As ações desenvolvidas pela Sanepar para a segurança de suas barragens foram apresentadas nesta segunda-feira (21), durante o I Simpósio Nacional de Segurança de Barragens para Abastecimento e Irrigação, em Curitiba. Promovido pela Sanepar, pelo Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB) e pelo Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), o evento reuniu especialistas do segmento de abastecimento de água e de irrigação para debater a segurança desses empreendimentos.
A engenheira da Sanepar Adriana Verchai de Lima Lobo, que representa o Paraná no CBDB, explica que o objetivo do simpósio foi disseminar a cultura de segurança de barragens de abastecimento público e mitigar riscos de ocorrência de incidentes ou de acidentes com estas estruturas. “No Brasil, já é bastante difundida a questão das barragens do setor de energia elétrica. Já o debate em torno das barragens de abastecimento público é mais recente, desde 2010, com a lei 12.334”, afirma.
Segundo Adriana, a Sanepar atende aos critérios de segurança de projeto e construção preconizados em normas técnicas e também estabelecidos por lei nas quatro barragens operadas pela companhia no Estado: Iraí, Piraquara I e II e Passaúna. Pela legislação vigente, todas as barragens devem ter um Plano de Segurança de Barragem (PSB), composto por seis volumes. Desde 2015, a Sanepar entrega anualmente ao órgão fiscalizador Águas Paraná relatório dos registros de monitoramento, inspeções, operação e manutenção com as ações realizadas no ano anterior, que atendem aos quatro primeiros volumes do PSB.
Ela acrescenta que já estão contratados o Plano de Ação Emergencial e a Revisão Geral da Segurança Periódica. “A conclusão desses documentos está prevista para o fim de 2020, dentro do prazo legal. Mas posso afirmar que as barragens da Sanepar são seguras por terem sido construídas com as boas práticas de engenharia e por terem acompanhamento e manutenção de operação e instrumentação”, destaca.
O presidente do Comitê Brasileiro de Barragens, Carlos Henrique Medeiros, manifestou preocupação em relação a projetos de lei apresentados no Congresso que visam a modificação da lei 12.334, sem que técnicos e profissionais do setor tenham sido ouvidos. “As propostas apresentadas mostram desconhecimento da área, ignoram os avanços obtidos nos últimos nove anos, desde que a legislação passou a vigorar, e ainda confundem barragem de rejeitos com barragens hidrelétricas”, criticou.
O engenheiro e economista Francisco Luiz Gomide, ex-ministro de Minas e Energia, ex-presidente de Itaipu e da Copel, e presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos, falou sobre a desinformação que existe sobre a importância das barragens. “As barragens são imprescindíveis porque sem reservação não há sustentabilidade, não há energia renovável”, disse.
Gomide citou trechos do artigo “Demonização dos reservatórios, um erro perfeito”, de sua autoria, que aponta as críticas sem fundamento com relação aos reservatórios de água. “Reservatórios têm uma história de sucesso de mais de 4 mil anos como instrumento de controle dos extremos do ciclo hidrológico. Apesar disso, nos últimos 40 anos, a implantação de reservatórios vem sendo atacada por organizações e indivíduos equivocados, que não levam em conta que a eventual ocorrência de mudanças climáticas demandará que se aumente o armazenamento total do sistema.”
PRESENÇAS - Também participam do evento a geóloga Ester Amélia Assis Mendes, gerente de Recursos Hídricos da Sanepar, que falou sobre o Plano de Segurança Hídrica da empresa; o presidente do Instituto de Engenharia do Paraná, Horácio Guimarães; o diretor de Operações da Sanepar, Paulo Dedavid; o diretor de Meio Ambiente da companhia, Julio Gonchorosky; representantes de empresas e instituições públicas e privadas de água e irrigação, profissionais de estudos e projetos, construção, operação e meio ambiente de barragens, professores, pesquisadores e estudantes universitários.