Os descerramentos de duas placas marcaram na segunda-feira (9) as celebrações oficiais sobre os 30 anos do Câmpus Regional de Goioerê (CRG) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e da inauguração do curso de Física Médica. O evento também fez parte do calendário oficial de comemorações dos 66 anos da cidade.
Aos 30 anos, o Câmpus Regional de Goioerê é um relevante instrumento para o desenvolvimento regional e sua infraestrutura local melhorou muito nos últimos anos, após as obras de pavimentação asfáltica, instalação de novos laboratórios, climatização de vários ambientes e a chegada de equipamentos para pesquisas avançadas.
Betinho, prefeito de Goioerê, ressaltou que há 30 anos foi plantada uma semente e que hoje dá bons frutos. Segundo ele, só existe desenvolvimento por meio da educação. Ele também ressaltou a luta para conseguir o curso de Física Médica. “Foi uma construção de ponte e diálogo entre o Governo e a UEM, e apoio político e da sociedade para que hoje Goioerê receba o novo curso como um presente”, disse.
O diretor do CRG, Gilson Croscato, afirmou que o Câmpus Regional de Goioerê tem dado uma contribuição inestimável para toda a microrregião ao longo de seus 30 anos de existência. Como exemplos, ressaltou o papel na formação de professores, de forma a ter ajudado na melhoria do ensino em toda a área do Núcleo de Regional Educação de Goioerê, e a indústria têxtil, impulsionada pelos cursos do câmpus.
"Há egressos que são empresários do setor têxtil e também atuam no segmento industrial, colaborando para o desenvolvimento desta área, sem se esquecer que a empresa júnior dos alunos de Engenharia de Produção interage com empresas locais, impulsionando seus desenvolvimentos", disse.
Croscato é prata da casa, tendo se formado em Engenharia Têxtil pelo câmpus regional. Ele é da terceira turma desta graduação e acompanhou de perto todo o desenvolvimento e as dificuldades iniciais. Foi foi técnico de laboratório de 1997 a 2001, quando se afastou da universidade e foi exercer a carreira como engenheiro têxtil no setor privado. Quando retornou, em 2009, ingressou como professor, se capacitou com mestrado e doutorado em Engenharia Química pela UEM e, em 2014, foi convidado a assumir a direção do câmpus.
30 ANOS – Os 30 anos da presença da UEM em Goioerê, consolidados por meio do CRG, representam o empenho e a dedicação de muitas pessoas imbuídas no sonho de levar o conhecimento produzido pela instituição a uma região, de forma a ajudá-la nos seus desenvolvimentos econômico e social.
E neste trabalho, a parceria com a prefeitura tem sido imprescindível. Diversos alunos da cidade fazem os cursos no CRG e têm sido destaque nas participações de projetos da UEM que, em contrapartida, fornece apoio por meio de bolsas.
O câmpus regional abriga jovens que podem encontrar uma universidade pública, gratuita, de qualidade e inclusiva perto de suas casas. Foi justamente esse um dos principais argumentos apresentados para dar início, nos anos 1980, às conversas que culminaram na implantação do CRG, pois à medida que o novo câmpus surgisse as famílias não precisariam mais encaminhar seus filhos para outras cidades.
Nascido em 10 de agosto de 1991, numa cidade com quase 30 mil habitantes, a cerca de 150 quilômetros de Maringá, o Câmpus Regional de Goioerê é da gestão de Décio Sperandio e Luiz Antonio de Souza, reitor e vice-reitor da UEM à época. Os trabalhos, no entanto, começaram pelo menos cinco anos antes, mais precisamente em 1986, na gestão do reitor Fernando Ponte de Souza e do vice, Manoel Jacó Garcia Gimenes, quando a UEM começava a criar e implantar os primeiros câmpus regionais, dando mostras de sua abrangência e vocação regionais.
PRIMEIROS CURSOS – Os primeiros cursos foram os de Engenharia Têxtil e Licenciatura Plena em Ciências (em 2017, passou a se chamar Licenciatura em Ciências Naturais). Surgiram de um convênio envolvendo a UEM e um consórcio intermunicipal formado pelos municípios de Goioerê, Janiópolis, Moreira Sales, Juranda, Mariluz, Boa Esperança e Rancho Alegre.
Goioerê já se destacava no cenário nacional como maior produtor de algodão do Brasil e também pela instalação de empresas de confecção, fiação e malharias, que fortaleciam o setor têxtil. A instalação da graduação em Engenharia Têxtil representou um grande desafio, porque havia apenas um curso desta natureza no País, oferecido pelo atual Centro Universitário FEI, em São Bernardo do Campo, na grande São Paulo. As duas graduações tiveram início em 1992.
Em 2011, diante da necessidade de expandir a oferta das graduações, foram criados mais dois cursos presenciais: Licenciatura em Física e Engenharia de Produção. Da mesma maneira que Física Médica, iniciada agora, as demais graduações estão concentradas nos departamentos de Engenharia Têxtil e de Ciências.
Outra conquista de grande impacto foi a implementação do atual Programa de Pós-Graduação em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais.
Na modalidade de educação a distância, o CRG mantém os cursos de graduação em Pedagogia, Licenciatura em Ciências Biológicas e História, os dois últimos por meio da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), com sede em Guarapuava, além do curso de Letras: Português e Espanhol por intermédio da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
A oferta nesta modalidade se ampliou e a comunidade conta também com os cursos EAD de Administração Pública e Licenciatura em Biologia, ambos oferecidos pela UEM. Nesse contexto, o CRG é considerado um importante polo de educação a distância, proporcionando a centenas de pessoas a possibilidade de cursar o ensino superior gratuitamente e com qualidade.
FÍSICA MÉDICA – O câmpus agora será o primeiro do Paraná a formar físicos médicos, profissionais aptos a exercer uma das profissões do futuro. Essa habilitação interage com a medicina e com os setores específicos da área, como radioterapia para oncologia, além de propor ensino técnico para manipular novas tecnologias (robótica e laser) e equipamentos para diagnósticos e cirurgias.
A expectativa para o 18º curso dessa carreira do País é atender um mercado de medicina cada vez mais tecnológico, formar profissionais para atender um déficit de três mil vagas apenas no Brasil e atrair estudantes de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e São Paulo – os dois primeiros não contam com essa graduação.
A primeira turma terá 40 vagas – 32 pelo vestibular e oito pelo Processo de Avaliação Seriada (PAS) – e os cursos serão ministrados nos períodos vespertino e noturno.
Conheça o CRG
Data de fundação
10 de agosto de 1991, mesmo dia do aniversário do município de Goioerê, quando foi inaugurado o Bloco V-02. As aulas tiveram início no ano letivo de 1992, com os cursos de Engenharia Têxtil e Licenciatura Plena em Ciências.
Relação de cursos
Graduação: Engenharia Têxtil (desde 1992), Engenharia de Produção (2011), Licenciatura em Ciências Naturais (1992), Licenciatura em Física (2011) e Física Médica (2021).
Pós-graduação: em 2016, o Departamento de Ciências começou a ofertar, em rede nacional, o Mestrado Profissional em Ensino das Ciências Ambientais (Profciamb).
Infraestrutura
O CRG possui uma excelente estrutura de salas de aula, laboratório e setores administrativos em aproximadamente 4 mil m² de construção distribuídos em três blocos. Novos projetos estão previstos para expansão e melhoria das condições de atendimento à comunidade universitária, com a previsão dos Blocos V-01 (Biblioteca) e V-10 (espaço acadêmico).
Número de servidores, egressos e estudantes
O CRG tem 63 servidores, dos quais 40 docentes e 23 agentes universitários. Quanto ao número de alunos, são em torno de 300 acadêmicos. Desde 1996, o CRG já formou mais de mil egressos nas áreas de Educação e Engenharia, colaborando com a melhoria do ensino em toda região. Já na área de Engenharia se tornou referência para o País em formação de engenheiros têxteis, que hoje estão atuando em grandes empresas do setor, também na área de educação técnica e em institutos de pesquisas.