O Litoral do Paraná recebe mais uma atividade de preparação do canteiro das obras de Recuperação da Orla de Matinhos. Nesta quarta-feira (20), começou a ser coletado o material genético e mudas da restinga existente na praia. O projeto prevê a ampliação da área de restinga e a retirada de vegetação exótica, considerada danosa ao meio ambiente. Atualmente, são 34,7 mil metros quadrados de restinga plantados na cidade, sendo 15,9 mil metros quadrados de vegetação exótica. No futuro serão 100 mil metros quadrados de vegetação renovada.
As obras são financiadas do Governo do Paraná, via Instituo Água e Terra (IAT), e executadas pelo Consórcio Sambaqui, vencedor da licitação pública. O material genético das plantas será encaminhado ao viveiro construído pelo consórcio, em terreno doado pela Prefeitura de Matinhos.
No viveiro, as mudas serão cultivadas para a fase de recuperação e paisagismo do projeto. As obras, no valor de R$ 314,9 milhões, também contemplam a engorda da faixa de areia em até 100 metros de extensão ao longo de 6,3 km (do Morro do Boi ao Balneário Flórida), obras de micro e macrodrenagem, espigões, headlands e outras intervenções de infraestrutura e paisagismo.
O diretor de Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos do IAT, José Luiz Scroccaro, afirma que este é o momento de cultivo. “As mudas serão recolocadas na praia após as intervenções e quando a areia estiver estabilizada”, afirmou. “A restinga protege a praia da maré alta e das ressacas, dando estabilidade para a areia. Dessa forma, estamos ampliando a existência de restinga no nosso Litoral com a Recuperação da Orla de Matinhos”.
Segundo o coordenador de Saúde, Meio Ambiente e Segurança do Consórcio Sambaqui, Paulo Roberto Geraldo Filho, essa fase também integra o cronograma de preparação do canteiro de obras. A dragagem começará em julho. “Estamos seguindo o Plano Básico de meio ambiente, que integra o replantio dessa restinga. Essa primeira etapa integra a extração das sementes e das ramas, para que as mudas possam ser cultivadas no viveiro”, explicou.
VIVEIRO – O viveiro construído pelo Consórcio Sambaqui tem capacidade de produzir 650 mil mudas simultaneamente. O IAT também auxiliou no processo de cultivo das mudas, com a expertise que possui nos 19 viveiros florestais e dois laboratórios de sementes.
Hiago Adamoski Machado, engenheiro florestal e consultor do Consórcio Sambaqui, conta que a coleta do material genético da restinga é importante para garantir a característica da vegetação do litoral paranaense.
“A ideia é utilizar as espécies que já estão adaptadas ao ambiente costeiro, evitando trazer espécies de outras regiões. Estamos no processo de coleta que se chama germoplasma, então estamos removendo o material vegetativo e as sementes. Esse material deve ser feito antes da entrada das máquinas na areia”, disse.
O processo de coleta de material genético tem previsão de duração de duas semanas. As mudas serão preparadas para serem plantadas conforme as obras forem executadas, com previsão de acabar o processo em 2024.
EMPREGO – A produção de mudas de árvores nativas também mudou a vida de moradores do Litoral. Mãe de três filhos, Liliane Oliveira Regis, de 39 anos, vivia de emprego temporário e se preocupava em sustentar sozinha a casa. Hoje, ela ajuda na preparação das mudas de vegetação nativa no viveiro.
“Fiquei muito feliz, porque o emprego está difícil e sou mãe solteira. Hoje consigo ajudar meus filhos a estudar e pagar as contas de casa como água e luz, sem precisar buscar oportunidades para fazer faxina, o que não é garantido”, relatou.
OBRAS – As obras de Recuperação da Orla de Matinhos preveem, além da engorda da faixa de areia por meio de aterro hidráulico, estruturas marítimas semirrígidas, canais de macrodrenagem e redes de microdrenagem, e revitalização urbanística da orla marítima com o plantio de árvores nativas. Também serão realizadas melhorias na pavimentação asfáltica e a recuperação de vias.
O objetivo é minimizar os impactos gerados pela combinação do desequilíbrio de sedimentos, ocupações mal planejadas e ressacas no Litoral. Essa combinação vem destruindo e comprometendo boa parte da infraestrutura urbana, turística e de lazer no município.