Moradores das regiões Oeste e Noroeste do Estado enfrentaram, nos últimos dias, as consequências do segundo pior evento climático da história do Paraná e o maior já vivido nestas regiões. Casas foram destelhadas e estradas ficaram intransitáveis em diversos municípios. O abastecimento de água e energia também foi afetado. A Copel esteve em campo desde o início do temporal para restabelecer o fornecimento de energia, interrompido pela grande quantidade de raios, árvores caídas sobre a rede e ventos de até 100 km/h.
Nesta quinta-feira (21), os serviços podem ser considerados regularizados, com exceções isoladas de locais de difícil acesso, ou danos que não impactam diretamente ao fornecimento a consumidores. Nestes casos, as equipes seguirão trabalhando nos próximos dias.
O balanço dos estragos causados pelo temporal contabiliza quase 1,2 mil postes e nove torres de transmissão derrubados pela força dos ventos e pela queda de galhos e árvores. Cidades inteiras chegaram a ficar sem energia e para recompor o fornecimento de luz, desde a madrugada do dia 14, cerca de 1.800 eletricistas estiveram em campo.
Mais de 20 mil ocorrências foram atendidas, a fim de regularizar o fornecimento. No pior momento do temporal, 330 mil clientes ficaram sem energia e, alternadamente, mais de 1 milhão de unidades consumidoras chegaram a sofrer alguma interrupção no fornecimento.
Um dos eletricistas que estiveram fora de casa para auxiliar na reconstrução das redes destruídas pelo temporal foi Rafael Uzzuelli. Encarregado de manutenção em Maringá, ele passou três dias colaborando com a força-tarefa na região de Paranavaí, a mais atingida de todo o Noroeste, em municípios como Nova Esperança, Colorado, Paraíso do Norte e Atalaia. Acompanhado dos colegas Willy Lopes Polizeli e Valmir Soares, ele enfrentou o terceiro temporal severo desta primavera, na região.
O serviço mais desafiador, conta ele, foi a troca de postes e chaves em Atalaia. “Na divisa das áreas urbana e rural, caíram várias árvores na rede. Um dos postes dava pra ver que tinha quebrado só com a força do vento”, disse.
Esta não foi a primeira vez que Rafael deixou a base para ajudar em uma força-tarefa. Ele esteve entre os eletricistas do Interior que foram ao Leste paranaense, em 2020, para reconstrução das redes após o ciclone bomba que atingiu a região, e também já esteve em Cascavel apoiando tarefas. Além da sensação de dever cumprido, ele avalia que estas experiências servem como aprendizado na profissão. “Sempre tem uma paisagem, uma situação diferente, que a gente não conhece”, afirmou.
Lotado na agência de Toledo, no Oeste do Paraná, o eletricista Neilson Rodrigues Furtado também esteve em campo nas emergências após o temporal. Além de Toledo e dos municípios do entorno, ele ajudou a regularizar o fornecimento de energia em Assis Chateaubriand, próximo a Jesuítas, uma das regiões que mais sofreu com a devastação do temporal.
Segundo ele, este evento climático foi pior para a região do que o ciclone bomba registrado em meados do ano passado. Com 28 anos de empresa, Furtado comentou que em eventos climáticos anteriores a chuva parava nos dias seguintes ao temporal, mas neste continuou chovendo por vários dias. Há dois anos ele trabalha em parceria com o colega Júlio César Reis, que também esteve neste episódio. Para eles, os principais desafios foram a quantidade de serviços e a dificuldade de acesso a muitos deles. "A gente tinha que entrar derrubando árvore", afirmou Furtado.