A Secretaria da Justiça, Família e Trabalho (Sejuf), através da Escola de Educação em Direitos Humanos (Esedh) e do Departamento de Atendimento Socioeducativo (Dease), promove o curso de Capacitação em Emergências Psiquiátricas aos servidores que atuam nos Centros de Socioeducação e Casas de Semiliberdade (Censes) em todo o Paraná.
Nesta quinta-feira (19), as aulas presenciais acontecem durante todo o dia em Curitiba – a primeira turma ocorreu no início do mês em Laranjeiras do Sul.
A capacitação tem por finalidade promover a formação de todos os servidores que atuam no Sistema de Atendimento Socioeducativo do Paraná. O foco é na intervenção em situações de crise em saúde mental pautada na proteção integral ao adolescente em conflito com a lei, no atendimento humanizado e na garantia dos direitos humanos.
São consideradas emergências as situações de natureza psiquiátrica em que existe o risco significativo de morte ou dano grave, tanto para a própria pessoa em sofrimento psíquico, como para terceiros, e que demandam intervenções terapêuticas imediatas.
As aulas do curso são expositivas presenciais, acompanhadas de exercícios ou exemplos práticos de fixação associados, sempre que possível, às questões reais do cotidiano de atendimento socioeducativo. A formação é ministrada por psiquiatras vinculados à Residência Médica em Psiquiatria da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
As atividades serão desenvolvidas de forma regionalizada, com duração de um dia, totalizando 8 horas por turma. Em cada região serão formadas duas turmas para atingir os servidores que trabalham no horário de expediente e na escala de 12 por 36 horas.
As próximas capacitações serão nas regiões de Foz do Iguaçu, Ponta Grossa, Londrina e Umuarama, totalizando 384 inscritos.
O palestrante desta quinta foi Deivisson Vianna Dantas dos Santos, médico, psiquiatra, mestre e doutor em saúde coletiva pela Unicamp, docente adjunto do Departamento de Saúde Coletiva da UFPR.
CUIDADOS PERMANENTES – De acordo Rogério Carboni, secretário estadual da Justiça, Família e Trabalho, o intuito do curso de Capacitação em Emergências Psiquiátricas é instrumentalizar os servidores da socioeducação do Estado. “Entendemos ser primordial a formação continuada, garantindo não somente a promoção de ações de prevenção e redução dos agravos, mas dando subsídios teórico-práticos aos profissionais que atuam diretamente no contato com esses adolescentes”, disse.
A chefe do Dease, Ligia Ivone Ribas, ressaltou a importância dos cursos de capacitação, entendendo que eles oferecem suporte aos servidores para agirem nas situações do dia a dia. “Esse trabalho de capacitação é fundamental, até porque o servidor vai poder observar melhor o comportamento deles e buscar antecipar ações para evitar uma tragédia. O emocional é tudo nesse ambiente”, afirmou.
“No momento em que o servidor tem a capacidade de observar o jovem, ele também pode observar ao seu redor os colegas, identificando assim se alguns deles também possam sofrer algum dano emocional, necessitando ser tratado de maneira antecipada”, assegurou a chefe do Dease.
Jorge Wilczek, diretor do Cense Curitiba, explicou que as palestras e rodas de conversa do curso orientam sobre qual a melhor maneira de lidar com os adolescentes em relação aos momentos de sofrimento pelos quais eles passam. “Vejo que esta é a melhor maneira de abordar a situação emocional daqueles jovens privados de liberdade”, disse.
Na visão de Deivisson, todo adolescente em conflito com a lei, ou uma boa parte, tem uma grande carga de sofrimento, pois eles vivem em situação de vulnerabilidade, com dinâmicas familiares comprometidas.
“O próprio ambiente de privação de liberdade, por melhor que seja, também causa sofrimento. Esses dois fatores associados fazem com que tenhamos que investir em equipes acolhedoras. Essas estratégias de educação continuada mantêm esse padrão de qualidade e aprofundam ainda mais essa discussão e esse acolhimento”, afirmou o médico psiquiatra.
Ele destacou, ainda, que não são apenas os adolescentes que vivem nesse ambiente institucional. “Os trabalhadores também passam por uma carga de sofrimento alta. Durante as nossas palestras e rodas de discussão, procuramos fazer também essa reflexão, buscando indicar como fazer para trabalhar a saúde mental dos servidores”, disse.
PRESENÇAS – Também participaram do lançamento Joice Mudrek, diretora da Escola de Educação em Direitos Humanos; Shanny Mara Neves, coordenadora de Ensino da Escola de Educação em Direitos Humanos; Alex Sandro da Silva, diretor do Cense Fazenda Rio Grande; Glaucia Rennó Cordeiro, diretora do Cense São José dos Pinhais; Ronaldo Marafon, diretor do Cense São Francisco; Adriano de Oliveira, diretor da Semiliberdade Feminina; Daniel Fabrício Hermes, diretor da Semiliberdade Masculina; e Marina Dreyer Gameiro, diretora do Cense Joana Richa.