O carregamento recorde de 90 mil toneladas de farelo de soja em um único navio graneleiro no Porto de Paranaguá se destaca pelo volume expressivo, mas também por reafirmar a capacidade operacional do Corredor de Exportação do porto paranaense.
O diretor de Operações dos Portos do Paraná, Luiz Teixeira da Silva Júnior, disse que um dos fatores que permitem ao terminal paranaense fazer uma operação deste porte é a estrutura marítima. "Damos total condição de segurança para operações e movimentações de embarcações deste porte", afirma.
Outro diferencial, segundo ele, é a configuração do Corredor de Exportação - não apenas pela capacidade técnica e operacional dos equipamentos de carregamento, localizados no cais, mas também pela estrutura de armazenagem e retaguarda. "O modelo adotado, com vários terminais interligados para carregar em três berços prioritários, permite que mais de um terminal embarque em um único navio simultaneamente. Esse fator cria maior flexibilidade de utilização de capacidade estática de cada terminal e permite uma maior produtividade de cada berço de atracação", afirma.
CORREX - Segundo Gilmar Francener, chefe da Divisão de Silos, a regulamentação dos Portos do Paraná dá segurança para o exportador trabalhar com o Porto de Paranaguá. “São reuniões diárias para elaborar a programação de atracação de navios do Corredor de Exportação e formatar o line up, que é o nosso cronograma das operações. As regras são claras e as reuniões são públicas, o que garante maior transparência e eficiência à logística do complexo”, diz.
A logística de recebimento das cargas, na chegada à cidade, é pensada na organização e controle. “Não temos filas. Há janelas de agendamento para os caminhões, controle do fluxo de veículos através de cotas diárias, dentro do sistema Carga On Line, e estarmos atentos à performance de cada terminal”, explica Gilmar.
Esse controle é feito por um “medidor” de performance dos terminais, que avalia o desempenho da descarga de cada terminal e, com base nisso, controla o cadastro dos caminhões para cada local de descarga. “Temos um medidor do número de veículos na via de acesso aos terminais. Os algoritmos desenvolvidos pelo sistema Carga On Line analisam e controlam esse fluxo de caminhões”, diz.
COMPLEXO - O Corredor de Exportação é formado por nove terminais privados: Cargill, AGTL, Interalli, Centro Sul, Coamo, Louis Dreyfus, Cotriguaçu, Cimbesul e Rocha. Além de dois terminais públicos: um silo vertical, com capacidade estática de cem mil toneladas, e um silo horizontal, com capacidade total de 60 mil toneladas.
Pelos silos públicos, atualmente, operam Céu Azul, Grano Logística, Gransol, Marcon, Sulmare, Tibagi e Transgolf, que trabalham com diversos exportadores menores.
Todos os terminais têm condições de direcionar a carga para os seis carregadores de embarque (shiploaders). Em linhas próprias, eles direcionam a carga para seis linhas centrais, que levam o produto até o navio. Desta área de ligação até o carregador são 8,4 quilômetros de correias transportadoras, que recebem manutenção preventiva diária, 24 horas por dia.
DIRECIONAMENTO - O painel central do complexo controla, de forma automatizada, o direcionamento dessas linhas para todo e qualquer navio. Essa operação do painel central é feita pelos funcionários da Associação dos Terminais Exportadores do Porto de Paranaguá (ATEXP), sob fiscalização dos funcionários dos Portos do Paraná.
A produtividade para grãos é de 40 mil toneladas por dia, para cada navio. No caso de farelo de soja, são 28 mil toneladas por dia, por navio. “Apesar de conseguirmos carregar até 700 toneladas por hora, o farelo de soja é uma operação mais lenta. O produto, além de menos peso, tem mais volume. Ou seja, ocupa mais espaço na esteira e não tem o mesmo escoamento que os grãos de milho e soja”, explica Teixeira.
OPERAÇÃO - O navio que recebeu a carga recorde é o chinês Lan Hua Hai, que partiu para a Holanda na tarde de quarta-feira (5). Nos sete porões da embarcação, quatro terminais carregaram: Cotriguaçu, Coamo, Cargill e do Silo Público. Os operadores carregam o farelo de soja comprado de empresas como Cargill e ADM, e de cooperativas como as paranaenses Coamo, Cocamar e Agrária, e a goiana Comigo.
Dos caminhões que descarregaram farelo no Porto de Paranaguá, 60,6% trazem produção do próprio Estado, Paraná. Na sequência, compõem o estoque do produto o farelo de soja vindo de Goiás, Mato Grosso, São Paulo, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia.