Governo lança
rede de laboratórios
de biogás

O Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação Energias Renováveis – Biogás foi lançado nesta sexta-feira em cerimônia online. O objetivo é efetivar a produção do biogás e as energias originadas das suas aplicações e de seus derivados por meio da criação de uma rede estadual.
Publicação
08/05/2020 - 18:00

Confira o áudio desta notícia

Em cerimônia online foi lançado nesta sexta-feira (8) o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Energias Renováveis – Biogás. O objetivo é efetivar e perenizar a produção do biogás e as energias originadas das suas aplicações e de seus derivados, por meio da criação de uma Rede Paranaense de Laboratórios de Biogás (Labiogás-PR). Rede que será organizada e articulada conjuntamente pela Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), Fundação Araucária, Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Secretaria da Agricultura e Abastecimento, e pelo Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás).

A Rede Labiogás contará com um investimento de R$ 750 mil, a ser disponibilizado pela Fundação Araucária. O Plano de Trabalho, que inclui o desenvolvimento de uma plataforma digital para gestão da rede, implantação do laboratório experimental de biogás no Tecpar e estabelecimento de cooperação com a Universidade de Hohenheim na Alemanha, será desenvolvido em 18 meses.

O superintendente da Seti, Aldo Bona, disse que a partir da rede Labiogás-PR será possível articular os diversos ativos do Estado nesta área, tanto em termos de recursos humanos quanto de estrutura física existente, presentes no poder público estadual e na iniciativa privada, que podem potencializar a ação do Estado no setor de energias renováveis.

“Sabemos que o Paraná tem um conjunto importante e volumoso de matéria-prima que permite a transformação e utilização da produção de biogás e que, portanto, também resolvem o problema de adequada destinação de resíduos orgânicos extraindo deles o melhor em favor do desenvolvimento sustentável”, disse Aldo Bona. Segundo ele, é possível com essa tríplice hélice, unindo o poder público, a academia e a iniciativa privada, agregar as potencialidades existentes em cada uma das unidades que compõem essa rede de modo a favorecer não só a produção como a criação de uma política específica para o incentivo à produção de biogás no Paraná.

O presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig, falou da importância de fortalecer a articulação institucional e apoiar os ativos técnico-científicos, professores e especialistas para oferecer apoio técnico às diversas cadeias de suprimento do Biogás.

“Temos um dos sistemas de ciência e tecnologia mais bem distribuído em todo o Estado, se compararmos com a estrutura de outras regiões do país”, afirmou. Disse que o Paraná tem uma relação doutor/habitantes de quase 20 doutores para cada 100 mil habitantes. “Uma das melhores do país”, disse. “Por isso, alinhados ao Plano de Governo do Estado, adotamos esta estratégia de trabalhar com os Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação para fortalecer estes ativos. Temos certeza que podemos formar, também na área de biogás, uma das maiores forças-tarefas de trabalho”, acrescentou.

O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, reafirmou o grande potencial que o Paraná tem na área de biogás e que muito está sendo desperdiçado. “Precisamos evoluir no setor de energias renováveis e esta integração entre as instituições é o caminho para avançarmos”, disse o secretário. “Esta é uma fonte de energia com um potencial muito grande de inclusive gerar riquezas aos pequenos produtores rurais e nós vamos a campo para estimular os agricultores a investirem nesta ideia”.

O diretor-presidente do Tecpar, Jorge Callado, explicou que o termo de cooperação assinado entre as instituições envolve, da parte do instituto, o credenciamento e certificação dos laboratórios que irão compor a Rede Paranaense de Laboratórios de Biogás e o desenvolvimento da plataforma digital para manutenção e monitoramento dos dados gerados.

Segundo ele, a parceria com instituições de referência irá promover o compartilhamento de informações estratégicas para o fortalecimento da cadeia de energia renováveis no Paraná. “Para isso, o Tecpar irá disponibilizar instalações e equipamentos, além de sua experiência na área, para apoiar o setor de biogás”.

NAPI - Como estratégia de apoio à Rede Labiogás-PR, optou-se pela constituição de um Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação. A criação de NAPIs está prevista no Plano de Gestão 2019-2022 da Fundação Araucária visando essencialmente o fortalecimento dos ecossistemas de inovação de interesse do Estado.

Ao explicar a modalidade de trabalho dos NAPIs, o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa, destacou que o setor de energia caracteriza-se como estratégico para o desenvolvimento do Paraná. “A escassez de energia ou a incapacidade de aumentar a produção para acompanhar o crescimento econômico é um desafio maior para uma política de Estado”, disse ele. Lembrou que o Paraná possui a sua matriz energética baseada na hidroeletricidade (94,4%), mas tem potencial para explorar as demais fontes renováveis de energia e garantir o suprimento energético demandado. “Daí a importância de criarmos o NAPI Energias Renováveis – Biogás”.

BIOGÁS - O biogás é um dos produtos de valor econômico produzido em operações de saneamento ambiental a ser utilizado na biodigestão anaeróbica de resíduos orgânicos.

Além do valor energético em si, que pode integrar a matriz energética do Estado como fonte renovável de energia, em aplicações elétrica, térmica e combustível, o biogás, já na origem, há expressivo ganho ambiental. Tanto no saneamento urbano, como no mais importante setor econômico do Estado, o agroindustrial, o biogás possibilita a esses setores encontrar retorno econômico dos investimentos, possibilitando realizar o tratamento sanitário de resíduos orgânicos. Isso reduz a poluição hídrica e de emissões de gases do efeito estufa.

O diretor-presidente do Cibiogás, Rafael González, reforça que o Paraná é um dos estados com maior potencial de produção de biogás no Brasil e afirma que a criação e o desenvolvimento do NAPI representam um posicionamento de caráter progressista e inovador por parte do Governo do Estado. “Valorizar o biogás e os estudos para promover tecnologia e viabilidade econômica desta fonte, empreende valor ao setor do agronegócio como propulsor de práticas sustentáveis, tanto economicamente quanto relacionado ao desenvolvimento social e tratamento de resíduos orgânicos. Com isso, o Paraná acompanha tendências mundiais em avanço e modernização da matriz energética nacional”, afirmou.

De acordo com a nota técnica Panorama do Biogás no Brasil de 2019, o Paraná é o terceiro estado que tem maior volume de produção de biogás no país, com 110 plantas operando com fins energéticos.

Participaram do evento, que contou com 130 pessoas, representantes das universidades estaduais e federais, Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Senai, Sebrae, Fiep, Sanepar, Copel, Biopark, Embrapa, Iapar, Paranacidade, Parque Tecnológico Itaipu, Portos do Paraná, Faep, Compagás, InvestPR, Abiogás, PUCPR e Unesp.

GALERIA DE IMAGENS