O objetivo é praticar a capacidade técnica no controle e saneamento de um foco de febre aftosa, abordando procedimentos de diagnóstico, colheita de amostras, investigação epidemiológica, rastreabilidade, sistema de informação e registro de investigações, medidas de biossegurança, procedimentos de contenção e erradicação.
Um simulado em emergência sanitária para atendimento de foco de febre aftosa foi aberto nesta segunda-feira (12), em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. O evento segue até 17 de agosto com o objetivo de preparar os profissionais para atendimento em uma eventual situação de foco da doença, já que o Paraná trabalha para se tornar Área Livre de Febre Aftosa sem Vacinação.
As atividades fazem parte do Plano Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa (Phefa), com a Coordenação Técnica do Comitê Veterinário Permanente do Mercosul (CVP/Mercosul) e Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa).
Participam 160 profissionais – fiscais da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), servidores estaduais de outros estados, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, da Defesa Civil, da Prefeitura de São José dos Pinhais, além de profissionais de outros países como Argentina, Uruguai, Bolívia, Chile e Paraguai.
De acordo com o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, a suspensão da vacinação contra a febre aftosa trará vários benefícios ao Estado, como a economia de cerca de R$ 30 milhões ao ano destinados à vacinação, a abertura de novos mercados e o isolamento do Paraná de outros estados, evitando a entrada de doenças com o fortalecimento das barreiras.
“A estratégica técnica de imunização trouxe resultados positivos. Nós não temos mais casos nem evidências do vírus circulando em nosso meio há muito tempo. Esse simulado é para aferir a capacidade de ação e intervenção da equipe, do complexo organizado. O fim da vacinação vai ajudar nossa economia a crescer”, diz.
O secretário de Estado da Segurança Pública, Romulo Marinho Soares, que também participou da abertura do evento, disse que a pasta está pronta para atuar nas ações de monitoramento das fronteiras do Estado. “Vamos fortalecer o controle da entrada de animais no Paraná, estabelecer uma força-tarefa, fazer o mapeamento, para que possamos realizar o trabalho da melhor maneira possível”, disse.
O Ministério da Agricultura atua em conjunto com o serviço veterinário do Estado para atualizar constantemente o manual de procedimentos necessários. “A gente espera que isso seja bastante discutido e praticado ao longo dessa semana para que possamos estar preparados. Trabalhamos para nos fortalecer para esse momento”, diz o diretor do Departamento de Defesa Agropecuária da Secretaria de Saúde Animal, Geraldo Marcos de Moraes.
PARCERIA - Em todo o processo de busca pelo status de Área Livre de Febre Aftosa sem Vacinação, o Paraná conta com parceiros do setor privado. “A parceria público-privada é de fundamental”, disse o assessor da diretoria da Federação da Agricultura do Paraná (Faep) Ronei Volpi. Ele também é diretor-executivo do Fundepec, um fundo para eventuais emergências sanitárias, um dos fatores que contribuem para que o Paraná esteja preparado para a retirada da vacinação.
O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, destacou que a expectativa de abertura de mercados estimula mais investimentos no Paraná. “Não basta produzir, nós temos que identificar e trabalhar as demandas e ter disposição para investir. As cooperativas do Paraná estão investindo muito nos últimos anos, mais de 70% dentro da agroindústria. Queremos dar sequência a isso”, completa.
RECONHECIMENTO - Lideranças do setor têm reconhecido o preparo do Paraná em busca do novo status. Segundo o coordenador da área de Febre Aftosa no Centro Pan-americano de Febre Aftosa (Panaftosa), Alexandro Rivera Salazar, o Estado tem um grande potencial e este é o momento de realizar a mudança. “Os trabalhos de vigilância demonstram ausência de transmissão. Há evidência de que os vírus que circularam no passado não circulam mais. Esses treinamentos acontecem em vários países, e têm que ser feitos para mostrar a capacidade de resposta. O Estado tem um sistema de prevenção e está bem preparado”.
COMO FUNCIONA - As atividades do simulado envolvem questões teóricas e práticas e seguem as diretrizes do Plano Nacional de Contingência para a doença, explica o diretor-presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins. Isso inclui, por exemplo, localizar a propriedade, isolá-la, vacinar os animais e fazer a vigilância permanente, simulando todo o procedimento necessário.
“Além da teoria, os técnicos também vão às propriedades simulando um foco da aftosa e todo o atendimento que precisa ser feito. Assim, estarão preparados para atender o mais rápido possível em caso de foco da doença”.
Em setembro, o Ministério da Agricultura deve publicar um ato normativo que mudará o status do Paraná para Área Livre de Febre Aftosa sem Vacinação e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) deve reconhecer a condição do Estado em 2021.