O governo federal classificou a gestão compartilhada da Bacia Hidrográfica do Rio Paranapanema entre Paraná e São Paulo como referência para o País. A integração será ampliada em nome da melhoria da conservação ambiental, qualidade da água e outorga dos recursos hídricos. Esse foi tema principal do 6º Encontro Integrado do Paranapanema, promovido nesta quinta-feira (22) e sexta-feira (23) em Avaré, no interior de São Paulo.
Organizado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paranapanema (CBH Paranapanema), o evento reuniu cerca de 130 participantes, entre representantes dos dois estados, profissionais da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e do Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (FNCBH). O objetivo do encontro foi promover a capacitação e a troca de conhecimento por meio de visitas técnicas, palestras e reuniões estratégicas, em cumprimento ao Plano Integrado da Bacia Hidrográfica do Rio Paranapanema (PIRH).
O Instituto Água e Terra (IAT), vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), e o Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) são órgãos gestores e responsáveis há 21 anos pelo comitê principal e seus seis subgrupos, voltados para os afluentes que integram o Paranapanema.
“Não há competitividade entre Paraná e São Paulo. Pelo contrário, trabalhamos em harmonia pelo bem do rio. O resultado dessa integração é materializado no reconhecimento do governo federal de que o CBH Paranapanema é referência nacional e na melhoria da qualidade da água na bacia”, afirmou o diretor de Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos do IAT e presidente do CBH Paranapanema, José Luiz Scroccaro.
Esse entendimento entre os dois estados tem reflexo também na participação das comunidades que vivem nos arredores do Paranapanema.
“As ações do comitê são importantes para fortalecer o sistema de recursos hídricos sob a ótica da descentralização, integração e participação da sociedade. Quem decide o que quer para a bacia é o comitê, a partir de um plano de trabalho que respeita as particularidades de cada território. Tudo isso é muito importante e precisa ser compartilhado em todo o País”, afirmou o superintendente de Apoio ao Sistema Nacional de Gerenciamento e Recursos Hídricos e às Agências Infranacionais de Regulação do Saneamento Básico, da ANA, Humberto Cardoso Gonçalves.
“A beleza do comitê está na congregação da sociedade civil, empresários, usuários, indústrias e o governo. União para decidir como usar para que a água possa perpetuar”, acrescentou o coordenador-adjunto do FNCBH, Rodrigo Hajjar. “E por prezar pelo bem comum, pelo trabalho de excelência, podemos afirmar que o comitê do Paranapanema é uma referência nacional”.
Suraya Modaelli, representante da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e logística do Estado de São Paulo e secretária do CBH Paranapanema, destacou que o modelo organizacional permite ao grupo testar novas ferramentas e metodologias. “Nosso comitê demonstra que o trabalho voluntário e o envolvimento de todos os membros permitem o cumprimento da missão de gestão da bacia hidrográfica”, disse.
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MANANCIAIS – Um dos principais focos de trabalho do grupo é a preservação da mata ciliar e das nascentes dos rios, principalmente nos trechos que são mananciais. “O programa de desassoreamento de cursos d'água, que iniciou no ano passado, atendeu dezenas de municípios e vai continuar esse ano, principalmente em mananciais de abastecimento de água", ressaltou o diretor do DAEE, Denis Emanuel Araújo.
Prefeito de Mandaguaçu, na região Norte do Paraná, Maurício Índio destacou o impacto da gestão integrada para os municípios. “Se não tivéssemos os afluentes controlados, com certeza o nosso Paranapanema estaria bem de um lado e não de outro, mas isso não seria bom para ninguém. Essa convergência de ideias faz com que o rio seja bem tratado. Cabe a mim, como prefeito, ajudar a passar as informações que recebi para a conscientização de todos em prol dos rios”, disse.