Estudante de Toledo está na maior feira de ciências e engenharia do mundo

Ana Carolina Gonçalves Selva, de 17 anos, se formou ano passado no Colégio Estadual Jardim Porto Alegre, em Toledo. Ela participa da Regeneron ISEF 2021, dos Estados Unidos, com um projeto sobre combate à praga em bananas.
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19/05/2021 - 13:20
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A estudante Ana Carolina Gonçalves Selva, de 17 anos, que se formou ano passado no Colégio Estadual Jardim Porto Alegre, em Toledo (Oeste), é a representante do Paraná na Regeneron ISEF 2021, dos Estados Unidos, maior feira internacional de Ciências e Engenharia. O evento começou domingo (16) e, neste ano, é virtual por causa da pandemia.

A estudante está entre os cerca de 1.800 jovens participantes, de 65 países. São 1.480 projetos, em 21 categorias. Ana Carolina concorre na categoria Microbiologia com outros 58 trabalhos. Com o projeto "Potencial fungitóxico de diferentes extratos vegetais sobre o desenvolvimento in vitro do fitopatógeno causador da antracnose em frutos de bananeira - Fase IV”, Ana Carolina concorre na categoria Microbiologia com outros 58 trabalhos.

A pesquisa foi iniciada pela estudante ainda no 8º ano do Ensino Fundamental no Clube de Ciências da escola. “Decidi pelo tema porque o meu bisavô tinha uma pequena produção de bananas em casa e havia uma doença que acometia muito a plantação, a antracnose. Ele não tinha condição de passar um agroquímico por causa do preço elevado e dos riscos à saúde e ao meio ambiente. Falei com minha orientadora, Dionéia Schauren, para entender melhor isso e se eu poderia criar alternativas para os pequenos produtores”, conta.

A solução encontrada, então, foi avaliar o potencial de diferentes extratos naturais de baixo custo criados a partir de água e folhas de diferentes plantas aplicadas em fungos dentro de placas de petri em um meio de cultura que permitia o desenvolvimento do organismo. Em busca do resultado mais eficaz, no ano passado a estudante conseguiu chegar a um resultado promissor com um extrato de arruda, que em alta concentração e controlou 70% da colônia de fungos.

Ela explica que foi um resultado muito positivo, porque no desenvolvimento in vitro há todas as condições especiais para que o fungo possa crescer. No campo não funciona assim, devido à variação de temperatura. Por isso, segundo a estudante, os resultados no campo podem ser muito mais positivos do que in vitro.

PREMIADO O trabalho de Ana Carolina foi um dos mais premiados na 19ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), realizada no fim de março, sendo um deles selecionada para a Regeneron ISEF 2021 junto com outros 17 trabalhos do país.

Além disso, ficou em 1º lugar em Ciências Biológicas, foi o destaque do Paraná, recebeu o prêmio Outstanding Achievement for Ability and Creativity In Vitro Biology (Conquista notável por habilidade e criatividade em biologia in vitro), da Society for in Vitro Biology, além de também ser selecionado para a National Youth Science Camp (NYSC), evento dos Estados Unidos que acontece virtualmente de 28 de junho a 21 de julho.

PARTICIPAÇÃO Nesta terça-feira (18) a estudante recebeu visitantes no seu estande virtual da ISEF (com vídeo, artigo, fotos de diário de bordo e slides) e respondeu perguntas sobre a pesquisa. Ela ainda está participando de palestras na mostra promovida pela Society for Science que vai até sábado (21). A cerimônia de premiação acontece dias 26 e 27 deste mês.

O total de prêmios chega a US$ 5 milhões e cada estudante da delegação brasileira já ganhou um notebook, fone de ouvido, pacote de dados e uma camiseta da feira.

“Apresentei meu projeto em inglês e foi uma troca de experiências maravilhosa, tive contato com pessoas de outros países, conheci outros estudantes que desenvolvem pesquisa. Está sendo maravilhoso representar a cidade de Toledo, o Paraná e também o Brasil", destaca Ana Carolina.

A estudante aguarda o vestibular da UFPR, no qual pretende concorrer a uma vaga no curso de Ciências Biológicas. “Minha irmã e uma colega dela estão dando continuidade à pesquisa no colégio e quando entrar na universidade pretendo seguir com mais testes, em novos equipamentos e também testar no campo para avaliar a eficácia”, diz.

IN MEMORIAN Além de Ana Carolina, outra estudante do Clube de Ciências do Colégio Estadual Jardim Porto Alegre estava entre os 18 brasileiros selecionados para a ISEF 2021. Amanda Vitória Elgert Becker, então do 2º ano do Ensino Médio, foi uma das nove selecionadas do evento pela Mostratec (Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia), outra feira que concede vagas à ISEF e que acontece anualmente no Rio Grande do Sul, com o trabalho “Desenvolvimento de embalagem biodegradável tipo espuma a partir de diferentes amidos - Fase II”. Amanda faleceu em um acidente de carro em janeiro deste ano, mas o seu trabalho seguiu inscrito e está concorrendo na categoria Materiais de Ciência. 

CLUBE DE CIÊNCIAS – Celeiro de projetos científicos, o Clube de Ciências do CE Jardim Porto Alegre foi criado em 2014 com o intuito de aumentar as atividades práticas na escola e cresceu ao longo dos anos, atraindo o interesse dos estudantes que querem se tornar cientistas. 

Somente no ano passado recebeu mais de 100 premiações em quase 30 eventos nacionais e internacionais com 20 projetos. “No início do ano tivemos um recorde de 70 projetos iniciados, mas a pandemia acabou prejudicando o desenvolvimento e apenas 20 foram concluídos”, diz a coordenadora Dionéia Schauren. Com os dois trabalhos selecionados este ano, o clube chegou à marca de cinco projetos que foram a ISEF.

O Clube, que acolhe estudantes interessados desde o 6º ano, já chegou a ter 150 integrantes e espera em breve abrir uma nova seleção, já que no momento opera com um número reduzido de alunos e limitações impostas pela pandemia.

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