Comunidade indígena Rio das Cobras aprova estudo da Nova Ferroeste

Os trilhos da Ferroeste já passam perto de Rio das Cobras, onde vivem 3,2 mil pessoas. Agora, com a Nova Ferroeste, a ideia é avaliar se haverá algum impacto novo na vida dessa população com o aumento do transporte de cargas. Esta é a única área indígena ao longo dos 1.285 quilômetros que conectarão Maracaju (MS) a Paranaguá (PR). 
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20/07/2021 - 18:20

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Os caciques e líderes indígenas do Território Indígena Rio das Cobras, no município de Nova Laranjeiras, no Centro-Sul do Estado, aprovaram nesta terça-feira (20) o cronograma, a metodologia e o roteiro do estudo que servirá de suporte para a Nova Ferroeste.

O encontro virtual reuniu membros da comunidade, representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), do Grupo de Trabalho do Plano Estadual Ferroviário e da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), empresa contratada pelo governo estadual para a realização do Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). 

Os trilhos da Ferroeste já passam perto de Rio das Cobras, onde vivem 3,2 mil pessoas. Agora, com a Nova Ferroeste, a ideia é avaliar se haverá algum impacto novo na vida dessa população com o aumento do transporte de cargas. Esta é a única área indígena ao longo dos 1.285 quilômetros que conectarão Maracaju (MS) a Paranaguá (PR). 

Vivem nas aldeias as etnias Kaigang e Guarani. É uma área de 19 mil hectares que foi destinada pelo Governo do Paraná em 1901. A maioria dos habitantes vive da lavoura. 

“Esse estudo vai levar cinco meses. As equipes vão realizar entrevistas, fotografar e organizar os dados coletados para produzir o relatório”, explicou Rodrigo Bulhões, coordenador do Componente Indígena de Transporte e Mineração da Funai. As compensações para o impacto serão indicados a partir dessa análise detalhada da rotina e da relação dos habitantes da área indígena com o entorno.

Os pesquisadores vão avaliar diversos aspectos que podem influenciar a vida nas aldeias da região. Com a revitalização do traçado atual entre Guarapuava e Cascavel e a ampliação da linha férrea, a rotina de quem vive próximo aos trilhos deve mudar.

“Vamos entender como está a situação hoje e como vai ficar futuramente. Não é simples para os técnicos fazerem esse exercício. Precisamos prever o que vai acontecer lá na frente com o aumento de carga passando na região”, destacou Paulo Goes, antropólogo e coordenador do estudo da Fipe. 

Segundo o diretor-presidente da Ferroeste, André Gonçalves, nesta região o novo traçado vai se manter muito próximo ao atual. Ele disse que as novas locomotivas híbridas, movidas a óleo diesel e eletricidade, serão muito mais silenciosas em relação às atuais. “Certamente o vencedor do leilão vai trabalhar com equipamentos mais modernos”, afirmou.

No início do mês, representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) e da Funai visitaram o Paraná e sobrevoaram a área. Os técnicos também percorreram de trem o trecho em que a ferrovia se aproxima da região. O ponto mais aderente tem 1,5 quilômetro.

“Constatamos que o trecho da ferrovia que já existe está num desnível bem grande da terra indígena, então acaba tendo uma barreira natural que reduz os impactos que a nova ferrovia vai causar”, disse Carla Costa, coordenadora-geral de Licenciamento Ambiental da Funai.

QUILOMBOLAS – A Nova Ferroeste também vai passar próximo a uma comunidade quilombola, no município de Guaíra. O grupo é formado por 17 famílias. As mesmas etapas do estudo do componente indígena serão aplicadas aos moradores dessa região no futuro.

NOVA FERROESTE – O projeto prevê a ampliação e modernização do traçado atual da Ferroeste. Os trilhos vão entrar no Paraná por Guaíra e seguir até Cascavel, onde se encontrarão com a ferrovia já existente. Lá também será o destino de um ramal previsto até Foz do Iguaçu. 

De Cascavel, a Nova Ferroeste desce em direção à Região Metropolitana de Curitiba e contorna a Capital até a Serra do Mar, para então alcançar ao Porto de Paranaguá. A ferrovia vai passar por 41 municípios do Paraná e será o segundo maior corredor de exportação de grãos e contêineres do País em volume de carga, com valor estimado em 3% do PIB nacional.

Pelos trilhos do futuro Corredor Oeste de Exportação, estima-se que devem passar cerca de 38 milhões de toneladas de cargas no primeiro ano de operação. Com investimentos no Porto de Paranaguá, o eixo potencializa a redução dos custos de exportação – cerca de 28% –, refletindo na elevação da produtividade e competitividade do setor produtivo.

O projeto ainda está em fase de estudos ambientais (EVTEA-J e EIA/RIMA). Eles serão concluídos até o fim do ano. A partir de janeiro estão previstas audiências públicas em todas as regiões do traçado.

A Nova Ferroeste deve ir a leilão na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) no primeiro semestre de 2022. A empresa vencedora vai executar o projeto e poder explorar o empreendimento por 60 anos. A iniciativa privada vai investir R$ 25 bilhões.

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