Uma cadeira de rodas conectada a um software que responde a comandos de voz. Esse é apenas um dos projetos desenvolvidos por alunos do Centro de Estadual de Educação Profissional (Ceep) Maria Lydia Cescato Bomtempo, em Assaí, município de cerca de 16 mil habitantes localizado no Norte do Estado. O local oferece cursos técnicos voltados para atender a demanda do setor produtivo da região. Além da formação profissional, também estimula o empreendedorismo e o protagonismo dos estudantes com projetos de pesquisas cujos resultados são utilizados depois pela própria comunidade.
O colégio atende mais de 530 estudantes de cinco municípios da região que cursam o Ensino Médio integrado aos cursos técnicos em Mecânica, Eletroeletrônica, Agronegócio e Edificações, ou apenas a formação profissional na modalidade subsequente. Desde o ano passado, em parceria com o Sebrae, oferta aos professores palestras e cursos de capacitação para trabalhar o empreendedorismo com os conteúdos das disciplinas. E os resultados estão aí para quem quiser ver.
DA ESCOLA PARA A COMUNIDADE - Uma vez por ano, a escola apresenta à comunidade todos os trabalhos e pesquisas realizados pelos estudantes na Exposição Pedagógica e Científica (Expotec). A feira reúne mais de 20 projetos que possuem três características em comum: multidisciplinaridade, inovação e empreendedorismo. Esses requisitos garantiram ao colégio, em 2018, o primeiro lugar no Estado na categoria Ensino Médio do Prêmio Educação Empreendedora, promovido pelo Sebrae/PR.
“A inovação é uma metodologia de ensino que possibilita a construção de gestores com perfis de liderança na sociedade”, disse a diretora Eunice Manoel Vieira.
Em cada edição, a Expotec recebe mais de 4 mil pessoas, entre estudantes de outras escolas da região, pais, empresários e membros da comunidade escolar que têm a oportunidade de conhecer de perto as atividades desenvolvidas na escola técnica. A feira levar aos estudantes uma perspectiva empreendedora, já que são eles os responsáveis pelo desenvolvimento e apresentação de projetos.
“Além de proporcionar a formação técnica e qualificação profissional, queremos que nossos alunos tenham um espírito empreendedor e inovador para impactar a sociedade, porque o profissional que inova se destaca tanto no protagonismo social como no mundo do trabalho”, destacou Eunice.
MOBILIDADE E INOVAÇÃO - Aos 16 anos, o estudante Gabriel Felipe Galassi de Oliveira, do 3° ano do curso integrado em Eletroeletrônica, desenvolveu junto com seu professor uma cadeira de rodas conduzida por comandos de voz. O protótipo utiliza o software Jarvis, que recebe e reconhece os comandos de voz e faz os movimentos da cadeira. “Pensamos nesse projeto para ampliar as possibilidades de acessibilidade de pessoas portadoras de tetraplegia”, disse Gabriel.
A pesquisa foi patrocinada pela empresa desenvolvedora do software, que irá financiar a fabricação de outros exemplares do experimento.
ESTUFA AUTOMATIZADA - Também no ano passado, os estudantes dos cursos de Agronegócio e Eletromecânica criaram uma estufa automatizada autônoma. O processo de irrigação é automatizado e funciona por meio de placas eletrônicas movidas a energia solar. O objetivo da pesquisa, segundo o professor do curso de Agronegócio, Fábio Hirochi Tiago Ikeda, é trazer inovações para o trabalho no campo.
“A agricultura está buscando cada vez mais novas tecnologias em todos os setores para melhorar a produção, e por meio dessas pesquisas os alunos conseguem transformar a realidade do meio no qual estão inseridos, orientando e incluindo os produtores nessa nova realidade”, disse.
SUSTENTABILIDADE E NEGÓCIOS - No mesmo ano, os alunos dos cursos de Mecânica e Eletroeletrônica desenvolveram o projeto de criação de tilápia residencial. Os alunos elaboraram uma metodologia autossustentável de criação e venda do animal para ajudar os produtores a diminuírem os custos de produção e aumentarem os lucros com as vendas do peixe.
Eles ensinaram os produtores a maneira correta de alimentação e cuidado com a água, por meio de um filtro natural, para manter o peixe saudável. Além disso, a água de descarte do tanque de criação dos peixes pode ser usada com adubo orgânico. “Eu procuro trabalhar com os alunos ideias inovadoras para que eles saiam daqui como técnicos e empreendedores”, disse o professor dos cursos de Mecânica e Eletroeletrônica, Alexandre Braga.