Em três anos, mais que dobrou o número de pacientes cadastrados para atendimento no Centro de Atenção e Pesquisa em Anomalias Crânio Faciais (Ceapac) do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (Huop), de Cascavel, pertencente à Unioeste. Em 2018, quando foi credenciado, eram 600 pacientes. Atualmente são 1.300 cadastrados, segundo Mariângela Monteiro de Melo Baltazar, coordenadora do Ceapac.
Todo atendimento é feito pelo SUS e abrange cidades de cinco Regionais de Saúde. Inaugurado em 2013, o Ceapac recebe, em média, de seis a oito pacientes novos por semana, com idades bastante variadas entre recém-nascidos e adultos.
A unidade possui o atendimento de alta complexidade em fissuras labiopalatais, que é um desenvolvimento incompleto na região do lábio ou no palato (céu da boca). Essa má-formação acontece ainda no período gestacional e geralmente é descoberto durante ele. O tratamento existe, mas é bastante longo e deve começar assim que o bebê nascer.
“Recebemos crianças muito novinhas, de 4 dias por exemplo, para iniciar o tratamento, e ele deve permanecer até pelo menos os 21 anos”, diz Mariângela. O tratamento é demorado, pois as fases de crescimento devem ser obedecidas.
Alguns procedimentos não podem ser feitos com o osso ou o rosto crescendo. Tendo esse cuidado, cada procedimento é realizado no tempo certo. “Vão sendo colocados materiais provisórios até chegar o momento da substituição definitiva, que é o implante”, explica a coordenadora.
Os atendimentos não possuem fila de espera para as consultas e para ingressar no serviço. Para chegar até o Centro, o paciente deve buscar alguma Unidade Básica de Saúde (UBS), os profissionais identificam os casos de fissuras, se são tardios ou casos de pacientes que já são operados em outras unidades, e fazem o agendamento para o Ceapac.
“O atendimento vai de zero anos de idade e não tem limite máximo, pois pode acontecer de ter adultos que nunca operaram ou adultos que operaram, mas abandonaram o tratamento, e que tendo um centro mais próximo eles buscam para retomar”, comenta Mariângela.
ENCAMINHAMENTO – Para o encaminhamento de outros municípios da macrorregião, que abrange as Regionais de Saúde com sede em Pato Branco (7ª), Francisco Beltrão (8ª), Foz do Iguaçu (9ª), Cascavel (10ª) e Toledo (20ª), os hospitais dessas localidades devem encaminhar para o Tratamento Fora de Domicílio (TDF), para fazer o agendamento e providenciar um deslocamento para Cascavel.
O mesmo acontece com os pacientes que são atendidos nos centros de Bauru e Curitiba e pela dificuldade de deslocamento passam a ser atendidos no Ceapac de Cascavel.
ATENDIMENTO – Como o período de tratamento é longo, as famílias criam vínculos muito fortes com a referência do Hospital Universitário do Oeste do Paraná. “Eles sabem que podem contar com o Huop com qualquer demanda relacionada à fissura, isso os tranquiliza”, ressalta Mariângela.
Kathelim de Freitas é de Foz do Iguaçu e mãe de uma paciente que já no 14º dia de vida estava no terceiro atendimento no Ceapac. A mãe conta que está muito satisfeita e cada vez mais contente com o atendimento recebido. “O atendimento aqui é de extrema importância, é o auxílio que precisávamos. Saber que tem o centro perto da gente, que vai auxiliar em tudo que precisamos, direcionar, ver que tem tratamento, não tem preço”, diz Kathelim.
Além disso, se sentir confortável e bem recebido, para ela também é essencial. “Nunca fomos tão bem atendidos como aqui, nem pagando. A equipe, a atenção que eles nos dão, o carinho, o auxílio são maravilhosos. Estamos muito contentes”, completa.
ESTRUTURA – O Ceapac é um setor ambulatorial do Huop que conta com exames e equipamentos de altíssima complexidade. Além disso, existe uma equipe profissional completamente engajada na solução do problema, formada por profissionais de diversas especialistas: cirurgião, dentista, odontopediatra, cirurgião dentista ortodontista, cirurgião dentista periodontista, cirurgião dentista buco-maxilo-facial, pediatra, otorrinolaringologista, cirurgião plástico, neurologista, neurocirurgião, assistente social, psicóloga, nutricionista, enfermagem, fonoaudióloga, fisioterapeuta e geneticista.
A instituição também possui programas de residência no setor que traz uma carga de contribuição na formação de profissionais para atuar na área em todos os níveis, tanto em atenção básica, atenção de média complexidade.
O Ceapac surgiu como uma forma de melhorar e facilitar o deslocamento dos pacientes, pois os fissurados de todo o Paraná buscavam atendimento apenas em Bauru (SP) ou em Curitiba, onde possui centro especializado. Com o Ceapac no Huop, o Paraná conta com um centro em cada extremo, um no Leste e outro no Oeste.