Um investimento de cerca de R$ 3,2 milhões do Governo do Estado em Guaíra, no Oeste do Paraná, está transformando o principal acesso ao município. Estão em obras desde julho deste ano as revitalizações de duas grandes avenidas e a construção de um parque urbano. Os principais objetivos são dividir o tráfego pesado da rodovia federal BR-163 e solucionar um problema de drenagem das águas da chuva, além de oferecer uma nova alternativa de lazer e entretenimento para os moradores.
A cidade tem três grandes novelos viários e as intervenções atuais estão em andamento no trevo de entrada, onde a BR-163 se transforma em via urbana e encontra a BR-272, que traz o fluxo comercial e turístico de Maringá e Umuarama.
Guaíra é uma das portas de entrada do Paraná para quem vem do Mato Grosso do Sul e do Norte do Brasil e é um entreposto do trânsito de caminhões entre o Centro-Oeste e o Porto de Paranaguá, tanto que a BR-163 encontra, 150 quilômetros depois, a BR-277, principal corredor de exportações do Estado.
As duas avenidas que estão sendo revitalizadas formam uma espécie de V a partir da entrada do município. Elas permitem que os carros leves, que não precisam fazer a ligação com a ponte e o estado vizinho, desviem a rodovia federal para alcançar o Centro, deixando a BR-163 com a exclusividade do trânsito pesado. Esse atalho também abraça o novo parque em implantação atrás da Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
“É uma transformação gigante no município e que dialoga com mobilidade urbana, desenvolvimento sustentável e qualidade de vida da população. A ideia do parque gera autoestima, influi na diversão das pessoas, e ajuda a transformar o sentimento de quem acessa o Paraná pela primeira vez, vindo do Mato Grosso do Sul”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “É uma intervenção que ficará marcada na história de Guaíra”.
A ideia urbanística surgiu de maneira inusitada. Técnicos da Prefeitura de Guaíra subiram no topo do edifício mais alto do município e tentaram arquitetar de maneira instintiva uma solução para essa região conturbada pela confluência do trânsito do acesso principal de Guaíra. E o que surgiu como um projeto de desvio encontrou investimento do Estado em um parque, diante do recém-criado Programa de Parques Urbanos, da secretaria estadual de Desenvolvimento Sustentável e do Turismo.
“O intuito é ter uma entrada moderna, com pavimentação, iluminação com LED, jardim, calçadas acessíveis, dentro das normas mais completas de desenvolvimento urbano. Essa mesma área tem uma UPA e tinha um parque muito antigo, era uma região que precisava de uma solução para as águas da chuva, por isso o complemento do projeto do Parque Fundo de Vale”, explica o engenheiro civil Luiz Mitsuo Shiomi, secretário Municipal de Planejamento. “É a união perfeita de várias soluções com desenvolvimento sustentável”.
A revitalização completa, inclusive, deu novo nome definitivo ao bairro, que passou a se chamar Parque do Lago. “É uma região que invariavelmente vai atrair novos centros comerciais. Guaíra é uma cidade que pode possuir lojas francas e essa revitalização deve ajudar na construção de uma cidade ainda mais aberta depois da pandemia provocada pelo novo coronavírus”, acrescenta o secretário estadual de Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Márcio Nunes.
AVENIDAS – A Rua Albino Guzella é a nova porta de entrada dos carros. As obras de pavimentação e revitalização englobam 1,1 quilômetro de comprimento por 9,5 metros de largura. O investimento estadual nessa via é de R$ 721.809,01. Ela começa ao lado de um novo condomínio de casas, com canteiro de palmeiras no meio, e, em linha reta, termina na prefeitura, na Igreja Matriz, na Câmara Municipal e no Fórum.
Antes disso, no entanto, ela encontra a Avenida Marginal em uma rotatória. Essa segunda via tem 1,6 quilômetro de comprimento por 6,5 metros de largura e conta com um córrego no meio. Ela será o principal acesso ao Parque Fundo de Vale. O investimento nela é de R$ 744.215,22. O V é justamente essa conexão entre as duas, ligações alternativas com a BR-163.
As pavimentações poliédricas começaram a ser substituídas por pavimentação asfáltica em julho e a expectativa é de conclusão até dezembro. A Secretaria de Infraestrutura e Logística disponibilizou cerca de R$ 1 milhão para cada obra, mas as licitações ocorreram em valores inferiores. Ainda há contrapartida municipal nos dois contratos.
A Rua Albino Guzella começa depois de alguns metros percorridos na BR-163, na frente da sede da Cooperativa Integrada, e o projeto futuro é ligá-la ao trevo principal, o que a transformará, efetivamente, em uma nova entrada. A Avenida Marginal ainda receberá uma conexão com uma rua vicinal, ao lado do parque, também asfaltada, para facilitar o trânsito dos carros em direção ao local de lazer.
“Investimento em pavimentação gera mais qualidade de vida. O Governo do Estado é o principal financiador desse projeto que integra melhor a população e separa, de uma vez por todas, o trânsito leve e o trânsito pesado, evitando acidentes e inúmeros percalços no dia a dia do município”, afirma o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex. “Tivemos auxílio da Assembleia Legislativa nesse projeto, é uma parceria para impulsionar o desenvolvimento da cidade”.
Esse investimento está dentro de um pacote de 174,5 quilômetros de revitalizações em avenidas e ruas de 55 municípios do Paraná. As obras contemplam, ao todo, 64 recapes ou pavimentações, cinco pavimentações poliédricas – Pinhalão, Prudentópolis, Araruna, Marumbi e Leópolis – e uma pavimentação em bloco sextavado em Santa Isabel do Ivaí.
PARQUE – O Parque Fundo de Vale é fruto de um convênio de R$ 1.789.016,07 do município com o Instituto de Água e Terra (IAT), vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e do Turismo. Ele vai substituir uma antiga área verde que contava com um pequeno lago e nenhuma estrutura para diversão.
O novo lago tem um formato bem mais amplo com pista de caminhada ao redor, projeto de arborização com ipês, jacarandás e palmeiras, letreiro do município, parque de diversão, uma península para observação dos peixes, iluminação com LED e novo estacionamento.
Atualmente os trabalhos englobam o aprofundamento e o nivelamento do lago, além de terraplanagem nas áreas que receberão a pista de caminhada. As obras atingiram 14% no começo de agosto e a previsão de conclusão é no final do ano. Visto de cima o lago do parque lembra o formato dos pulmões do corpo humano com a península unindo os dois lados, doce semelhança ao potencial de uma área arborizada num município.
Esse novo parque também é uma solução para vários problemas urbanos, como contenção das cheias, ação erosiva, ocupação irregular e depósito de lixo. Ele é um dos 46 inseridos no Programa Estadual de Parques Urbanos, inédito no Paraná.
“A ideia é revitalizar áreas degradadas, onde existem córregos ou algum recurso hídrico. Essa transformação evita a ocupação irregular, a transformação de área de lixão, e é uma zona de contenção de alagamento. Ele serve como bacia de contenção de cheia para que as águas não se espalhem, com gramas e vegetação permeável”, afirma Tatiana Nasser, arquiteta e urbanista do IAT. “Esses parques também criam distanciamento de ocupação, melhoram a cidade e são fundamentais para lazer, turismo e entretenimento”.
NOVO CONCEITO – O parque e os acessos vão ajudar Guaíra a transformar em rotina um novo conceito que está sendo propagado com obras e ações, em parceria com o Governo do Estado. A cidade era taxada de “fim de Paraná” tenta emplacar cada vez mais a visão de “entrada do Paraná”, como Foz do Iguaçu e as cidades mais ao Norte na divisa com o Mato Grosso do Sul (Porto Camargo e Porto Rico).
“O Governo do Estado investiu muito em segurança pública nos últimos anos. Temos uma terra muito produtiva e estamos remodelando a infraestrutura e os acessos municipais”, complementa Sinomar Maria Neto, secretário municipal de Agropecuária, Infraestrutura e Meio Ambiente. “Guaíra tem um potencial turístico e comercial ainda inexplorado, e essa iniciativa pode marcar o início de um novo ciclo de prosperidade”.
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Drenagem também chega a Bela Vista, localidade rural de Guaíra
A localidade rural de Bela Vista, em Guaíra, próxima ao município de Mercedes, também investe em drenagem. O Instituto de Água e Terra doou 2,9 mil metros de tubos para o município para implementar galerias pluviais. O objetivo é ajudar no controle das águas das chuvas para, num segundo momento, fazer a pavimentação.
Somente no ano passado o Instituto Água e Terra (IAT) entregou cerca 40 quilômetros lineares de tubos de concreto e até o final de 2020 a previsão é que sejam instalados mais de 70 quilômetros de galerias com os convênios que estão em andamento. As tubulações são “obras enterradas” que eliminam os focos de transmissão da dengue, o mau cheiro das valas a céu aberto, melhoram a paisagem urbana e controlam a ação erosiva.
“Os prejuízos causados pela chuva são inestimáveis em cidades sem infraestrutura. Elas destroem propriedades e a qualidade de vida das famílias. As galerias acabam com alagamentos e vias esburacadas. Com a canalização, a água segue um fluxo controlado para os emissários, sanando demandas antigas da população”, afirma Everton Luiz da Costa, presidente do IAT. “É uma prioridade de investimento nos municípios”.
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Programa de Parques Urbanos dá nova cara aos municípios do Paraná
Os 46 parques urbanos que estão em construção no Paraná reúnem investimento de R$ 46.829.371,46 da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e do Turismo. A iniciativa, inédita no Estado, incentiva a criação de parques em regiões de fundo de vale ou áreas com ações erosivas. Uma das características comuns é proteção de Áreas de Preservação Permanente Ecológica (APP).
“São obras de um programa multifuncional. Esses parques urbanos são novos pontos turísticos, lugares de lazer para as famílias paranaenses, mas, principalmente, são exemplos de preservação ambiental. Estamos cuidando da erosão, da sustentabilidade das cidades. Nenhum outro ente da federação tem programa com esse alcance”, afirma Márcio Nunes, secretário estadual de Desenvolvimento Sustentável e do Turismo.
“Temos uma preocupação muito grande com fundos de vale em áreas urbanas. Elas geram ocupações e desmatamentos irregulares. Revitalizar e dar dinâmica de uso a essas áreas é um dos objetivos do IAT. A drenagem urbana precisa funcionar e os parques funcionam para dar fluxo dinâmico para as águas”, complementa o presidente do IAT, Everton Luiz da Costa.
Para a criação de um parque urbano, os municípios devem identificar as áreas com características de fundo de vale ou com ações erosivas e apresentar um pré-projeto ao IAT. Após a aprovação do projeto é firmado um convênio para o repasse financeiro. É necessário que o município obtenha a licença ambiental e a outorga ou dispensa de outorga, emitidas pelo mesmo órgão.
“Essa iniciativa faz com que a população ocupe esse espaço para prática esportiva, para caminhadas, para cuidados com a saúde. A gente nota no Interior o pessoal caminhando em rodovias, em lugares perigosos, na beira da estrada. São muitos ganhos em apenas uma intervenção”, resume Costa.
Para ajudar os municípios, o IAT chegou a fazer um documento com orientações técnicas sobre a construção dos parques. Em linhas gerais, o manual ajuda as gestões a encontrarem, de maneira criteriosa, os espaços degradados que precisam dessa intervenção, além de auxiliar no desenho do projeto.
“A implantação de parques urbanos ao longo das áreas de fundo de vale surge como uma alternativa de minimização dos impactos negativos da expansão urbana e controle de cheias, transformando o espaço antes mal utilizado em equipamento público de lazer e a manutenção dos recursos hídricos presentes”, arremata Tatiana Nasser, arquiteta e urbanista do IAT. “Estamos transformando a realidade dos municípios”.
CIDADES – Além de Guaíra, foram contempladas com parques Sapopema, Juranda, Alto Paraíso, Andirá, Araruna, Boa Vista de São Roque, Brasilândia do Sul, Campo Mourão, Cruzeiro do Iguaçu, Formosa do Oeste, Jardim Olinda, Jussara, Kaloré, Laranjal, Mangueirinha, Maria Helena, Marilena, Maringá, Marumbi, Nova Olímpia, Perobal, Primeiro de Maio, Santa Isabel do Ivaí, Santa Mônica, São João, São Tomé, Tapejara, Umuarama, São João do Ivaí, Moreira Sales, Ventania, Cidade Gaúcha, Corumbataí do Sul, Itaguajé, Pitanga, Janiópolis, Campina da Lagoa, Diamante do Norte, Nova Londrina, Terra Rica, Rondon, Altônia, Cruzeiro do Oeste, Ampere e Quatro Barras.