Hospital de Livros muda vida de detentos em Ponta Grossa

Em três anos de projeto, mais de 6 mil exemplares já foram recuperados para bibliotecas penais e escolas municipais. Projeto também já ilustrou e imprimiu alguns cordéis e recebeu prêmio de boas práticas.
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03/02/2020 - 10:00

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Conhecido como Hospital de Livros, o setor de recuperação de publicações, instalado na Penitenciária Estadual de Ponta Grossa (PEPG), já recuperou cerca de 6 mil exemplares de bibliotecas penais, escolas municipais e do Instituto Pegaí – Leitura Grátis. Além das restaurações, o projeto também já ilustrou e imprimiu alguns cordéis, recebeu prêmio de boas práticas e tem mudado a vida de detentos da unidade.

Com o objetivo de proporcionar aos presos uma oportunidade de profissionalização e remição de pena, o Hospital de Livros restaura exemplares danificados e os disponibiliza novamente à comunidade. “O projeto também tem a finalidade de recuperar obras literárias, muitas vezes abandonadas e destruídas pelo desgaste natural ou pela má utilização”, destaca o vice-diretor da PEPG, William Daniel de Lima Ribas.

O canteiro foi implantado em junho de 2016, após a realização de uma oficina de restauração, que, na época, formou sete presos. “Funcionou inicialmente apenas como apoio ao Projeto Pegaí - Leitura Grátis, mas tem se estendido para apoiar outras Instituições e outros projetos”, afirmou Ribas. Hoje, já são 47 restauradores e, somente no ano de 2019, foram restaurados 1.835 livros e produzidos 886 cordéis.

Ainda em 2016, os presos receberam a missão de ilustrar o primeiro cordel, de autoria do escritor pernambucano Josué Limeira. Mais de mil exemplares da obra foram impressos na própria unidade. Outras duas obras do mesmo tipo também estão sendo confeccionadas no Hospital de Livros. “O Cordel, aliás, foi criado com o objetivo de divulgar o projeto todo”, contou Ribas.

RESTAURAÇÃO - Os livros, segundo o vice-diretor da unidade, chegam ao Hospital com os mais diversas problemas e, muitas vezes, precisam, inclusive, de uma nova capa. “Quando não é possível a recuperação da capa original, o livro ganha uma nova, desenhada pelos presos do canteiro, que, para fazer a ilustração, precisam ler o conteúdo e conhecer a história, o que estende o acesso à cultura”, afirma.

Segundo o vice-diretor da PEPG, para viabilizar o projeto, logo no início, o Instituo Pegaí disponibilizou à unidade todo o equipamento necessário para o trabalho, como papel, caneta, cola, guilhotina e prensa. No ano passado, o Sistema de Controle de Execuções Penais (Siscopen) doou computador, impressora, máquina fotográfica e outros materiais de restauração. “A ideia é que os equipamentos ajudem a aperfeiçoar o nosso sistema de restauração de livros”, explica Ribas.

RECONHECIMENTO - Mais de 800 pessoas, entre professores e estudantes universitários da região, escritores e autoridades, já visitaram as instalações do Hospital de Livros, que também recebeu menção honrosa no 3º prêmio Boas Práticas em Gestão, promovido pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe).

Além disso, recentemente, a unidade foi convidada pela Secretaria Municipal de Educação de Ponta Grossa a expôr seus trabalhos na Feira do Livro. “Isso possibilitou a divulgação do projeto para inúmeras pessoas que visitaram o estande”, destaca Ribas.

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