Capacitação prepara servidores para acolher casos de autolesão

Objetivo é a identificação e o acolhimento adequado de jovens com comportamento autolesivo, que pode indicar maior tendência ao suicídio ao longo da vida. A família e os profissionais das escolas também devem ficar atentos a alguns sinais.
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04/09/2019 - 10:40
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O comportamento autolesivo na adolescência chama a atenção dos profissionais da área da saúde devido ao aumento das ocorrências no mundo todo. Estudos apontam que 14% dos adolescentes já se autolesionaram pelo menos uma vez na vida. A Secretaria de Estado da Saúde promoveu nesta semana, em parceria com o Núcleo da Paz e Secretaria da Justiça, Família e Trabalho, uma capacitação para profissionais que atuam nessas áreas. Também participaram servidores da Educação.

O tema foi debatido no 4º Ciclo de Videoconferências do Núcleo Estadual Intersetorial de Prevenção de Violências e Promoção da Saúde e da Cultura da Paz – o Núcleo da Paz. O evento fez parte da programação do Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio.

De acordo com a psicóloga da Divisão da Saúde Mental da secretaria, Flávia Figel, o comportamento autolesivo é um grande desafio para os profissionais que atuam com os jovens. “Precisamos saber identificar e acolher o problema, além de desenvolver estratégias de intervenção. A maioria das autolesões não possui intenção suicida, mas pessoas com esse comportamento apresentam maior risco de se engajarem em algum comportamento suicida ao longo da vida. Por mais superficial que a autolesão seja no início, pode se agravar”, explica.

Segundo a psicóloga e mestre em psicobiologia, a qualidade do acolhimento ofertado a este jovem fará toda a diferença na sequência do tratamento. “Se identificarmos e engajarmos este jovem às intervenções nos níveis da saúde, educação e assistência social, temos grandes chances de ajudá-lo”, explica.

Trata-se de um esforço conjunto, acrescenta a psicóloga. Os sinais de alerta para os casos de autolesão são mais identificados na escola ou em casa e, assim que percebidos, devem ser encaminhados para o serviço de saúde, para que sejam feitos os atendimentos necessários. “A Atenção Primária é a porta de entrada para estes jovens e, por isso, precisamos garantir que os profissionais das nossas unidades estejam sensíveis ao problema, dando o suporte necessário de forma imediata”.

COMPORTAMENTO – O comportamento autolesivo passou a ser estudado a partir dos anos 60. São fatores de risco para a autolesão: o histórico de violência física, psicológica e sexual, a dificuldade de se expressar, depressão e isolamento social, entre outros.

A autolesão acontece por meio de cortes, arranhões, mordidas e queimaduras e podem incluir uma diversidade de métodos. “O jovem ainda está aprendendo a lidar com emoções negativas e diante de dificuldades pode se autolesionar”, disse a psicóloga.

Pais, familiares, educadores e profissionais da saúde devem estar alertas a este problema, observando as atitudes dos jovens no dia a dia – mudanças de comportamento; de hábitos de se vestir, como o uso de roupas de mangas longas em dias quentes; posse de objetos cortantes, como facas, canivetes e cacos de vidro, e principalmente, verificar se ele apresenta sinais de autolesão pelo corpo. “Se fizermos uma identificação precoce deste comportamento poderemos prevenir que o caso se agrave”, salientou. Flávia.

Ao acolher uma pessoa com este tipo de comportamento, o profissional da saúde deve notificar o caso. O comportamento autolesivo é de notificação obrigatória.

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