Com a perspectiva de estimular o espírito empreendedor e dar oportunidade de aprendizado às egressas do sistema penal, o Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), por meio da Penitenciária Feminina do Paraná (PFP), e a Universidade Positivo (UP) promovem um projeto de empreendedorismo às mulheres privadas de liberdade. A iniciativa tem por objetivo fomentar a ideia e atender uma das demandas da unidade de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, visando a ressocialização.
Neste momento, são 24 participantes. São desenvolvidos os projetos de negócio, com base na metodologia Canvas (ferramenta para inovação de modelos de negócios), as propostas de nome e logomarca, por exemplo. No início do curso houve aulas mais teóricas sobre empreendedorismo e o sistema carcerário, nas quais foram feitas análises sobre o perfil das mulheres encarceradas no Brasil e no Paraná.
O projeto trabalha com pontos fundamentais do empreendedorismo, desde os conceitos de vendas, análise de mercado e planejamento aplicados aos pequenos negócios. Também são abordados assuntos como atitude na hora da venda, habilidades e competências dentro do mercado e, ainda, questões voltadas para o atendimento ao cliente e trato com fornecedores e concorrência.
De acordo com a diretora da penitenciária feminina do Paraná, Alessandra do Prado, a parceria já alcançou bons resultados. "Entendemos que despertar o empreendedorismo é um dos fatores determinantes para a saída das pessoas privadas de liberdade do sistema. Já tivemos até um relato de umas das presas que saiu e conseguiu, a partir da capacitação oferecida pela universidade, trabalhar com confecções de pijamas", disse.
A professora e coordenadora do projeto, Muriel Brenna Volz, destacou que o apoio da universidade envolve diversas áreas. Segundo ela, um dos grandes objetivos da disciplina é permitir a análise do encarceramento e o processo de reinserção social a partir de várias perspectivas.
“A pandemia atrasou um pouco o desenvolvimento da parceria, já até oficializamos um programa focado na população prisional, mas enquanto isso pensamos em alternativas para começar esse novo projeto, ainda que no formato online. Com isso, surgiu a ideia de ensinar empreendedorismo para esse público", disse.
Nos últimos dias, como parte da ideia, também houve um encontro com psicólogas para alinhamento da abordagem a ser utilizada, como o roteiro de entrevista, a linguagem nas perguntas e quais assuntos deveriam ser trazidos na entrevista. Posteriormente, as mulheres puderam falar sobre os seus medos, preconceitos, angústias e tiraram dúvidas sobre como conduzir todo o processo.
Na fase final do projeto, as 24 mulheres irão receber um feedback sobre os projetos de empreendedorismo apresentados e será feito um balanço sobre o projeto, de modo a aperfeiçoá-lo para o próximo semestre.
CURSOS – Outros dois cursos foram encerrados recentemente no sistema penitenciário paranaense. Uma parceria entre a Secretaria da Segurança Pública, o Departamento Penitenciário do Paraná, a Faculdade Fanduca e a Universal nos Presídios (UNP) possibilitou a formação de 48 presos da Cadeia Pública de Campo Mourão II, no curso de Gestão em Empresas.
Ele foi disponibilizado pela plataforma EAD, no telecentro da unidade, entre fevereiro a agosto de 2021 e contou com o apoio da pedagoga Michele Golam dos Reis, do Complexo Social de Campo Mourão.
No fim de setembro, 20 presos da Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste (Peco) concluíram o curso de costura industrial de vestuário. Esta ação aconteceu via convênio do Depen, por meio do Projeto de Capacitação Profissional e Implementação de Oficinas Permanentes (Procap) do Depen Nacional, órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.