O Museu Histórico de Londrina, órgão suplementar da UEL (Universidade Estadual de Londrina), inaugura a partir deste sábado (7) a exposição “Inclusão da memória indígena na exposição permanente do Museu Histórico de Londrina”. A mostra será aberta oficialmente às 10 horas, com a presença de indígenas e convidados. Também será lançada a 5ª Mostra Cultural Caingangue.
A exposição permanente é resultado do trabalho desenvolvido por um grupo de pesquisadores, em parceria com lideranças indígenas dos povos Caingangue, Guarani, Xetá, que também conta com apoio da diretoria do Museu, além de recursos do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic).
A ideia surgiu em 2018 quando Regina Allegro, diretora do Museu Histórico na época, convidou os pesquisadores Luis Henrique Mioto, Fernanda Nasser Dornelles e Eduardo Tardeli de Jesus Andrade para discutirem a intervenção junto à exposição existente, que ocupa salas do Museu. Eles são coordenadores não indígenas do Centro de Memória e Cultura Caingangue, cujo trabalho visa a potencialização da memória da comunidade Caingangue da Terra Indígena Apucaraninha, localizada na região sudoeste do município de Londrina.
Com a ausência dos povos indígenas em espaços permanentes do Museu, criados em 1980, que contam parte da história da colonização da cidade, o objetivo geral da iniciativa é amenizar esta lacuna, destinando espaço específico à memória dos povos da região, além de promover o diálogo com a comunidade não-indígena de Londrina e região.
O fato é que, conforme apontam os responsáveis pelo projeto, os povos indígenas sempre estiveram presentes na história do norte do Paraná e de todo o Estado. Apesar disso, as histórias deles e as respectivas culturas milenares ainda hoje são desconhecidas e, constantemente, alvos de preconceito.
A atual exposição permanente do Museu Histórico mostra o processo de criação do Norte Pioneiro, com poucas referências aos povos indígenas que viviam na região, e não faz nenhuma menção aos povos que ainda vivem na região. A exposição ainda narra que a chegada dos colonizadores ocorreu em meio ao vazio demográfico, porque eliminou a presença dos povos indígenas que já habitavam o território.
PROJETO - Segundo a ex-diretora, os próprios indígenas também se posicionaram contra a narrativa da exposição. O projeto segue agora com a colaboração da atual diretora do Museu Histórico, professora Edmeia Ribeiro. Ela explica que a exposição histórica já existente não será transformada, uma vez que a proposta é justamente tentar diminuir uma lacuna e, por outro lado, mostrar que a história da região é formada por diversos povos.
Edmeia ressalta ainda que a iniciativa é o primeiro passo para que outras lacunas sejam reduzidas ao longo do tempo.
PARCERIAS - As pesquisas para a curadoria já são promovidas desde 2016, como resultado da parceria entre o Museu Histórico de Londrina e o Centro de Memória e Cultura Caingangue. Entre as ações para a inserção das culturas indígenas nas quatro salas de exposição permanente estão a inclusão de objetos de memória (acervo tridimensional), instalação de painéis e totens com textos, fotos e mapas, além de legendas dos objetos e fotos traduzidas nas línguas indígenas. Além disso, está prevista uma instalação que representará a forma como os povos indígenas eram guiados pelos astros, bem como a criação de um catálogo, também traduzido nas três línguas indígenas. Este material será distribuído gratuitamente aos visitantes.
Todas as atividades são desenvolvidas com a participação das lideranças indígenas e de um jovem indígena como pesquisador-estagiário que colabora nas pesquisas de acervo.
Para ocupar a função foi convidado Tiago Pyn Tánh de Almeida, aluno de Geografia, do Centro de Ciências Exatas (CCE).
Para Luis Henrique Mioto, historiador e um dos pesquisadores responsáveis, a participação dos indígenas é essencial e, sem dúvida, garantiu o sucesso do projeto. “Acreditamos que essa exposição e todo trabalho sobre a cultura indígena têm que ser falado por eles mesmos. Apresentamos saberes técnicos sobre exposição de museu e possibilitamos as reuniões para eles contarem como compreendem a própria história”, acrescenta.
João Rodrigues Maria Tapixi é um dos líderes indígenas que integra o projeto. Ele também atua na criação de um livro escrito pelos indígenas sobre a cultura Caingangue, que está previsto para ser lançado ainda este ano.
PROMIC - O projeto conta com verba do Programa Municipal de Incentivo à Cultura, que propicia a execução da Política Cultural do Município desde 2002.
SERVIÇO: Abertura da exposição “Inclusão da memória indígena na exposição permanente do Museu Histórico de Londrina”.
Data: 07 (sábado).
Horário: 10 horas.
Local: Museu Histórico de Londrina - Rua Benjamin Constant, 900 (Centro) – Londrina - Paraná. Informações pelo telefone (43) 3324 4641