário. “Esse material é fundamental para auxiliar os órgãos competentes, como a Defesa Civil e a Comec, na elaboração de projetos estruturantes e prevenção de acidentes naturais”.
O material foi elaborado a partir de levantamentos de campo, sondagens e ensaios de laboratório. O objetivo foi caracterizar o meio físico com foco no substrato rochoso e nas coberturas inconsolidadas. É um estudo que oferece embasamento para o planejamento urbano, como planos diretores, planos de desenvolvimento urbano integrado (PDUI), além do ordenamento territorial, como loteamentos e licenciamentos.
Além da Comec e da Defesa Civil, o material será consultado por prefeituras, em decisões e avaliações internas do Instituto Água e Terra (IAT), e também servir de base para estudos executados por empresas particulares.
“Este trabalho é resultado de uma importante sinergia entre órgãos do Governo do Estado, que há mais de 30 anos vêm aperfeiçoando estes estudos e deixando um verdadeiro legado para nossa região, que ao mesmo tempo vive uma pressão imobiliária, tornando nossa obrigação garantir este crescimento de forma ordenada, sustentável e, principalmente, segura”, disse o presidente da Comec, Gilson Santos.
GUABIROTUBA – A formação Guabirotuba é a que possui características geológicas consideradas problemáticas para a ocupação urbana, entre todas as unidades geológicas presentes na Região Metropolitana de Curitiba.
Os solos e sedimentos encontrados na região são constituídos por argilitos, arenitos e arcóseos, ou seja, material formado por depósitos pouco consolidados, localmente endurecidos por impregnações calcíferas.
Segundo o chefe da Divisão de Geologia do IAT, Luciano Cordeiro de Loyola, os sedimentos encontrados foram mapeados em dois grupos: o da caulinita e o da esmectita. De acordo com o estudo, nos locais onde a argila é esmectitia, existe o risco à vida humana, diante de construções urbanas, pois a argila se desagrega facilmente e, quando fica exposta, produz sulcos e erosão.
“Essas formações podem acarretar em graves problemas ambientais com a construção de loteamentos, como erosão, deslizamento natural e antrópico, assoreamento de rios e planícies aliviais”, disse Loyola.
O estudo também apresenta o Mapeamento Geológico-Geotécnico, Setorização de Riscos e Organização de Dados na Região Metropolitana de Curitiba, lançado em 2021 com informações baseadas pelo extinto Instituto de Terras, Cartografia e Geologia (ITCG) e hoje incorporado ao IAT.
O documento representa um importante instrumento também para a prevenção de acidentes com causas naturais, trabalho realizado pela Defesa Civil do Estado. Com ele, é possível identificar áreas suscetíveis a eventos geológicos ou hidrológicos perigosos.