Assessora do Governo do Estado para ações voltadas ao universo feminino, Goretti Bussolo, e o policial militar da reserva que trabalha num dos turnos de um colégio em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba, parte do programa Escola Segura, receberam nesta sexta-feira (4) cinco denúncias de abuso e violência durante uma palestra que tinha como título Feminicídio e Violência Contra a Mulher. Eles foram convidados a falar pelos alunos do 1° ano do Ensino Médio.
O caso mais evidente foi de uma aluna que denunciou durante a palestra, em voz alta, que sofria abuso. O relato dela foi cadastrado no Disque 100, que encaminhará o caso ao Ministério Público. Ela também recebeu apoio do psicólogo da escola, que desconhecia a história, e passou a integrar a rede de proteção estadual de vítimas.
A assessora explicou que o caso foi emblemático porque se soma à estratégia do programa Escola Segura de promover e melhorar a segurança de todos: alunos, professores, pedagogos e comunidade escolar.
“O caso mostra que a violência e o abuso ainda estão muito presentes em alguns cotidianos escolares. Nós pretendemos fazer ciclos de palestras nas 71 escolas já cadastradas no programa e auxiliar na melhoria desses ambientes. É uma iniciativa importante porque promovem ainda mais o diálogo que já é realizado diariamente pelos policiais militares”, explicou Goretti Bussolo. “Nós podemos evitar muitos casos em função dessa política de atenção nas escolas públicas”.
Os outros casos foram denúncias de abuso intrafamiliar que a escola desconhecia, um caso de uma mãe de um aluno agredida em casa pelo pai e de uma professora que denunciou maus tratos em outra escola. Em todos os casos a rede de proteção foi acionada para acompanhar os atingidos.
“Na palestra, o policial apresentou todos os dados de violência do País e falou sobre a importância das denúncias, a integração das forças de segurança e a capacidade do Estado de dar repostas a isso. A minha parte foi de contar como os abusos acontecem no dia a dia, no cotidiano das casas, das escolas, dos trabalhos e da vida em sociedade”, disse Goretti. Segundo ela, as outras denúncias aconteceram depois da palestra, num momento mais privado.
A roda de conversas desta sexta-feira motivou um novo encontro na escola. Na terça-feira (8), a coordenadora de Políticas para Mulheres do Governo do Estado e os policiais do Escola Segura voltam a falar, mas desta vez com pais dos alunos e professores.
PROGRAMA - O Escola Segura é um programa do Governo do Paraná executado em conjunto pela Polícia Militar e as Secretarias de Estado da Educação e do Esporte e da Segurança Pública. O trabalho complementa as atividades preventivas já desempenhadas pelo Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária.
A Polícia Militar reforça as ações preventivas e desenvolve atividades que envolvem estudantes, pais e responsáveis. O programa também inclui os professores e a coordenação pedagógica das unidades de ensino para inibir crimes e delitos, além de incentivar a participação da comunidade escolar em ações para coibir o tráfico e uso de drogas, violência, bullying e danos ao patrimônio público.
O programa é executado por policiais que estavam na reserva e se inscreveram em um edital, passaram por uma seleção para confirmar se atendiam os critérios do programa, além de testes físicos e psicológicos. Eles também participaram de um curso de aperfeiçoamento de 20 horas.
As capacitações foram pensadas para integrar o profissional à comunidade escolar e incluíram conhecimentos gerais sobre o policiamento escolar, abordagem policial e capacitação de tiro. Os policiais vigiam os colégios estaduais em dois turnos: das 7h às 15h e das 15h às 23h.