Geração Olímpica e Paralímpica: técnico Rodrigo Ferla transforma parataekwondo e quer medalhas

Além de ter sido a maior medalhista na estreia da modalidade na Paralimpíada de Tóquio, em 2021, a seleção brasileira dobrou o número de atletas classificados para esse ano: serão seis lutadores. E a delegação vai para a França com uma meta bem clara: manter os 100% de pódio conquistados nos Jogos do Japão.
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26/07/2024 - 09:00
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O Brasil vai para os Jogos Paralímpicos de Paris-2024, a serem disputados de 28 de agosto a 8 de setembro, como a equipe a ser batida no parataekowndo. Além de ter sido a maior medalhista na estreia da modalidade na Paralimpíada de Tóquio, em 2021, a seleção brasileira dobrou o número de atletas classificados para esse ano: serão seis lutadores. E a delegação vai para a França com uma meta bem clara: manter os 100% de pódio conquistados nos Jogos do Japão, quando foram conquistadas um ouro, uma prata e um bronze.

No comando desse time estará novamente o paranaense de Londrina Rodrigo Ferla, 43 anos, técnico principal da equipe brasileira, eleito em 2021 e 2023 o melhor treinador do mundo na modalidade e bolsista do programa Geração Olímpica e Paralímpica (GOP) do Governo do Paraná. A trajetória de Rodrigo Ferla é o tema da vez na série de reportagens Geração Olímpica e Paralímpica da Agência Estadual de Notícias, que mostra a importância do apoio do Governo do Paraná na carreira dos atletas, paratletas e técnicos que disputarão os Jogos de Paris-2024.

Morador de Curitiba, onde tem uma academia no bairro Portão, Ferla é peça-chave no desenvolvimento do parataekwondo brasileiro. Ex-atleta – chegou a ser reserva da seleção olímpica de Atenas-2004 – e ex-treinador da seleção de base, Ferla foi convidado a assumir a equipe paralímpica nacional em 2017, dois anos após o parataekwondo ser introduzido no programa paralímpico.

O convite partiu de Natália Falavigna, paranaense que é o maior nome do taekwondo brasileiro, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 e que à época era coordenadora-técnica da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD).

“O começo foi difícil porque eu não conhecia o parataekwondo. Por mais que você estude regulamento, veja a classificação, é diferente na prática. E minha primeira missão foi montar a seleção em duas semanas para disputar o Mundial de Londres daquele ano”, recorda Ferla. “Levamos sete atletas e de cara três foram considerados inelegíveis para o Mundial, nem subiram no tatame porque as deficiências não se encaixavam nos critérios mínimos de classificação. Foi ali que começaram a surgir as ideias para desenvolver a modalidade no Brasil”.

O primeiro passo foi montar uma estrutura técnica. Com apoio da confederação internacional e sob a supervisão de Ferla, foram formados no país 20 classificadores – profissionais entre médicos e treinadores que avaliam o grau de deficiência do atleta para enquadrá-lo aos padrões mínimos de competição, lembrando que no parataekwondo o lutador só pode ter deficiência nos braços, com as duas pernas intactas.

Em 2018, foi disputado o primeiro Campeonato Brasileiro de Parataekwondo, quando surgiu um novo obstáculo: a baixa quantidade de atletas. Foram apenas 24 lutadores inscritos. Tanto que a maioria das vitórias foi por W.O., quando um atleta vence por não haver adversário.

Para resolver a falta de atletas, Ferla coordenou a criação de copas regionais pelo Brasil, as quais se tornaram classificatórias para a disputa do Nacional. No ano seguinte, em 2019, o número de inscritos para o Brasileiro saltou de 24 para 104 lutadores e a disputa foi reconhecida pela Federação Internacional como o maior campeonato nacional de parataekwondo do mundo. Junto com as copas, começaram também seminários para capacitar treinadores de parataekwondo.

“Nesse momento, tínhamos calendário, atletas e classificadores. Ou seja, resolvemos o problema”, afirma Ferla.

Além das medalhas na Paralimpíada de Tóquio, o resultado desse trabalho veio também no Mundial de Parataekwondo de 2023 em Veracruz, no México. A um ano dos Jogos de Paris, a seleção brasileira conquistou cinco medalhas (dois ouros e três bronzes), alcançando o título por equipes no feminino e o terceiro lugar geral da competição. Além disso, o Brasil subiu ao pódio desde então em todas as edições do Grand Prix – competição anual que reúne os maiores paratletas da modalidade.

APOIO – Como treinador, Ferla é integrante do Geração Olímpica e Paralímpica desde 2015. Ele afirma que o programa do Governo do Paraná foi o divisor de águas de sua carreira. Graças ao apoio, seu trabalho pôde ser visto, o que gerou o convite para assumir a seleção paralímpica.

“O Geração Olímpica e Paralímpica foi um grande diferencial na minha carreira porque o treinador atua nos bastidores, mas tem as mesmas despesas do atleta para viajar, se manter. Só que para atletas há várias bolsas, para técnicos, não. O programa me deu condições de viajar com os atletas para eventos nacionais e internacionais e, assim, mostrar meu trabalho. Em cima disso, a confederação me viu atuando como técnico e me convidou para assumir primeiro a seleção de base e depois a paralímpica”, explica.

“Se eu não tivesse esse incentivo do Geração Olímpica e Paralímpica não estaria onde estou hoje”, conclui o treinador.

Com o apoio do GOP, Ferla alcançou não só conquistas coletivas com a seleção brasileira, mas também individuais. Ele é o atual melhor técnico do mundo de parataekwondo, eleito pela World Taekwondo em 2023, título que já havia conquistado em 2021. Além disso, a Confederação Brasileira da modalidade foi eleita em 2022 a melhor federação nacional do mundo – boa parte fruto também do trabalho de Ferla à frente da seleção.

PARIS – Ferla está confiante de que todos os seis atletas classificados têm chance de pódio em Paris. O Brasil terá a segunda maior delegação da modalidade nos Jogos, atrás apenas da Turquia, que vai levar oito competidores. Já entre os adversários, o principal nome é o Irã, país que vem crescendo ano a ano no parataekwondo. “Mais importante que quantidade é a qualidade. Os seis atletas que estamos levando têm chances reais de medalha. E isso é o mais importante. Vamos brigar novamente por medalhas individuais e por equipe também”, aponta.

Porém, tanto quanto a parte técnica, Ferla enfatiza que o lado emocional também vai pesar em Paris. “Dessa vez vamos mais experientes para os Jogos, sabendo que a disputa é traiçoeira, já que tem muita ‘zebra’”, avalia o treinador. “Muitas vezes o que define a conquista em uma Paralimpíada não é só a parte técnica, mas também o lado mental. Já vi atletas mais relaxados se classificarem em cima de atletas mais experientes”, aponta o paranaense que estará à frente da seleção brasileira de parataekwondo.

COPEL – Até o final de 2024, o programa terá investido mais de R$ 55 milhões em bolsas financeiras para atletas e técnicos vinculados a instituições paranaenses (federações e escolas), atendendo desde jovens promessas a estrelas de renome internacional. A iniciativa é patrocinada pela Copel desde o início - e de forma exclusiva desde 2013.

Para o presidente da Copel, Daniel Slaviero, o apoio busca tornar o Paraná referência de esporte olímpico e paralímpico no Brasil, ao valorizar os atuais talentos do Estado. "Nós temos orgulho de apoiar, junto com o governo do Paraná, esses atletas e profissionais que por muito tempo vêm se preparando para um dos momentos mais significativos da história dos esportes. Estamos torcendo com toda energia”, comenta.

O programa abrange, além do pagamento mensal de bolsas financeiras a atletas e técnicos, recursos necessários para a execução e gestão das atividades previstas, confecção de uniformes, material de divulgação e promoção, infraestrutura de logística (hospedagem, alimentação e transporte), programas de treinamento e capacitação, bem como avaliações médicas e laboratoriais dos atletas.

Confira o vídeo da trajetória de Ferla:

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