O traçado da Nova Ferroeste vai entrar no Paraná, vindo do Mato Grosso do Sul, por Guaíra. Por causa do novo modal, a cidade da Região Oeste antecipou o planejamento e os investimentos. O município espera finalizar ainda neste ano um plano diretor completamente remodelado, alicerçado em quatro obras estruturantes.
A principal delas é justamente a ferrovia que vai escoar a produção do Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, além de Paraguai e Argentina. A revitalização da Ponte Ayrton Senna, a construção do contorno rodoviário da cidade e a criação de uma zona franca no município completam o conjunto de ações. Segundo o planejamento, Guaíra deve receber ainda um terminal de transbordo dentro do projeto da Nova Ferroeste.
Idealizado pelo Governo do Paraná e com apoio do Governo do Mato Grosso do Sul, o novo corredor de exportação está em fase final de estudos de traçado e demanda. Serão 1.285 quilômetros ligando Maracaju (MS) ao Porto de Paranaguá. O grupo de trabalho criado para desenvolver o projeto, com técnicos dos dois estados, vistoriou Guaíra nesta quarta-feira (24). A agenda contemplou também uma reunião com o prefeito do município, Heraldo Trento.
Ainda não há definição de valor final para a construção justamente pelo projeto estar em fase preliminar. A expectativa, contudo, é colocar a ferrovia em leilão na Bolsa de Valores do Brasil (B3), com sede em São Paulo, até novembro de 2021. O consórcio que arrematar a concessão será responsável pelas obras.
“Por uma feliz coincidência, Guaíra está planejando o futuro por meio desta peça que é de fundamental importância, o plano diretor. Estamos pensando em curto, médio e longo prazo. E, claro, iremos contemplar a Ferroeste. É algo falado há mais de 30 anos, mas que só agora está evoluindo. E evoluindo a passos largos", afirmou o prefeito do município.
Ele destacou que o setor produtivo de Guaíra está totalmente mobilizado no apoio à construção da ferrovia. De acordo com os estudos preliminares, o eixo férreo vai reduzir em média em 27% o custo dos empresários para exportar, dando mais competitividade ao mercado local. “Estamos à disposição para colaborar, tanto o Poder Público quanto a sociedade social. É um projeto que envolve muita gente, e todos estão empenhados em fazer com que saia do papel o mais rapidamente possível”, ressaltou Trento.
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O prefeito disse ainda que Guaíra já recebeu a liberação para a implantação de uma área de livre comércio na cidade. Segundo ele, os turistas poderiam gastar até determinado limite de valor no local na compra de mercadorias sem pagar imposto, criando uma alternativa ao comércio de mercadorias vindas do Paraguai. Empresários nacionais e internacionais, ressaltou, já estão procurando a prefeitura para se instalar na cidade.
“Será uma expansão muito grande no município, que será puxada justamente pela ferrovia. Acredito que em 10, 12 anos a população de Guaíra vai triplicar, passando de 100 mil habitantes”, afirmou. Segundo o IBGE, Guaíra conta atualmente com pouco mais de 33 mil moradores.
CONTORNO – Outra obra importante destacada pela administração municipal é a construção do contorno da cidade. O eixo rodoviário terá 4,6 quilômetros de extensão. Vai da BR-163 (acesso ao Mato Grosso do Sul), logo na primeira saída da ponte, à BR-272 (ligação com Umuarama). É uma antiga reivindicação de Guaíra, que enfrenta problemas no trânsito e dificuldades de manutenção da Rua Oswaldo Cruz e da Avenida Almirante Tamandaré (trechos municipalizados da BR-163), que recebem o fluxo intenso de caminhões.
Pelo projeto, o fluxo será canalizado numa via de pista dupla que sai da BR-163, na altura da rotatória perto do posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), passando pelos fundos do Parque Anhembi, dos bairros Vila Gianete e Santa Paula e da Avenida Martin Luther King, e alcançando a BR-272 na altura da Subestação Guaíra.
O valor do investimento será de R$ 65.845.507,26, sendo R$ 61.398.330,63 da Itaipu e R$ 4.447.176,63 do Governo do Estado.
PONTE – Guaíra se prepara para modernizar a Ponte Ayrton Senna, que liga o município e o Paraná ao Mato Grosso do Sul. A intervenção contempla restauração (patologias, sinalização e dispositivos de segurança) do trecho de 3,6 quilômetros da ponte sobre o Rio Paraná, recuperação asfáltica de 1,1 quilômetro de acessos entre o fim do perímetro urbano de Guaíra e o início da ponte e substituição da iluminação (serão 134 novos postes fotovoltaicos autônomos).
O valor do investimento será de R$ 26.171.923,85, também convênio com Itaipu. Desde sua inauguração, em 24 de janeiro de 1998, a Ponte Ayrton Senna vem sendo o principal elo logístico socioeconômico entre Paraná e Mato Grosso do Sul. A ligação promoveu a integração das fronteiras agrícolas das regiões Norte e Centro-Oeste com a região Sul do País, algo que será complementado com a contribuição da Nova Ferroeste.
“Guaíra é um dos principais pontos da Nova Ferroeste, um projeto transformar que vai mudar o Paraná, o Mato Grosso do Sul e, claro, Guaíra”, reforçou o diretor-presidente da Ferroeste e um dos coordenadores do grupo de trabalho, André Gonçalves.
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MUNDO NOVO – Além de Guaíra, a comitiva da Nova Ferroeste visitou Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul. Os técnicos apresentaram na Câmara de Vereadores da cidade o estudo de demanda e traçado elaborado para a ferrovia.
Município prioritariamente agrícola, Mundo Novo ambiciona receber um terminal de transbordo. “A cidade toda está mobilizada para isso. A Nova Ferroeste e a construção do terminal têm apoio integral da população de Mundo Novo", disse o prefeito da cidade, Valdomiro Brischiliari.
FERROVIA – O projeto busca implementar o segundo maior corredor de transporte de grãos e contêineres do País, unindo dois dos principais polos exportadores do agronegócio brasileiro. Apenas a malha paulista teria capacidade maior.
A área de influência indireta abrange 925 municípios de três países. São 773 do Brasil, 114 do Paraguai e 38 da Argentina. No Brasil, impacta diretamente 425 cidades do Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, totalizando cerca de 9 milhões de pessoas. A área representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
A expectativa, de acordo com os técnicos, é que pela Nova Ferroeste seja possível o transporte de 54 milhões de toneladas por ano – ou aproximadamente 2/3 da produção da região. 74% seriam de cargas destinadas para a exportação.
AGENDA – O quarto e último dia da vistoria do comitê da Nova Ferroeste, nesta quinta-feira (25), prevê visitas a pontos do atual traçado da ferrovia, que será remodelado dentro do pacote de obras, e ao atual terminal de transbordo de Cascavel. Os técnicos farão ainda uma apresentação ao setor produtivo do município.