No Dia Internacional do Museu, comemorado em 18 de maio, a Secretaria de Estado da Segurança Pública destaca um personagem com profunda ligação com o Museu de Ciências Forenses da Polícia Científica do Paraná (PCP), o curador Joel Camargo. Responsável por cuidar do acervo, ele passou por todas as transformações da Polícia Científica e do próprio museu em mais de 40 anos de trabalho e dedicação. Peças, utensílios e ferramentas são preservados pelas mãos do profissional com a utilização de produtos e cuidados especializados.
A Polícia Científica do Paraná criou o Museu de Ciências Forenses na década de 1970. A intenção foi abrir um espaço para exemplificar e aprimorar o conhecimento com elementos que agregam à formação de estudantes e profissionais de áreas como Medicina, Odontologia, Direito, Enfermagem e Farmácia. O local reúne peças que contam histórias da instituição, do serviço, de crimes e mortes que aconteceram no Estado, além de curiosidades sobre a área.
Pouco depois da fundação do museu, Joel já frequentava o local, que na época era no Instituto Médico Legal (IML). Esse foi o período em que o despertar e a vontade de ingressar de vez na profissão cresceram. Também houve um "empurrãozinho" de pessoas que estavam ao seu redor, indicando e orientando para que me inscrevesse em cursos da área.
“Eu comecei a observar as pessoas fazendo as atividades e depois fui criando gosto por elas e também o carinho e respeito. Na sequência fui estudar, fiz alguns cursos de museologia e anatomia, nos quais várias pessoas me ajudaram neste processo e foram essenciais para eu fixar-me nesta profissão”, conta Joel.
Enquanto foi ganhando oportunidade de ingressar em outras áreas na Polícia Científica, também foi aprimorando seus conhecimentos e, em paralelo, com a evolução em seus estudos, passou a recuperar os artefatos. Não foi tarefa fácil, segundo o próprio curador.
“Foi difícil de recuperar, pois as peças estavam muito detonadas. Neste período, em que comecei a estudar museologia e anatomia, consegui trabalhar com tudo isso, resgatando peça por peça. Por isso, os cursos que fiz foram essenciais no meu aperfeiçoamento, na parte técnica, para ajudar a manter o museu”, afirma.
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Joel relata, também, que passou por várias funções neste período até estabelecer-se no museu. Dentre elas, em especial, a parte da antropologia e da patologia. “Trabalhei com ossos, corpos não reclamados e não identificados. Neste caso foi com a parte técnica, auxiliando o médico legista na verificação de corpos em estado de putrefação avançada e, a partir disso, auxiliei na antropologia forense. Na patologia fui responsável pelo material que chegava de fora para fazer análise. Selecionava este material e depois passava para o médico legista dar sequência nos procedimentos”, explica.
Segundo o diretor-geral da Polícia Científica do Paraná, o perito Luiz Rodrigo Grochocki, o fato de ter pessoas como o Joel Camargo faz a diferença para a história da instituição. “São poucas as pessoas que têm essa característica de preservar e construir, todos os dias, essa história da PCP. Ter profissionais com essa competência é fundamental para o futuro da instituição”, complementa.
MODERNIZAÇÃO – Em meio ao processo de modernização, com o surgimento de várias tecnologias, o curador destaca as atividades e experiências que foram essenciais para o progresso da profissão. Começou no necrotério, com ferramentas que tornavam difíceis alguns procedimentos. "Depois, com a modernização, a situação foi ficando mais fácil. Na sequência, fui para patologia e toxicologia, e assim fui seguindo a carreira”, complementa.
A tecnologia foi um dos pontos importantes que ajudou com a manutenção do museu, e que teve auxílio e incentivo da nova diretoria da PCP. “Os maquinários e as ferramentas que trabalhamos são o grande diferencial quando comparamos o passado e o presente. Por isso, a modernização tem colaborado muito para a manutenção do museu. A nova direção investiu bastante neste ponto e, por isso, teve esta melhora com os materiais e artefatos”, afirma.
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LEGADO – Os 16 anos de dedicação exclusiva e a paixão pelo trabalho no museu foram essenciais para a renovação em todos os setores que passaram pelas mãos do curador. Atualmente, o museu tem exemplares de fetos, cadáveres mumificados, esqueletos e outros materiais relacionados ou resultantes de crimes, mas todos com caráter didático. “São corpos de anos e anos que usamos pelo lado científico, educacional, pois enriquecem para alunos de medicina, direito, odontologia e outros cursos”, afirma.
Ele enfatiza a importância do espaço na formação do profissional. “O museu fornece subsídio para estudo da área do crime, com aulas práticas e afins. Fico feliz quando uma pessoa entra no museu com um pensamento diferente e vê que o local é acolhedor e sai dele com outra visão. O estudante sai levando cuidados daqui e a valorização da vida”, completa.
Para a diretora do Museu de Ciências Forenses, a perita odontologista Thais Xavier, a entrega de Joel define de forma diferente e fundamental o trabalho que ele executa com maestria, atenção, cuidado e respeito para manter a história da PCP. “Todo esse papel da polícia científica e do Joel, com o resgate histórico, tem sido fundamental para mostrar para as futuras gerações a importância desse trabalho da Polícia Científica”, finaliza.
VISITAÇÃO – Neste momento de pandemia da Covid-19, as visitações ao Museu de Ciências Forenses estão suspensas por tempo indeterminado. Em período normal, o local já recebeu 2 mil visitantes ao mês. As visitas, que são restritas e devem ser agendadas previamente na direção-geral do Instituto Médico-legal (IML), são realizadas principalmente por estudantes de escolas e universidades.