Em Dois Vizinhos, perfuração de poço no Aquífero Guarani tem sistema de extração de petróleo

Para atravessar as rochas que compõem o solo em Dois Vizinhos equipes contratadas pela Sanepar se revezam 24 horas por dia. Um metro de rocha pode levar cinco horas para ser perfurado. Esta obra teve início em abril deste ano com prazo de conclusão previsto para meados de outubro.
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01/08/2024 - 16:50
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No município de Dois Vizinhos, no Sudoeste do Estado, a realidade geológica impõe um grande desafio à Sanepar na perfuração de um poço tubular profundo onde está concentrada uma das maiores reservas subterrâneas de água-doce do mundo, a do Aquífero Guarani. A cidade está assentada sobre rochas da Formação Serra Geral, composta principalmente por basaltos, e o poço ultrapassa justamente as rochas desta formação. A execução exige equipamentos especiais e equipes de profissionais treinados.

Está sendo utilizada uma sonda de perfuração com capacidade para perfurar até 2,5 mil metros de profundidade. Este tipo de equipamento é o mesmo que se utiliza para perfurar poços de petróleo. Esta obra prevê uma profundidade final de 1.060 metros, com câmara de bombeamento em 14 polegadas de diâmetro.

O equipamento tem capacidade de 120 toneladas de guincho, com torre de 32 metros de altura. O porte desta obra exige uma operação ininterrupta. As equipes trabalham 24 horas por dia em regime de revezamento. No total, 20 pessoas atuam na obra, entre mecânicos, sondadores, equipe operacional de plataforma e torre e técnico de segurança.

A formação geológica do terreno também apresenta complexidade na exploração desse tipo de poço. De acordo com o geólogo Adalberto Amâncio de Souza, que atua na Gerência de Hidrogeologia da Sanepar, no local da perfuração em Dois Vizinhos o terreno apresenta variações.

“O Serra Geral é formado por pulsos magmáticos, com uma base mais consistente, dura, e à medida que aflora ela fica mais mole, chamada de basalto vesicular. Na perfuração essa variação geológica é mais facilmente sentida. A parte menos densa é de perfuração mais fácil, levando de 45 a 60 minutos para furar um metro. Quando chega na parte mais solidificada, mais consistente e maciça, a perfuração de um metro de rocha pode demorar cerca de cinco horas”, explica.

Esta obra teve início em abril deste ano com prazo de conclusão previsto para meados de outubro. Finalizada a etapa de execução do poço, e confirmando as expectativas de vazão e qualidade, serão iniciadas as obras de interligação dele ao sistema de distribuição de água. A perfuração já alcança mais de 400 metros de profundidade em solo composto por arenitos e basaltos.

O geólogo, que também é o responsável técnico e gestor do contrato dessa obra, explica que a profundidade em que o aquífero se encontra implica na produção de água com temperatura em torno de 45 graus. Para distribuição, a água deverá ser resfriada a uma temperatura em torno de 25 graus. Esse processo será feito em torres de resfriamento depois que forem concluídas as análises das características físico-química e da qualidade da água.

ALTERNATIVA OUSADA – A gerente-geral da Sanepar, Rita Camana, destaca que desde a estiagem que atingiu o Sudoeste do Paraná, em 2020 e 2021, a Companhia vem trabalhando em alternativas para abastecer a cidade. Depois de esgotadas todas as possibilidades de perfuração de poços no Aquífero Serra Geral, se chegou na opção mais ousada de captar a água no Guarani.

“A expectativa é a de que esse poço produza de 200 a 250 mil litros de água por hora, trazendo incremento de 60% na produção de água e garantindo abastecimento para Dois Vizinhos até 2040”, diz. Ela afirma ainda que nas regiões Oeste e Sudoeste esse é o primeiro poço perfurado no Guarani para ser utilizado no abastecimento público.

Hoje, a demanda do sistema de Dois Vizinhos é atendida através de uma captação superficial, no Rio Girau Alto, e pela operação de mais cinco poços perfurados no aquífero Serra Geral, que produzem juntos, em média, 8 milhões de litros de água por dia. A longa estiagem que atingiu o Sudoeste do Paraná demonstrou a necessidade de ampliar a produção de água para fazer frente a estes eventos que se apresentam de forma recorrente.

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