Em seis meses de vacinação contra o coronavírus, mais de 8,5 milhões de doses foram distribuídas para os 399 municípios do Paraná. Desde o primeiro lote desembarcado no Estado, em 18 de janeiro, o compromisso firmado pela Secretaria Estadual de Saúde foi de entregar os imunizantes a todo o Estado em até 48 horas. Depois de 30 remessas recebidas, essa logística agora acontece em menos de um dia.
Tal velocidade só é possível graças a uma parceria entre a Secretaria da Saúde e a Casa Militar do Governo do Estado, responsável pela entrega aérea das vacinas às Regionais de Saúde mais distantes da Capital. Até o dia 30 de junho, as quatro aeronaves utilizadas no serviço somaram 273 horas e 35 minutos de voo — o equivalente a 11,2 dias ininterruptos no ar nos 181 dias de campanha. O levantamento é do Departamento de Transporte Aéreo da Casa Militar.
A Casa Militar disponibiliza quatro aeronaves para o serviço: três aviões e um helicóptero. Os aviões são dos modelos Cessna Grand Caravan, um Beechcraft King Air C90 e um Beechcraft King Air 350. Já o helicóptero é do modelo Eurocopter EC 130 B4.
"O Governo do Estado não mede esforços para fazer com que as vacinas que tocam o solo paranaense sejam rapidamente distribuídas para as Regionais de Saúde, chegando a todos os municípios. Essa isonomia é o ponto alto do trabalho de levar vacinas aos paranaenses", afirma o secretário da pasta, Beto Preto.
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O major Gustavo Hauenstein, chefe da divisão de transporte aéreo da Casa Militar, explica que a agilidade aumentou conforme crescia a experiência. “Em uma única tarde, nós distribuímos doses para o Paraná inteiro — o que, se fosse de caminhão, refrigerado ou normal, levaria quase dois dias. Se em uma tarde tem distribuição da Secretaria, na manhã do dia seguinte as prefeituras já estão vacinando. Isso dá uma boa agilizada”, conta.
“A parceria realizada com a Casa Militar está sendo extremamente importante para a entrega de medicamentos e vacinas. Estamos conseguindo distribuí-los a todas as Regionais em menos de 24 horas”, reforça Margely de Souza Nunes, diretora do Centro de Medicamentos do Paraná (Cemepar).
PASSO A PASSO – O trabalho começa com a confirmação do quantitativo de doses a serem enviadas para cada uma das 22 Regionais de Saúde do Estado. Cada uma é responsável pelos municípios de suas respectivas bases, descentralizando a logística.
As vacinas são enviadas do Ministério da Saúde por avião do Rio de Janeiro ou São Paulo, a depender do fabricante dos imunizantes. As doses aterrissam no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, e são encaminhadas para o Cemepar, em Curitiba, onde passam por um processo de conferência e organização para despacho.
Quando a distribuição é liberada, as Regionais mais próximas da Capital buscam suas respectivas doses por via terrestre. Já as doses referentes às Regionais mais distantes são levadas ao Aeroporto do Bacacheri.
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Nesse ponto, a Casa Militar já desenhou uma rota de entrega com base no número de caixas que vão para cada município. “Em um avião que vai para o Oeste, por exemplo, eu coloco vacinas para pousar em Pato Branco, Cascavel e Foz do Iguaçu, para então retornar a Curitiba. Ou, quando tem muita quantidade, eu faço uma carga grande para uma regional mais estratégica”, explica o major Gustavo Hauenstein.
Uma vez entregues às Regionais, as doses são distribuídas localmente entre os municípios.
As aeronaves, que normalmente transportam pessoas, são completamente adaptadas para o transporte do maior número de vacinas possível: os bancos são retirados e a aeronave é transformada em um cargueiro. Mais de 20 pilotos estão à disposição do serviço.
Em casos de alta demanda, há ainda um avião e dois helicópteros do Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA) e helicópteros da Polícia Civil que dão suporte à logística da Secretaria de Saúde.
“É emocionante a gente poder levar esperança para o povo. Especialmente no começo, tinha muita expectativa das pessoas. No meu primeiro voo, aterrissei em Londrina vi que o hangar estava lotado de imprensa, havia uma ansiedade das pessoas. Foi muito bacana, não imaginava que haveria tanta gente”, conta o chefe do departamento de Transporte Aéreo.
O secretário da Saúde, Beto Preto, complementa que todo o esforço coletivo vale a pena para salvar as vidas dos paranaenses. "Agora que atingimos seis meses de vacinação, eu olho para trás e vejo quanto esforço, quanta vontade de atender. Aviões atravessando os céus do Paraná, veículos transportando as vacinas pelas estradas, assim como os nossos caminhões de insumos, que não pararam de rodar durante todo esse período", declara.
REGIONAIS – De janeiro a junho, o Aeroporto de Londrina foi o que mais recebeu voos. Foram 35, o que soma 58 horas e 52 minutos no ar - uma média de 1 hora e 41 minutos por voo. A título de comparação, uma viagem de carro realizando o mesmo trajeto, de Curitiba a Londrina, leva cinco horas.
Maringá é o segundo principal destino das aeronaves. Foram 34 voos, somando um total de 47 horas e 36 minutos. Com média de 1 hora e 24 minutos por voo, a duração é quatro horas e meia menor que as seis necessárias para fazer o trajeto de Curitiba a Maringá por via terrestre.
Duas regionais que também receberam grande quantidade de pousos foram as de Cascavel e Foz do Iguaçu. A primeira, com 26 voos, tem 24 horas e 15 minutos de tempo total de voo, com média de 56 minutos/voo. Foz, com 25 voos, soma 40 horas e 36 minutos e tem média de 1 hora e 37 minutos/voo.
Outros 12 municípios já receberam as aeronaves: Toledo (16 voos, 16h42 de tempo total), Umuarama (14 voos, 18h31 de tempo total), Apucarana (14 voos, 16h17 de tempo total), Campo Mourão (8 voos, 8h20 de tempo total), Cianorte (8 voos, 3h26 de tempo total), Paranavaí (8 voos, 9h05 de tempo total), Jacarezinho (7 voos, 11h01 de tempo total), Pato Branco (5 voos, 4h11 de tempo total), Guarapuava (5 voos, 4h47 de tempo total), Cornélio Procópio (5 voos, 5h07 de tempo total), Francisco Beltrão (3 voos, 3h48 de tempo total) e Telêmaco Borba (2 voos, 1h01 de tempo total).
TESTES – Além da entrega das vacinas, a Casa Militar mantém outras parcerias com a Secretaria da Saúde. Uma delas é o transporte de órgãos para transplantes, em que o Estado é referência nacional em agilidade e responsabilidade com a fila de espera.
Outra iniciativa aconteceu pontualmente entre março e abril de 2020, quando a disponibilidade de testes para diagnóstico do coronavírus ainda era escassa e concentrada no Laboratório Central do Estado, em Curitiba.
Durante cerca de 45 dias, a Casa Militar realizou uma operação de recolhimento diário de testes, decolando às 5h30 da manhã e passando por cidades como Cascavel e Londrina para trazer os exames à Capital no menor tempo possível. Atualmente essa dinâmica é feita em parceria com a Rodopar.