Com a ajuda de imagens de satélites para identificação do crime ambiental, o Instituto Água e Terra (IAT) embargou nesta quinta-feira (16) uma área de 2,2 hectares em Quitandinha, na Região Metropolitana de Curitiba. O local era composto por uma Floresta Ombrófila Mista, com a presença de araucárias e imbuias, entre outras espécies, e foi desmatado para se transformar em pasto.
O proprietário foi notificado para comparecer ao IAT, em Curitiba, na próxima quarta-feira (22), para apresentar defesa. A multa é estimada em mais de R$ 40 mil, cálculo que será finalizado após a verificação de todos os danos ambientais. Ele terá também de fazer a recomposição da área. Uma motosserra também foi apreendida por falta de documentação.
A chácara embargada foi desmembrada de uma propriedade ainda maior, de 24 hectares, que também apresenta pontos de supressão da vegetação. De acordo com o Núcleo de Inteligência Geográfica e da Informação (NGI) do IAT, a área total de desmatamento chega a 7,93 hectares, sendo 0,17 hectare de Área de Preservação Permanente e 1,22 hectare de Área de Reserva Legal, o que qualifica o crime ambiental.
A divisão do terreno original, com a venda de duas partes, não foi informada ao IAT. Também não houve substituição do titular do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e os outros dois proprietários também precisarão dar explicações ao órgão ambiental. Ainda segundo o NGI, o corte de árvores teve início em 2020 e prosseguiu até fevereiro deste ano, quando o maior “clarão” vegetativo foi identificado pelos técnicos do núcleo.
“O CAR é a identidade da propriedade. Se os proprietários vendem e não atualizam o cadastro, serão notificados em caso de irregularidades. Quem optar por andar na ilegalidade será identificado”, afirmou o diretor-presidente do IAT, Everton Souza. “Precisamos que as pessoas nos informem para que não fiquem solidários em caso de ações fora do padrão. O CAR tem de estar sempre atualizado”.
Engenheira Florestal e responsável técnica pelo NGI, Aline Canetti explicou que o desmatamento em Quitandinha foi detectado via sistema Global Analysis and Discovery, da Universidade de Maryland, que está à disposição do IAT. “Realizamos uma análise completa do imóvel a partir de imagens de satélite multitemporais, de alta resolução, validando a detecção dos desmatamentos, bem como sua sobreposição com Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal”, destacou. “Fizemos uma varredura, que mostrou desmatamentos mais novos e mais antigos”.
Apenas no ano passado foram 3.411 autos de infração emitidos pelo instituto de danos à flora em todo o Paraná, com R$ 94,8 milhões em multas.
VIGILÂNCIA – O acompanhamento das áreas desmatadas é feito rotineiramente pelos fiscais ambientais e policiais militares por meio do policiamento motorizado. Graças às denúncias feitas pela população, tanto pelo telefone da Força Verde quanto pelo Disque-Denúncia 181, dezenas de localidades são monitoradas para identificar pontos sensíveis e os responsáveis por devastações da flora silvestre.
A integração com outros órgãos foi fortalecida para fazer frente aos casos de desmatamento e exploração ilegal das florestas. Por meio do convênio com o IAT, operações conjuntas são promovidas em várias regiões do Paraná, e com o apoio de outras entidades ligadas à defesa dos recursos naturais campanhas educativas trabalham com a conscientização de adultos e crianças sobre o porquê cuidar da terra e da mata silvestre.
COMO DENUNCIAR – O contato com as forças policiais pode ser feito via telefone 181, de forma gratuita, ou através da internet. Tanto pelo telefone quanto pela internet, é possível manter o anonimato, pois não é necessário se identificar.