A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável coordenará no Paraná, a partir desta segunda-feira (6), um estudo em Unidades de Conservação que tem como objetivo buscar espécies da flora ameaçadas de extinção, algumas sem registro há mais de 20 anos. O trabalho será realizado por técnicos botânicos até sexta (10). Ele faz parte do Programa Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção – Pró-Espécies, do Ministério do Meio Ambiente, e abrange 13 estados da Federação.
O trajeto no Paraná ocorrerá em uma das áreas-chave estabelecidas, denominada Caminho das Tropas Paraná – São Paulo. A criação deste território pelo governo paranaense tem como objetivo implementar ações de proteção, conservação, restauração e uso sustentável dos ecossistemas e da biodiversidade, conforme a Resolução 48, de 22 de setembro de 2021.
O secretário de Desenvolvimento Sustentável, Valdemar Bernardo Jorge, ressalta a importância do programa. “O trabalho integrado de diversos atores é fundamental para a preservação da flora ameaçada no Paraná e no Brasil. O registro dessas espécies vai auxiliar em ações de cuidado e restauração”, disse.
O trabalho de campo será realizado por uma equipe de nove pesquisadores botânicos vinculados ao Instituto Água e Terra, ao Ministério do Meio Ambiente, Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Jardim Botânico de Curitiba e Universidade Federal do Paraná.
No Paraná, a atividade ocorrerá em áreas de campos naturais no interior de oito Unidades de Conservação: Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Vale do Corisco, no município de Sengés; Parque Estadual Vale do Codó (Jaguariaíva); RPPN Meia-Lua (Ponta Grossa), RPPN Tarumã (Palmeira e Campo Largo), Parque Estadual Vila Velha (Ponta Grossa); Parque Estadual do Monge (Lapa); e RPPB Mata do Uru (Lapa).
Fernanda Braga, bióloga da Sedest que coordena o trabalho no Caminho das Tropas do Paraná, ressalta a importância do programa. “O Pró-espécies visa atender os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em especial o ODS 15, que prevê a adoção de medidas urgentes e significativas para reduzir a degradação de habitat naturais, deter a perda de biodiversidade, e proteger e evitar a extinção de espécies ameaçadas”, afirmou.
O estudo vai resultar em um inventário de espécies endêmicas (que ocorrem apenas naquele território de abrangência) de flora de campos do Paraná e registrar novas populações de espécies ameaçadas de extinção, algumas não registradas há mais de duas décadas.
Serão procuradas especificamente populações para 15 espécies-alvo de flora, nove delas endêmicas e que estão Criticamente em Perigo (CR) de extinção em nível nacional ou nos estados de São Paulo e Paraná.
Entre as espécies-alvo encontram-se, por exemplo, duas de orquídeas Acianthera adiri e Bipinnula biplumata. Destacam-se, também, a Pleroma goldembergii, espécie documentada por um indivíduo em ambiente de campos nativos com afloramentos no município de Balsa Nova; a Mimosa strobiliflora, com uma única população conhecida às margens do Rio Iguaçu, em Porto Amazonas; e Butia pubispatha, palmeira-anã limitada à uma pequena área de campos de Cerrado, em Jaguariaíva.
O registro das populações das espécies ameaçadas servirá para atualização do status de conservação brasileiro e estadual das espécies, além do desenvolvimento de estratégias locais de conservação.
Além disso, as espécies poderão ser capturadas para a produção de mudas em cativeiro pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro, para que se inicie um processo gradual de repopulação das espécies ameaçadas.