Detentos da unidade prisional
de Castro produzem chinelos

Os itens já produzidos foram distribuídos entre os presos da própria unidade de Castro e ainda na unidade feminina da regional de Ponta Grossa.
Publicação
11/05/2020 - 16:00

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A cada dia, 100 pares de chinelos são produzidas por quatro presos implantados no projeto "Calçando a Vida", desenvolvido na Cadeia Pública de Castro. A unidade, que está sob jurisdição da 2ª Regional do Depen, que tem sede em Ponta Grossa, já produziu 960 itens (ou 480 pares) desde o início do funcionamento, na última quarta-feira (27).

Os itens já produzidos foram distribuídos entre os presos da própria unidade de Castro e ainda na unidade feminina da regional de Ponta Grossa. Além disso, também foram confeccionados exclusivamente 30 pares de chinelos pretos para base da Seção de Operações Especiais (SOE) de Ponta Grossa.

Para que o projeto se efetivasse, as máquinas foram adquiridas em uma parceria entre o Depen de Ponta Grossa e a Igreja Universal. A matéria-prima para a confecção dos primeiros chinelos foi recebida através de doações da sociedade e dos próprios servidores do Departamento Penitenciário.

“Como agentes penitenciários, vemos recorrentes histórias de pessoas que foram encarceradas por erros que haviam cometido, mas que, uma vez aqui dentro, recebem profissionalização e uma nova realidade. Saem daqui melhores do que entraram. Assim, acreditando nisso, vários servidores também fizeram doações de material”, afirmou o coordenador regional de Ponta Grossa, Luiz Francisco da Silveira.
Para as presas mulheres, estão sendo fabricados chinelos na cor rosa. Já para os detentos homens, a cor escolhida foi laranja, como já é o uniforme dos internos. Aos agentes penitenciários, serão fabricados na cor preta. Outras cores do calçado também poderão ser produzidas, dependendo das doações de matéria-prima.

O projeto barateia o investimento da regional no fornecimento do kit preso, que inclui uniforme, o qual já é produzido no interior das unidades prisionais, e um par de sandálias, entre outros itens. “Além disso, dá mais oportunidade de trabalho aos presos interessados em aprender uma profissão e ainda remir parte de sua pena”, afirmou o chefe do Setor de Produção e Desenvolvimento (Seprod), Boanerges Silvestre Boeno Filho.

Juntamente com o gestor da unidade de Castro, Carlos Fernando Giugiolini Von Hoonholtz, um dos idealizadores do projeto foi o chefe de cadeias públicas da regional de Ponta Grossa, Everton Rodrigo dos Santos. “A motivação é sempre buscar projetos inovadores tanto para os presos, como para os beneficiados. Também buscamos implementar sempre a questão de trabalho para os privados de liberdade, pela segurança das unidades, porque há um impacto muito grande na questão da disciplina. Com isso, também conseguimos alcançar um público que por vezes é ignorado, mas que um simples calçado é um item essencial na vida dessa pessoa”, afirmou.

PARCERIA - O público a que Everton se refere são os andarilhos, uma vez que esta iniciativa também se integrou a um projeto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), chamado de “Vidas na Estrada: andarilhos e trecheiros”, o qual tem o objetivo de informar os andantes sobre a situação da infecção e a respeito da importância da higienização para se protegerem. Na sexta-feira (07), o Depen entregou os primeiros 13 pares de calçados à iniciativa, de um total de 150.

“Além disso, o projeto vai oferecer um kit com produtos de higiene pessoal, incluindo um par de chinelos produzidos por detentos da Cadeia de Castro”, afirmou a policial rodoviária federal e uma das idealizadoras da iniciativa, Silvane Furlanetto.

De acordo com ela, a parceria com o Depen permitirá, neste momento, que o projeto se realize. “Queremos, acima de tudo, promover para os andarilhos e trecheiros dignidade em meio à crise da Covid-19, população comumente invisível para sociedade”, destacou.

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