A Portos do Paraná se preparara para realizar ainda neste mês uma das obras mais aguardadas pela comunidade portuária: a derrocagem de uma pequena parte da Pedra da Palangana vai dar mais segurança para a navegação e para o meio ambiente. Com a remoção dos pontos mais rasos do complexo de rochas subterrâneas, o risco de encalhe de navios e desastres ambientais será minimizado. A profundidade atual, que no trecho mais crítico é inferior a 12 metros, será atualizada e a expectativa é que passe para 14,6 metros.
“A obra seguirá todos os protocolos de segurança e será realizada de forma controlada, com todos os cuidados para o meio ambiente, para a população que vive nas proximidades e para o porto. Não será feita a explosão de todo o complexo, que tem mais de 200 mil metros cúbicos. Mas a remoção de apenas 22,3 mil metros cúbicos, cerca de 12% do total”, explica Luiz Fernando Garcia, diretor-presidente da empresa pública que administra a área.
“Todos os esforços são no sentido de que o crescimento da atividade portuária aconteça de maneira sustentável. Mais de 44% de todos os empregos da região estão ligados aos portos e a arrecadação dos municípios tem como base os impostos pagos pelas empresas que atuam no setor. O porto, para se manter competitivo e manter estes postos de trabalho, precisa realizar obras - seguindo rigorosamente as recomendações dos órgãos ambientais, com programas de mitigação dos impactos e total transparência com a comunidade”, completa.
O investimento previsto é de quase R$ 23 milhões e a licença para a execução foi concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O órgão avaliou e autorizou os programas de monitoramento, ações mitigadoras e compensatórias para a obra.
A derrocagem está inserida na Licença de Instalação 1144/2016, da dragagem de aprofundamento de 2017/2018, e seguiu todos os passos exigidos pela legislação, incluindo a realização de audiência pública e programas de comunicação social.
“Uma equipe de profissionais especializados e multidisciplinares vai adotar todos os cuidados para evitar animais na área, durante as atividades do derrocamento, usando cortinas de bolhas, fechamento de tocas, emissão de vibrações sonoras subaquáticas, entre outras técnicas que são adotadas para o afugentamento temporário da fauna do local”, destaca João Paulo Ribeiro Santana, diretor de Meio Ambiente da Portos do Paraná.
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O QUE É? – Nesta obra, serão removidas seis partes de pontos rasos do maciço de rochas, que somam 22,3 mil metros cúbicos em volume. A menor delas tem 361 metros cúbicos e a maior 8 mil. As rochas são parte do complexo conhecido como “Pedra da Palangana” e estão localizadas no canal principal de acesso ao Porto de Paranaguá, o Canal da Galheta, um pouco à frente do Terminal de Contêineres.
O desmonte de cada maciço será realizado de forma separada. O procedimento vai funcionar da seguinte forma: uma embarcação vai perfurar vários pontos nas rochas para instalar os dispositivos de desagregação que irão fragmentar as rochas.
Antes da instalação, serão adotadas medidas de mitigação dos impactos sobre a fauna, que incluem o mergulho de especialistas para verificar se existem peixes ou outros animais marinhos. Nessa fase, também serão utilizados dispositivos acústicos (pingers) para repelir golfinhos e botos do local.
O passo seguinte é a instalação de uma cortina de bolhas, que reduz o impacto da explosão e impede a reaproximação dos animais. O equipamento é como uma mangueira, preenchida com ar, e é instalado ao redor do maciço a ser desmontado, isolando a área.
Antes da detonação, os mergulhadores permanecem espaçados para continuar a verificação da área. Somente após todas essas etapas, os dispositivos de desagregação são acionados, de forma sequencial, para reduzir os impactos da detonação.
Depois disso, uma draga mecânica equipada com guindaste e grab (concha) ou escavadeira recolhem os pedaços menores das rochas e os depositam em uma barcaça com cisterna. Já em terra, as rochas serão recicladas através de britagem e poderão ser usadas em obras nas cidades do Litoral.
MEIO AMBIENTE – Todo o procedimento é acompanhado – desde a contratação, até um ano após a conclusão da obra – por um monitoramento ambiental específico. Os programas incluem o acompanhamento da comunidade planctônica, bentônica, ictiofauna, carcinofauna, cetáceos e quelônios, além de monitoramento da variação de pressão da coluna d’água e ruídos subaquáticos.
Antes de cada desmonte, durante a noite, redes de pesca serão colocadas próximas às rochas e os peixes capturados serão transferidos para longe do local das obras. Mergulhadores também vão verificar a presença de animais e tocas, seguindo todos os cuidados para o bem-estar e segurança dos mesmos.
Quatro observadores de bordo farão o avistamento de botos e golfinhos antes e durante as obras. Se um animal se aproximar a uma distância inferior a 1.000 metros da obra, ela será paralisada.
PESCADORES – Além das etapas de audiência pública, realizadas para obtenção da Licença de Instalação 1144/2016, os pescadores da região foram convidados para a apresentação das obras e recebem os materiais de comunicação sobre o tema. Novas visitas serão feitas às comunidades pesqueiras para esclarecer possíveis dúvidas restantes.
A área de desmonte das rochas está localizada no canal de navegação, sendo destinada para acesso dos navios ao porto e, por motivos de segurança, a pesca é proibida pela Marinha. Ainda assim, todas as prevenções para evitar acidentes serão adotadas e as atividades terão o apoio da Capitania de Portos para evitar o fluxo de pequenas embarcações nos momentos de desmonte.
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OPERAÇÃO – Nos momentos em que a obra ocorrer dentro do limite do canal de navegação, o mesmo estará obstruído pelos equipamentos e a passagem de embarcações estará impedida. Nesta situação, para permitir as manobras dos navios na região, haverá a suspensão das operações de derrocamento dentro do canal, considerando uma janela diária para as manobras: entre as 4 horas antecedentes à preamar, estendida até 2 horas após a preamar (total de 6 horas).
Adicionalmente, parte do fluxo de navios será feito pelo canal de acesso alternativo, o Surdinho, que já recebe nova sinalização náutica. Graças à dragagem realizada no ano passado, o trecho conta hoje com calado de 12 metros e garante a segurança na entrada e saída de navios de grande porte.
APÓS A OBRA – Finalizada a obra, a empresa fará uma batimetria de categoria A, que mede a profundidade da área e é usada para garantir a segurança e a eficiência do tráfego de embarcações. Os resultados desta medição serão encaminhados à Marinha para validação e determinação de um novo calado, que corresponde à altura de água necessária para o navio flutuar livremente.