O que poderia unir o olhar de um pintor norueguês, radicado em Curitiba, nascido em 1860, e o de um artista plástico paulista nascido em 1960? Essa é a questão fundamental que a exposição "Dois tempos, um mesmo olhar", em exibição no Museu Casa Alfredo Andersen, busca responder.
Na mostra será possível ver as obras de Alfredo Andersen, o norueguês que dá nome ao museu, em contato com a produção contemporânea do artista Alexandre Frangioni. A surpresa está na afinidade dos diferentes temas que interessam aos dois artistas, ainda que suas propostas estéticas sejam radicalmente diferentes.
Um exemplo é o contato entre Duas Raças, óleo sobre tela de Andersen pintada em 1930, e Kate Moss, em referência à supermodelo, de Frangioni. As imagens se contrapõem e se complementam, tanto pelas decisões de enquadramento quanto pela forma como abordam as figuras femininas.
“Surpreendentemente, percebemos que os artistas dialogam, ambos abordando em suas obras temas essenciais da vida moderna”, diz a curadora Adriana Rede sobre o contato entre os dois artistas. “São duas personalidades com estilos e técnicas distintos, separados por mais de um século”.
“Ao propor para a curadora Adriana Rede uma conexão entre tempo, espaço e artista com foco em nosso mestre Andersen, logo veio de pronto a indicação de Frangioni”, diz Luiz Gustavo Vidal, diretor do Museu. “As questões sobre a sociedade atual, consumo, estampas, rótulos, quebra de paradigmas e economia, as quais vêm sendo tratadas há anos por Frangioni, dialogam e se relacionam diretamente com a própria existência de Andersen".
ALFREDO ANDERSEN – Kristiansand, Noruega, 1860-1935. Recebendo uma sólida formação artística adquirida em instituições educacionais do Norte da Europa, Andersen atuou como pintor, desenhista, cenógrafo, decorador, escultor e crítico de arte. Em 1892 fez uma viagem partindo da Inglaterra para Buenos Aires. Contudo, aportou em Paranaguá, no Paraná, onde permaneceu por dez anos, antes de chegar a seu destino, Curitiba. Casou-se com Anna de Oliveira, descendente de indígenas, com quem teve quatro filhos
Andersen desenvolveu projetos para escolas oficiais de arte do Estado. Orientou tendências, fazendo trabalhos pioneiros na formação de gerações de artistas. Como pintor e desenhista, documentou sua época dentro de três linhas temáticas: o retrato, a cena de gênero e a paisagem. Em 9 de agosto de 1935, Alfredo Andersen morreu na sua residência-ateliê, onde se situa hoje o Museu Alfredo Andersen, na Rua Mateus Leme. Pelo seu trabalho pictórico, passou a ser considerado o “Pai da Pintura Paranaense”.
ALEXANDRE FRANGIONI – São Paulo, 1967. Formado em Engenharia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, 1989. Orientação de projeto artístico, ministrado pelo artista João Carlos de Souza, 2005 até o presente.
Iniciou suas atividades nas artes visuais produzindo trabalhos que passaram pela pintura, fotografia, escultura e instalação, tendo, nessa trajetória, participado de exposições em diferentes lugares do Brasil. Atualmente sua produção artística é executada em ateliê próprio localizado em São Paulo.
Serviço
Exposição Dois tempos, um mesmo olhar
Visitação: de terça a domingo das 10h às 17h
Museu Casa Alfredo Andersen - Rua Mateus Leme 336 - Centro - Curitiba
@museucasaalfredoandersen