O escritor curitibano Dalton Trevisan, que faleceu nesta segunda-feira (9), aos 99 anos, deixou um legado que transcende a literatura e levou sua obra aos palcos do Teatro Guaíra. Reconhecido como um dos maiores nomes da literatura em língua portuguesa, Trevisan completaria 100 anos em março de 2025, data que será celebrada com a nova montagem do Teatro de Comédia do Paraná (TCP) da peça Daqui Ninguém Sai, cujo título foi escolhido pelo próprio escritor.
O governador Carlos Massa Ratinho Junior lamentou na manhã desta terça-feira a perda do escritor, referência nacional em contos, e reforçou o convite para a homenagem. "O falecimento do Dalton Trevisan é uma perda para a cultura paranaense e brasileira. Ele era uma das maiores referências de literatura mundial, inclusive, com dezenas de livros. Ele era uma pessoa muito discreta no seu dia a dia, na sua vida particular, mas que tinha uma presença cultural muito grande. Tanto que deixou um legado de inspiração para toda a cadeia da cultura”, disse.
"O Teatro Guaíra, inclusive, vai fazer uma grande homenagem a ele, reconhecendo muito essa importância que o Dalton Trevisan teve ao longo dos quase 100 anos de vida para a cultura paranaense e brasileira. Como cidadão paranaense, fica o nosso agradecimento por todo esse legado que ele deixa para a cultura do Paraná", complementou.
A peça "Daqui Ninguém Sai", a ser encenada pelo TCP, é a primeira atração confirmada na Mostra Lucia Camargo do Festival de Curitiba de 2025 e presta homenagem ao centenário de Dalton Trevisan.
A direção geral é da atriz e produtora Nena Inoue, que enfatizou a inclusão como um dos pilares da montagem. “O que buscamos foi trazer a essência dos personagens do Dalton, dando visibilidade aos invisíveis, como ele fazia em suas histórias. nós que sabemos dele, temos muito a trabalhar, com esse legado imenso que ele nos deixou”, ressaltou.
LUTO – A secretária de estado de Cultura, Luciana Casagrande, também manifestou sobre a perda do escritor. “Dalton Trevisan, nosso escritor paranaense e um dos maiores nomes da literatura brasileira. Presto minha solidariedade aos familiares, amigos e admiradores neste momento de luto”, disse.
Para o diretor artístico do Teatro Guaíra, Aldice Lopes, fica o legado de um escritor que também deixou sua marca junto à instituição. "Em quase oito décadas de carreira, Dalton Trevisan venceu todos os grandes prêmios de literatura brasileira e de língua portuguesa, incluindo o prêmio Camões pelo conjunto de sua obra. Nos palcos ele também esteve presente, com as obras encenadas aqui no Teatro Guaíra onde será perpetuada sua obra” destacou.
O diretor-presidente do Guaíra, Cleverson Cavalheiro, lembra que em homenagem, o teatro prepara a montagem de mais um texto do "Vampiro de Curitiba". "Lamentamos profundamente a perda de Dalton Trevisan, um dos maiores nomes da literatura brasileira e uma figura icônica na história do Teatro Guaíra. Suas obras, que ganharam vida em nossos palcos, continuam a inspirar gerações. Em homenagem ao seu centenário, o TCP prepara a montagem, celebrando o legado de Dalton, que transformou Curitiba e o Teatro Guaíra em cenário para a sua obra", declarou.
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RELAÇÃO COM O GUAÍRA – Dalton Trevisan teve uma relação profunda com o Teatro Guaíra. Participou do Teatro Experimental Guaíra em 1956, antes de suas obras serem levadas ao palco.
Nos anos 1990, os palcos do Guaíra receberam adaptações marcantes do escritor, como "Mistérios de Curitiba" (1991), com direção de Ademar Guerra e produzida pelo Teatro de Comédia do Paraná; "O Vampiro e a Polaquinha" (1992), que ficou oito anos em cartaz e se tornou uma das produções mais longevas em cartaz, produzida pela Fundação Cultural de Curitiba, também com direção de Ademar Guerra.
Em 1998, foi encenada no Teatro Guaíra a peça "O Ventre do Minotauro", com direção de Marcelo Marchioro, e em 2005, outra montagem baseada na obra de Trevisan foi selecionada pelo TCP, a peça "Pico na Veia", também dirigida por Marchioro.