O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) emitiu nesta semana uma licença prévia para o início da implantação de um novo modelo de gestão ambiental em Irati, no Centro-Sul do Paraná. A empresa que venceu a licitação da prefeitura - a Atena Engenharia Industrial, vai atuar na destinação de resíduos e transformação do lixo em madeira biossintética (MBS). A cidade produz cerca de 35 toneladas de lixo por dia e o novo sistema evitará que todo esse volume seja depositado em aterro sanitário.
O projeto é inédito no Paraná e pode servir de modelo para a destinação responsável de resíduos domiciliares. A licença prévia é o passo inicial para que a empresa possa avançar na planta. A próxima etapa é a licença de instalação, que decorrerá da análise do projeto executivo e do maquinário necessário para o desenvolvimento da atividade. Se todos os aspectos ambientais forem observados, a empresa vai obter a licença de operação para atuar com carga total já a partir do ano que vem.
O secretário do Desenvolvimento Sustentável e Turismo, Márcio Nunes, explica que o apoio ao projeto se dá porque o Governo do Estado busca um equilíbrio, aliando sustentabilidade com o desenvolvimento. “Queremos andar lado a lado com os empresários e resolver a questão dos resíduos gerados no Estado. Transformar os resíduos em emprego, renda e produto aos paranaenses”, afirma.
A partir da instalação, a Atena Engenharia Industrial deve gerar 50 empregos diretos e cerca de 200 indiretos, e poderá utilizar o material orgânico por 30 anos. Serão investidos cerca de R$ 18 milhões em equipamentos.
Éverton Luiz Costa, diretor-presidente do IAP, afirma que o projeto pode servir de modelo para a destinação responsável de resíduos domiciliares. “O Estado participa desse processo de evolução das questões tecnológicas com a preocupação da área ambiental. Somos incentivadores e fiscalizadores. É um licenciamento novo também para o IAP, que pode inspirar um modelo sustentável para o Paraná”, destaca. “Estamos viabilizando toda a segurança ambiental e mecanismos de controle, monitoramento e fiscalização, também das emissões de gases e líquidos”.
Segundo Éverton Costa, a iniciativa pode incentivar outras prefeituras, principalmente aquelas de cidades com menos de 50 mil habitantes, maioria no Estado, a se consorciarem para a destinação adequada de resíduos sólidos. O Paraná produz diariamente 20 mil toneladas de resíduos de todas as origens e ainda tem 181 municípios com lixões a céu aberto. “O impacto social é gigantesco. Mais de 60% das cidades paranaenses utilizam aterros sanitários. Agora, esse aterro de Irati será desativado e a área pode ser recuperada”, complementa Costa.
MADEIRA BIOSSINTÉTICA - A madeira biossintética tem alto valor agregado e é produzida a partir do composto biossintético industrial (CBS), que é proveniente de qualquer detrito, de embalagem plástica a lixo de banheiro. A madeira biossintética pode ser utilizada para todos os fins da madeira normal, com vida útil estimada em mais de 100 anos.
IRATI - A cidade vinha tentando encontrar uma solução para a destinação de resíduos sólidos desde 2017. O tema estava sendo discutido com diversos órgãos do Estado e com o Ministério Público. Em 2018, representantes do município fizeram uma visita a uma fábrica do Rio Grande do Sul responsável por essa tecnologia de processamento. Nesse momento, a prefeitura cogitava, inclusive, um novo aterro sanitário.
“Estávamos a procura de nova área para um novo aterro. Mas, ao mesmo tempo, tentando incluir uma proposta inovadora no processo. Fomos procurados por representantes de uma empresa gaúcha e ficamos encantados com a possibilidade. O formato do edital de licitação foi moldado para que os resíduos fossem matéria-prima para algo mais concreto, como madeira, ou outro material”, explicou a secretária de Ecologia e Meio Ambiente de Irati, Magda Lozinski.
A prefeitura vai economizar os custos que tinha com o aterro sanitário e também cedeu um terreno de dois mil metros quadrados pelo tempo em que a empresa atuar no município, onde está instalado um barracão industrial.