Com túnel finalizado, obras em canal de contenção de cheias de Francisco Beltrão chegam a 50%

Projeto do Governo do Estado vai minimizar problema histórico de cheias do Rio Marrecas. O túnel de 1,2 quilômetro que vai escoar as águas do Córrego Urutago até o Rio Marrecas já está finalizado. As obras se concentram agora na abertura do canal de contenção do córrego, que chegaram a 50% de execução, com mais de 300 metros concluídos.
Publicação
13/01/2023 - 12:10

Confira o áudio desta notícia

Uma das obras mais emblemáticas do Governo do Estado, que vai minimizar o problema das cheias que perduram há décadas em Francisco Beltrão, na região Sudoeste, está próxima de se concretizar. Com investimento de cerca de R$ 50 milhões do Instituto Água e Terra (IAT), o túnel de 1,2 quilômetro de extensão, que vai escoar a água do Córrego Urutago até o Rio Marrecas, já está finalizado. As obras agora se concentram na abertura do canal de contenção do córrego, que chegaram a 50% de execução, com mais de 300 metros concluídos.

A previsão da prefeitura de Francisco Beltrão é que esta etapa do projeto seja entregue em julho. O canal terá 740 metros de extensão, 12 metros de profundidade e oito de largura, e fará a ligação até o túnel que vai desembocar no Marrecas. Após esta fase, será iniciado o aprofundamento do leito e alargamento do Rio Marecas, além de adequações do Rio Lonqueador.

Nesta etapa, estão sendo feitas escavações para retirada de terra e detonações de rocha em todo o trecho, para alargar e aprofundar o leito. A parte mais trabalhosa é a contenção das laterais do córrego em concreto armado, que é feita de forma simultânea às escavações, para evitar erosão.

O secretário municipal do Planejamento de Francisco Beltrão, Alexandre Pecoits, explica que todo o processo é bastante complexo, porque a obra é na área urbana do município. O túnel, por exemplo, chega a ficar a 62 metros abaixo das vias urbanas, saindo do Parque de Exposições Jayme Canet Júnior até o bairro Padre Ulrico, onde vai desembocar no Rio Marrecas.

“Tanto na escavação do túnel, como no alargamento do canal, foram realizadas detonações em rocha regularmente, que exigiam a retirada dos moradores e o isolamento da área”, explica Pecoits. “Uma obra deste porte dentro da cidade, com as pessoas morando no entorno, o trânsito fluindo, é um grande desafio. Mas apesar de todos os agravantes, os moradores estão satisfeitos, porque as consequências das enchentes eram muito piores”.

A maior delas ocorreu em 1983, e de acordo com registros da época, atingiu mil residências e deixou 4,5 mil pessoas desabrigadas. Em outubro do ano passado, as fortes chuvas que atingiram a região poderiam trazer consequências semelhantes, mas mesmo incompleta, a obra ajudou a mitigar os estragos.

“O rio subiu, mas mesmo com as chuvas intensas, as enchentes foram menores. Abrimos a ensecadeira, que é uma espécie de barragem construída no canal do Rio Urutago nessa etapa da obra, para escoar até o túnel, que ficou cheio”, conta o secretário. “Mesmo com funcionamento parcial, avaliamos que as estruturas funcionaram bem e não tiveram desgaste. Apesar de haver alagamentos, a obra evitou consequências maiores à cidade”.

COMO VAI FUNCIONAR – Quando chove em grandes volumes, o Rio Marrecas transborda e pressiona outros córregos que circulam pela cidade, como o Urutago, Lonqueador e Progresso, que também enchem acima do nível normal. Isso causa as enchentes que, historicamente, trouxeram muitas perdas e prejuízos à cidade.

O alargamento e aprofundamento do Urutago vão deixar o rio retilíneo e estável. Já o canal possibilitará o controle das enchentes. Ele fará a ligação até a comporta que fica na entrada do túnel, que conta com um sensor de nível para regular a sua abertura e fechamento. Quando o volume atingir a cota de alagamento inicial, ela se abre automaticamente e escoa a água pelo túnel, que vai retornar ao leito normal do Rio Marrecas.

Além destas obras, também será executado o rebaixamento do leito do Rio Marrecas e seu alargamento em alguns trechos, bem como uma readequação do Rio Lonqueador, para minimizar as cheias nas áreas urbanas. Ainda será construído um parque linear nas margens do Rio Marrecas, integrando-o à paisagem urbanística da cidade.

José Luiz Scroccaro, diretor de Saneamento e Recursos Hídrico do IAT, explicou que o projeto é pioneiro no Estado, proposto pelo órgão para resolver um problema para a área urbana do município. “O Paraná é extremamente rico em questão de rios e bacias hidrográficas. Essa é uma forma de aproveitar essa estrutura e ao mesmo tempo cuidar dos impactos urbanos”, diz.

TÚNEL PRONTO – A escavação do túnel de contenção de cheias terminou em 2020. Ele começou a ser construído em duas frentes, no Parque de Exposições Jayme Canet Júnior e no bairro Padre Ulrico. Elas se encontraram em 24 de setembro daquele ano. O túnel foi executado pelo método “Driling and Blasting” (perfuração e detonação), com trabalho ininterrupto de escavação. O ciclo foi composto por perfuração na rocha com jumbo (máquina para perfuração horizontal de rocha); carregamento de explosivo nos furos estratégicos; limpeza das rochas detonadas com carregadeira e caminhões; e tratamento com aplicação de tirantes para manutenção da estrutura.

GALERIA DE IMAGENS