O governador Carlos Massa Ratinho Junior conheceu nesta quinta-feira (6) uma nova alternativa de energia limpa e mais econômica produzida 100% no Paraná. O diretor-presidente do Centro Internacional de Energias Renováveis – Biogás (CIBiogás), Rodrigo de Almeida Galvão, apresentou, em reunião no Palácio Iguaçu, o biometano, um biocombustível gasoso obtido a partir do processamento do biogás.
O gás já abastece a frota de 80 carros da Usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu, e a intenção é replicar o modelo em outras cidades do Estado, em parceria com a Sanepar e a Compagás.
A binacional instalou em 2017 uma Unidade de Demonstração de Biogás e Biometano, localizada dentro da Central Hidrelétrica. Com um tanque de 12 metros cúbicos de combustível, cada carro tem autonomia de rodar até 120 km com um custo baixíssimo.
De acordo com Galvão, enquanto a equação do etanol sai R$ 0,40 por quilômetro rodado, com biometano esse valor cai para R$ 0,24 em média. Ou seja, uma opção também ao diesel usado no transporte público, influenciando diretamente no custo das passagens. “Se levarmos em consideração que de 25% a 30% do custo da passagem é por causa do diesel, o biometano é uma alternativa que mistura sustentabilidade com economia”, disse.
A produção do combustível limpo é originado do tratamento de todo o resíduo orgânico gerado nos restaurantes internos da hidrelétrica, de esgoto, de parte da poda da grama e de outros materiais enviados por entidades parceiras. Como subproduto, são produzidos ainda 300 mil litros de biofertilizante mensalmente, que são utilizados como adubo para canteiros e gramados da empresa.
“O Paraná tem um potencial muito grande para a produção de biometano, pode ser referência para o Brasil e a América”, ressaltou Galvão.
Entusiasta do biogás, o prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel, também participou do encontro. Ele estuda uma possibilidade de criar uma usina no município. “O Estado do Paraná com o governo Ratinho Junior está focado em inovação e tecnologias novas. O biometano é uma ótima opção, ajudando o meio ambiente e podendo fazer com que a população gaste menos com transporte público”, afirmou.
PROCESSO – A planta instalada em Itaipu utiliza poda de grama, resíduos alimentares e esgoto para produzir o biogás. A grama é triturada e compactada, ficando 90 dias reservada até ter as características ideais para uso. Os alimentos também são separados, sendo retirados restos de ossos ou plásticos que podem prejudicar o biodigestor. Finalmente, o esgoto é usado para diluir os outros componentes.
Depois de chegar a uma mistura homogênea, com consistência adequada, o material é levado aos biodigestores, onde, a uma temperatura controlada em 37ºC, ocorre a degradação da matéria-prima por microorganismos de forma anaeróbica (sem oxigênio). São 60 dias dentro do biodigestor, gerando dois produtos: o gás e um substrato seco.
O substrato é tratado e usado como biofertilizante. O biogás é levado para dois gasômetros flexíveis que têm a capacidade de armazenar até 500 m³ por dia. Dali, o gás passa pelo processo de refino.
Assim como o petróleo, o biogás não pode ser usado de forma bruta, por ter contaminantes prejudiciais ao motor do automóvel. Na refinaria são retirados o gás sulfídrico (enxofre), CO2 e água. O produto final, com até 96% de pureza, tem as características exatas do gás natural. O biometano é pressurizado em 250 bar, para poder ser armazenado e abastecer os cilindros dos veículos.