O Programa Paranaense de Apoio à AgroPesquisa e Formação Aplicada em Rede está na fase de finalização de 26 pesquisas. A iniciativa é uma parceria do Governo do Estado, por meio da Fundação Araucária e Superintendência de Ciência, Tecnologia, com o Senar Paraná. Um dos principais objetivos desta chamada pública é apoiar atividades de pesquisa e desenvolvimento em redes colaborativas ligadas à AgroPesquisa paranaense. Os projetos receberam investimento total de R$ 8.199.598,36.
O programa teve origem em um levantamento realizado em todas as regiões do Paraná, a partir do qual técnicos, pesquisadores, extensionistas e produtores rurais demandaram uma resposta sobre os métodos de conservação de solos adotados no Estado. Os parceiros se uniram e propuseram essa ação em rede, que é interdisciplinar, abrangendo instituições de ensino e pesquisa.
“Essa ação tomou uma proporção tão grande que hoje este edital pode ser considerado o maior estudo sobre conservação de solos do mundo”, diz a secretária executiva da Rede AgroPesquisa e Formação Aplicada, Flaviane Marcolin de Medeiros. "O estudo contempla as especificidades dos solos de cada região do Estado e, com certeza, responderá todos os questionamentos levantados pelos produtores rurais no início da Rede”.
O edital também promoveu o desenvolvimento de novos procedimentos que orientem práticas agrícolas no Paraná e propiciou a definição de critérios técnicos de sistemas conservacionistas para redução de perdas de água nos diversos solos, manejos, climas e cultivos regionais do Estado.
“Esta área de estudo foi colocada como prioritária pelo Governo do Estado e pelo Conselho de Ciência e Tecnologia. A contribuição de todos os pesquisadores aqui envolvidos é fundamental”, explica o diretor Científico, Tecnológico e de Inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa.
- Programa de apoio à propriedade intelectual inicia fase de mentoria
- Paraná tem aprovação recorde em edital de empresas incubadas
CENTRO-SUL DO PARANÁ – O manejo e conservação do solo na região Centro-Sul do Paraná é um dos projetos desenvolvidos a partir do edital, tendo como coordenador o professor Cristiano André Pott.
O objetivo é monitorar e quantificar o escoamento superficial de água e a carga de sedimento e de nutrientes em diferentes sistemas de manejo e conservação do solo em sistema plantio direto. A área de estudo é o Distrito de Entre Rios, município de Guarapuava, caracterizado como uma típica microbacia agrícola.
Há ainda cinco sub-projetos, que trabalham integrados com o projeto, de forma a monitorar especialmente a física, química e biologia do solo em 31 pontos de cada megaparcelas e 75 pontos na bacia hidrográfica.
Esse trabalho é uma pesquisa de longa duração que necessita o monitoramento de eventos de chuva ao longo do tempo. Os resultados já são promissores. No monitoramento de 2020 teve uma redução do escoamento superficial em 90% nas megaparcelas com terraços e em 80% na megaparcelas sob plantio direto com boas práticas de manejo, indicando que ambos os sistemas conservacionistas testados na região Centro-Sul do Paraná têm potencial de redução do escoamento superficial e da erosão.
“O projeto é gigante, sem o aporte financeiro do Senar e Fundação Araucária inviabilizaria tudo. São vários pesquisadores, desde iniciação científica, apoio técnico, mestrado, doutorado que trabalham de forma integrada nas várias atividades”, disse Pott.
ROTAÇÃO E PLANTIO DIRETO – Coordenado pela professora Lutécia Beatriz dos Santos Canalli, outro projeto surgiu a partir da análise feita dos avanços e dos entraves em relação à adoção de rotação de culturas e pela fragilidade observada dos sistemas pouco diversificados e pautados basicamente em duas culturas. Percebe-se que mesmo com vários estudos mostrando as vantagens dos adubos verdes e a recomendação de sua inclusão nos sistemas de produção, de forma a intercalar entre os cultivos comerciais, não há uma adesão por parte da maioria dos agricultores, segundo a proposta.
O Sistema Plantio Direto (SPD) tem como premissas básicas o não revolvimento do solo, a manutenção permanente de sua cobertura com resíduos vegetais ou plantas em desenvolvimento e a rotação de culturas. Este último requisito é o mais negligenciado pelos agricultores que não abrem mão de seus cultivos tradicionais
Com esse estudo, serão alcançados resultados que apontam quais adubos verdes e quais rotações de cultura promoverão mais eficientemente a melhoria ou manutenção da fertilidade do solo, com aumento de matéria orgânica e nutrientes para os cultivos comerciais.
“O suporte financeiro por meio deste convênio foi fundamental para compra de equipamentos, manter o suprimento para o desenvolvimento do experimento em campo, além da bolsa de estudo para o estagiário de apoio ao projeto, salientou a professora Lutécia.
- Governo divulga habilitados para o Compra Direta Paraná
- Vitrine do Feijão ganha versão virtual e discute boas práticas no campo
MICROBACIAS – O monitoramento hidrossedimentológicos em microbacias hidrográficas é coordenado pela professora Graziela Moraes de Cesare Barbosa. O estudo monitora os eventos de chuva na escala de encosta e microbacia para entender e propor alternativas para disciplinar o fluxo d’água, buscando-se controlar o escoamento superficial e a erosão, de forma a promover a sustentabilidade agrícola no âmbito social, ambiental e econômico.
Os resultados parciais indicam que as informações geradas poderão auxiliar na construção de ferramentas conservacionistas mais efetivas para auxiliar a agricultura paranaense em termos de produtividade e sustentabilidade frente às alterações climáticas.
“O edital proporcionou que a consultoria fizesse orientações assertivas na escolha dos locais mais adequados para implantação dos experimentos”, arrematou a professora.
