Diretora do MON: experiência em gestão pública e envolvimento com a arte

Em sua segunda gestão no Museu Oscar Niemeyer, Juliana Vosnika pretende estender as ações do MON para todo o Paraná com ênfase no setor educativo.
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05/04/2019 - 16:40
Editoria

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"Sabe que é um problema trabalhar em museu? Você fica esteticamente muito exigente", diz a diretora do Museu Oscar Niemeyer (MON), Juliana Vosnika, quando é indagada sobre o seu local preferido no prédio monumental projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Além das salas escondidas que guardam os bastidores do museu, o túnel é escolhido depois de alguma reflexão como o ponto mais bonito do prédio. "O hall do pátio das esculturas, o museu inteiro é lindo! Mas o túnel é superenigmático."

Formada em Economia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), especialista em gestão estratégica e com MBA em Administração, Vosnika chega à sua segunda gestão no MON (a primeira foi de 2015 a maio de 2018) com desafios como sensibilizar públicos plurais e atrair apoios para que o museu se torne cada vez mais sustentável.

"A ideia é fazer uma gestão mais objetiva, e o meu lado de economista ajuda”, diz ela. Também é essencial no momento que estamos vivendo no país, com a diminuição de patrocínio. E o MON tem essa capacidade de gerar receita própria. Claro, a sustentabilidade total não existe em nenhum museu do mundo, nem no Louvre. Somos um equipamento público, um imóvel do Estado, e precisamos do apoio do governo, mas acredito na possibilidade de ampliar as receitas, somando as de bilheteria com locação de espaços e os advindos da terceirização do café e do estacionamento", explica Juliana.

ESTRATÉGIAS - Incremento na área de eventos e a renovação do Programa de Patronos do MON (no qual pessoas físicas fazem um aporte anual de recursos que é usado exclusivamente para a aquisição de novas obras de arte para o acervo) são algumas estratégias adotadas pela diretora.

"A aquisição de obras de arte não estava sendo feita com frequência e recomeçou por meio desse fundo", diz Juliana. Para isso, é realizada uma pré-seleção pelo museu, aprovada pelo conselho cultural e votada pelos patronos. "Isso cria um senso de pertencimento e uma ligação maior, até afetiva, entre o doador e o museu", acredita a diretora. Em três anos, mais de 40 obras foram compradas. É também uma forma de reconhecimento e incentivo aos artistas paranaenses e brasileiros.

DO TURISMO PARA A CULTURA - Depois de graduada, Juliana foi trabalhar na área de desenvolvimento econômico e turismo, atuando principalmente com a captação e atração de investimentos. Foi diretora de turismo na Prefeitura de Curitiba, trabalhou na iniciativa privada (Convention Bureau) e também na Universidade Livre do Meio Ambiente (Unilivre), onde adquiriu experiência na administração de entidades do terceiro setor como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e Organizações Sociais (OS) – modelo no qual atualmente se enquadra o MON.

O convite para o MON veio pelo fato de as áreas artísticas e de turismo estarem diretamente ligadas, ressalta a diretora. "O MON também é um ícone turístico. Nosso desafio é mobilizar as pessoas para que elas entrem no museu e para que os curitibanos também o frequentem. Infelizmente, e é uma realidade no mundo todo, no dia a dia não sobra tempo para visitar um museu na sua cidade. Mas quando as pessoas viajam, elas fazem questão de conhecer. Sensibilizar o público que ainda não conseguimos atingir é o grande desafio da nossa gestão."

ORIGENS - Além disso, mesmo com a praticidade dos números e da economia, Juliana sempre foi uma apreciadora da arte e a carrega em suas origens: seu bisavô é o escritor e poeta Dario Velozzo, cujas ideias exerceram influência ampla no meio cultural de Curitiba. Seu pai foi diretor do Teatro Guaíra. "No período em que o meu pai foi diretor, eu deveria ter uns 8 anos, vi todos os espetáculos, e me emocionava a cada nova produção de óperas, operetas e balés. Sempre participei muito da vida cultural de Curitiba”.

As viagens em família sempre tinham apelo cultural. “Meus pais faziam questão de ir a museus e conhecer locais no Brasil, como as cidades históricas de Minas Gerais, as capitais culturais do País como Rio de Janeiro, Salvador”, lembra.

Na infância, Juliana estudou no Colégio Sion, que valoriza e promove em sua grade curricular questões culturais e artísticas. Também fez cursos livres de desenho e escultura, mas sempre, faz questão de frisar, de forma amadora. "Não sou artista." Recorda que sua turma de escola ia com frequência a pé ao então espaço cultural do Banco de Desenvolvimento do Paraná, na Avenida Vicente Machado, para ver exposições.

"Quando eu vejo as crianças chegando para as visitas no MON no começo da tarde eu sempre lembro disso. É algo que fica na memória. Tínhamos uma professora de história da arte que fazia projeções de obras de grandes museus, como o Louvre, e nos ensinava sobre cada uma delas. Isso ficou marcado para todos os alunos. Outro dia a encontrei com a neta aqui no museu, foi gratificante. Por isso, acredito que sensibilizar as pessoas desde novas para a arte e a cultura é fundamental."

PROJETOS - Para sua nova gestão, a diretora pretende implementar iniciativas de ensino a distância com o setor educativo, criando tutoriais para que museus menores saibam como o MON lida com questões como acessibilidade, prevenção de incêndio e Libras (o museu está iniciando capacitação em língua de sinais), além de projeto para atender pessoas com Transtorno do Espectro Autista. Fora isso, há planos de fazer algumas mostras itinerantes por todo o Paraná.

Entre as grandes exposições, a vinda de "Ai Weiwei Raiz" no dia 2 de maio é a maior novidade para 2019 — o espaço do Olho, salão nobre do MON, vai abrigar obras do artista chinês, conhecido por seu trabalho com temas sociais, e que dialoga com a coleção asiática, doada recentemente e ao museu. "Queremos que as exposições itinerantes que venham tenham uma integração entre nosso acervo e marco referencial", frisa Juliana.

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