Estado reforça
atendimento materno-infantil
em vários hospitais

Medidas de atenção à gestante e bebês estão sendo ampliadas no Interior e na capital. Objetivo é reduzir ainda mais as taxas de mortalidade materno-infantil. Até o início do ano que vem, serão abertos 137 novos leitos dedicados às mães e recém-nascidos.
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12/06/2019 - 09:00
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Os hospitais do Estado em Ivaiporã, em construção, e de Telêmaco Borba, em fase final de adequação, serão dedicados preferencialmente ao atendimento da mulher. A medida atende diretriz do atual governo para reforçar ainda mais o cuidado materno-infantil. No total, serão 142 novos leitos dedicados às mães e recém-nascidos.

Hospital Regional de Telêmaco Borba, nos Campos Gerais, terá 38 novos leitos  de atendimento geral ainda neste ano, com 10 vagas de UTI Neonatal, 10 de UTI para adultos e outros 10 de Unidade de Cuidados Intermediários (UCI). A unidade será referência para a região da rede de cuidados da mulher, o que inclui gestantes e bebês. Por enquanto, parte do ambulatório está operando para consultas do pré-natal, numa média de 123 atendimentos por mês.

Localizado no Centro do Paraná, o Hospital Regional de Ivaiporã está com 50% das obras executadas e deve abrir as portas no primeiro semestre de 2020. Serão abertos 104 leitos normais e 10 de UTI. Nos dois casos, os atendimentos seram 100% pelo SUS.

As novas unidades de tratamento intensivo do Interior vão se somar a duas UTIs de qualidade ainda não existente no Paraná, cada uma com dez leitos, que estão sendo instaladas no chamado Anexo da Mulher do Hospital do Trabalhador, em Curitiba. A ala vai atender pacientes da capital e cidades do entorno, mas também estará aberta para gestantes de outras partes do Estado, caso necessário.

A abertura das UTIs só depende da chegada de equipamentos importados e estarão em pleno funcionamento no segundo semestre. Uma será destinada às mães e outra será exclusiva para atenção neonatal, para bebês de grande prematuridade - nascidos com menos de 1 quilo.

COMPLEXO - As UTIs do Hospital do Trabalhador integram um complexo com 60 leitos da nova maternidade. A ala conta com uma equipe médica especializada em intercorrências na gravidez, como hipertensão, diabetes, cardiopatias, entre outras. Ali, mães e filhos recebem os cuidados próprios de um centro de excelência sem paralelo no Paraná. O prédio do Anexo foi entregue no dia 28 de dezembro do ano passado, e desde então vem sendo equipado e mobiliado.

A transferência da maternidade do HT para a nova área permitiu a abertura de espaço para a ampliação do Pronto Socorro, que vai dobrar de tamanho. A medida também reforça a Rede Materno Infantil da Secretaria de Estado da Saúde, cuja função é organizar a atenção e a assistência do pré-natal, parto, puerpério (período pós-parto de 42 dias) e acompanhamento do desenvolvimento das crianças no primeiro ano de vida.

LEITE – Em paralelo o Governo do Estado está implantando, neste mês de junho, no Hospital Regional do Sudoeste, um Banco de Leite Humano para atender os municípios da 8ª Regional de Saúde, que soma 27 municípios. A inauguração está marcada para o dia próximo dia 24.

Num esforço conjunto com a prefeitura de Francisco Beltrão, e apoio do Rotary Vila Nova e da comunidade, a Secretaria da Saúde investiu R$ 320 mil na aquisição de equipamentos. O mobiliário, computadores e freezers ficaram por conta do Rotary. O novo Banco de Leite se soma a outros 13 já existentes no Estado, que já asseguraram 6 mil litros de leite humano nos quatro primeiros meses deste ano, para bebês prematuros nascidos no Paraná.

REDUÇÃO – No primeiro quadrimestre deste ano, a mortalidade materna no Paraná teve uma pequena redução de 21 para 20 óbitos. Para perseguir resultados ainda melhores, o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, anunciou a reativação do Comitê de Prevenção da Mortalidade Materna, organismo de controle social dos óbitos maternos, também responsável por apontar medidas de intervenção para a redução dos casos.

Segundo o secretário, faz parte da política da atual gestão manter o que dava certo nas administrações anteriores, mas a determinação é ampliar ações da rede de atenção materno-infantil. “Demos continuidade aos programas implantados anteriormente e vamos investir na qualificação dos pontos de atenção materno-infantil”, afirma Beto Preto.

A maternidade do HT, cita ele, está exigindo investimentos de mais R$ 12 milhões para ser equipada. Os recursos são quase que exclusivamente do próprio Estado. “Estamos resolvendo gargalos para que a atenção à mães e bebês seja ampliada”, explica o secretário.

“A mortalidade materna é um indicador importante para avaliar a efetividade dos serviços de saúde e a identificação de eventos sentinela para prevenção de novos óbitos”, avalia a coordenadora de Vigilância Epidemiológica, Acácia Nasr. Segundo ela, nesse caminho existem desafios importantes, como a redução da taxa de cesáreas, partos prematuros e das desigualdades regionais e socioeconômicas na saúde.

Nestes e outros aspectos, o comitê que será reativado vai atuar em parceria com os Conselhos Profissionais da Saúde, Associações dos Municípios do Paraná, Consórcios Municipais de Saúde, gestores municipais e representantes da sociedade civil organizada. “Faremos juntos o enfrentamento para a redução da morte materna”, afirma a diretora de Atenção e Vigilância à Saúde, Maria Goretti David Lopes.

COMO FUNCIONA – A gestante tem a Unidade Básica como porta de entrada no Sistema Único de Saúde (SUS), geralmente um posto de saúde das prefeituras municipais. Todo esforço é feito para que ela entre no sistema de preferência com até 12 semanas de gestação.

Na primeira consulta, a futura mãe recebe uma Carteira de Gestante, que a vincula a uma maternidade onde deverá fazer o parto, de acordo com o risco que apresenta – habitual, intermediário ou alto. São 92 hospitais espalhados por todo território paranaense; 30 deles capazes de lidar com os maiores riscos.

O sistema exige que a gestante faça, no mínimo, sete consultas durante a gestação e mais uma consulta até cinco dias depois do parto. Tudo correndo como esperado, o bebê já sai da maternidade – 48 horas depois do nascimento, em média – com a realização dos testes do pezinho (para detectar uma série de doenças, inclusive deficiências genéticas e metabólicas), do olhinho e orelhinha (para determinar a acuidade visual e auditiva) e o teste do coraçãozinho, que verifica as condições cardíacas do bebê.

PEZINHO – O Paraná é o único estado que faz a coleta de sangue para o Teste do Pezinho ainda na maternidade, o que agiliza o diagnóstico. “A Secretaria da Saúde também faz a logística de transporte das amostras para análise e, posteriormente, o envio de resultados para as maternidades”, informa Mouseline Domingos, coordenadora do Serviço de Referência em Triagem do Paraná.

A criança também recebe uma carteirinha, que deve acompanhá-la por muito tempo. Nos primeiros seis meses, os pais se comprometem a levar a criança a consultas mensais; as visitas ao médico precisam ser trimestrais do sexto ao 12º mês; semestrais até o fim do segundo ano de vida e anuais a partir do terceiro ano de vida.

COMITÊ – A Divisão de Atenção à Saúde da Mulher trabalha na capacitação de cerca de 30 mil profissionais de saúde para a organização do atendimento nos seus diversos níveis: Atenção Primária, Secundária e Terciária. Sempre mantendo parcerias com universidades e sociedades médicas e de enfermagem.

“Já foi comprovado que o comitê contribui para a melhoria da avaliação dos óbitos, aumentando a quantidade e a qualidade das informações sobre as causas das mortes e fatores de riscos associados”, comenta Maria Goretti. Segundo ela, os dados colhidos permitem estabelecer políticas mais eficazes de assistência integral à mulher no planejamento familiar, durante a gravidez, nos casos de aborto, no parto e no puerpério.

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