O Paraná completou sessenta e dois dias do surgimento dos seis primeiros casos da Covid-19 no Estado nesta terça-feira (12) e confirmou 1.906 diagnósticos da doença, com 113 óbitos. Naquele 12 de março, a capacidade de testes ainda era limitada e a preocupação era com as viagens internacionais dos paranaenses ou os deslocamentos para cidades de outros estados que já sinalizavam a circulação do vírus. Nesse período, o Estado multiplicou a capacidade de testes (alcançará 5,6 mil por dia), estabeleceu controle sanitários nas divisas, restringiu a circulação de pessoas e estruturou uma rede com 549 leitos de UTI, um hospital exclusivo na Capital e sete hospitais no Interior.
No informe desta terça-feira, a Secretaria da Saúde divulgou 57 novas confirmações e duas mortes pela Covid-19. Uma mulher de 91 anos residente de Cascavel faleceu no dia 7 de maio e um homem de 57 anos que morava em São José dos Pinhais morreu no dia 10 de maio. Ambos estavam internados.
Os municípios que registraram novos casos confirmados foram Ampére (1), Apucarana (2), Cascavel (2), Coronel Vivida (1), Curitiba (4), Figueira (1), Foz do Iguaçu (7), Guairacá (1), Londrina (6), Maringá (1), Medianeira (2), Mirador (1), Palotina (1), Paranapoema (1), Paranavaí (2), Pato Branco (2), Ponta Grossa (1), Ramilândia (1), Ribeirão do Pinhal (2), Santa Isabel do Ivaí (2), Santa Tereza do Oeste (1), Santa Terezinha de Itaipu (1), Santo Antônio do Caiuá (1), São José dos Pinhais (7), Telêmaco Borba (1), Tijucas do Sul (1), Três Barras do Paraná (1) e Wenceslau Braz (3).
PERFIL - O Paraná registra, em média, 30 casos novos e quase dois óbitos por dia nesse período. A média de idade dos pacientes diagnosticados é de 45,1 anos e dos que morreram pela doença é de 68,1 anos - o mais jovem tinha 34 e o mais idoso 95. Além disso, praticamente 70% dos pacientes já estão recuperados.
Segundo o secretário da Saúde, Beto Preto, as políticas implementadas nesse período e intervenções pontuais em alguns municípios permitiram controlar o avanço da doença, ainda que ela continue a causar danos. “Se olharmos de forma epidemiológica essa situação, são quase nove semanas do novo coronavírus no Estado. O alcance e a quantidade de pessoas convalescentes e que morreram pela Covid-19 são indicadores de perigo”, afirmou. “Pensamos na gestão pública de forma ampla, em grandes ações e números, mas cada número é uma pessoa, que tem em seu entorno outras pessoas que se importam e se preocupam com elas”.
Embora a Secretaria divulgue números e gráficos para demonstrar o panorama da doença no Estado, Beto Preto destaca que cada perda gera impacto imediato no Paraná. “Acabamos de passar pelo Dia das Mães, que é uma das datas mais simbólicas do ano, em que as pessoas demonstram afeto e amor em encontros e almoços. Estamos evitando as aglomerações e percebo o quanto isso afetou as celebrações. Não somente por adiar esse momento, mas também porque muitas mães perderam os filhos, muitos filhos perderam as mães e isso nos afeta diretamente”, acrescentou.
POLÍTICAS DA SAÚDE - Nesse período de dois meses a doença alcançou mais de um terço dos municípios e todas as faixas etárias, mesmo entre os mais novos (até 9 anos) e os mais idosos (mais de 80 anos). Enquanto isso, o Governo do Estado trabalhou diuturnamente em parceria com os municípios para prover Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), coletar testes com as aeronaves do Estado, estruturar a telemedicina e o sistema de apoio das políticas públicas com os bolsistas, e contratou 362 servidores já aprovados em concurso.
Com a evolução dos casos, o controle sanitário no Paraná se tornou mais rígido nas atividades essenciais e aquelas que tiveram que interromper suas rotinas vão passar por nova regulamentação. A Secretaria de Saúde começou a testar profissionais que estão na linha de frente, aumentou a transparência do boletim epidemiológico e recebeu mais recursos oriundos de outros Poderes e do caixa do Estado, oriundo da suspensão da dívida com o governo federal.
RETROSPECTIVA – A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou na segunda quinzena de janeiro que um novo vírus havia surgido na China e que já havia casos identificados na Coreia do Sul, Tailândia, Japão e Estados Unidos, todos de pessoas que estiveram em Wuhan, na província de Hubei na China.
Naquele momento a Secretaria de Estado da Saúde, alinhada às orientações da OMS e do Ministério da Saúde, publicou uma nota informativa sobre a situação do novo coronavírus, a definição do caso, a gravidade da doença causada pelo vírus e informações gerais do que era conhecido até então.
Nos dias que se sucederam, foram registradas suspeitas de pacientes com o novo coronavírus no Estado, descartadas por exames laboratoriais, e houve a instituição e ativação do Centro de Operações em Emergências em Saúde Pública da Secretaria da Saúdea (COE). O primeiro caso do Brasil teve a confirmação no dia 26 de fevereiro, em São Paulo.
Os exames laboratoriais específicos para identificação do novo coronavírus estavam concentrados no Laboratório da Fiocruz, no Rio de Janeiro, no início da pandemia. Naquele momento o Paraná organizou um fluxo em que o Laboratório Central do Estado (Lacen-PR) realizava testes das amostras de pacientes com suspeitas de contaminação para outros vírus e, caso o exame não identificasse nenhum, a amostra seguia para o Rio de Janeiro. Em 5 de março o Lacen recebeu os primeiros kits para iniciar os exames específicos para diagnóstico do novo coronavírus.
No Paraná, as primeiras confirmações foram informadas no dia 12 de março. Foram seis casos relatados naquela quinta-feira (12), sendo cinco de Curitiba e um de Cianorte. Todos tinham histórico de viagem ao exterior. Os dois primeiros pacientes vieram a óbito nos dias 25 e 26 de março e a divulgação das mortes tendo como causa a Covid-19 ocorreu no dia 27 de março.
No dia 17 de abril, a Secretaria de Saúde passou a divulgar um informe epidemiológico com gráficos e informações mais detalhadas dos casos confirmados de Covid-19.
Nos primeiros dias o documento contava com oito páginas e já chegou a ser publicado com 20. “A nossa vontade é deixar tudo bem explicado para a população. A ansiedade por entender a situação também prejudica e é uma patologia, e queremos evitar mais problemas com muita informação”, arrematou a diretora de Vigilância em Saúde, Maria Goreti Lopes, que também coordena o COE.
AJUSTE NO BOLETIM - Um caso confirmado na data de 01/5 como residente em Curitiba foi transferido para São José dos Pinhais.
CONFIRA O BOLETIM COMPLETO DESTA TERÇA-FEIRA.