Moradores da Terra Indígena Apucaraninha, em Tamarana, na região Norte do Paraná, conheceram de perto as engrenagens da usina hidrelétrica construída no rio de mesmo nome, que gera energia equivalente para atender 30 mil domicílios. A visita técnica foi feita com cinco educadores caingangues contratados pela Copel que receberam a missão de elaborar um material bilíngue de orientação sobre segurança de barragens para a comunidade que mora na região da usina.
Conduzidos pelo operador Adriano Rodrigues de Lima e na companhia de outros profissionais da Copel, eles conheceram a sala de comando, a sala de máquinas, subestação e os mecanismos de proteção e limpeza na tomada d´água, além de visitar os reservatórios Apucaraninha e Fiú. Embora os dois últimos espaços sejam conhecidos e usados para a pesca de subsistência e o lazer de moradores da comunidade, desta vez o foco do bate-papo foi a questão da segurança.
“Sou nascido e criado aqui, mas nunca tinha vindo até a usina, gostei muito”, disse o professor João Ka Tog Marcolino. A agente de produção audiovisual Débora Nhén Prág Eulalia da Silva também elogiou a iniciativa e vislumbra a oportunidade de compartilhar as informações com os alunos da escola local, para que as crianças conheçam desde cedo as orientações para prevenção de acidentes.
Além do material escrito, Débora produzirá um registro de depoimento do agente cultural João Maria Rodrigues Tapixi, ancião da aldeia que irá relatar a construção da usina sob a perspectiva da comunidade. Além de João, Débora e Tapixi, participaram da visita os professores bilíngues Cláudio Novej Marcolino Galdino e João Santos de Oliveira.
Ao conhecer o funcionamento da usina, eles tiraram dúvidas relativas à segurança e, também, sobre a geração e distribuição de energia. Como a Copel controla o volume de água dos reservatórios? De onde vem a energia que abastece a aldeia? Por que às vezes falta luz apenas em uma parte da comunidade? Essas foram algumas das questões abordadas.
O grupo também recebeu informações preliminares sobre as obras previstas para a área da usina no primeiro semestre de 2023, que incluem a reforma da ponte que dá acesso à casa de força e o rebaixamento da soleira vertente da barragem no reservatório Fiú, com o objetivo de ampliar a capacidade de passagem de água em situações de cheia.
PLANO DE AÇÃO DE EMERGÊNCIA (PAE) – Em atendimento à Lei nº 12.334/2010 (Política Nacional de Segurança de Barragens) e à Resolução Normativa Aneel nº 6969/2015, a Copel elaborou o Plano de Ação de Emergência (PAE) para a Usina Apucaraninha. O documento final foi entregue oficialmente em 27 de novembro de 2019, durante uma reunião em Telêmaco Borba, com representantes da Defesa Civil do Paraná e dos municípios, além de integrantes das prefeituras de Londrina e Tamarana.
Em outubro de 2020, a Copel iniciou uma atualização do cadastro dos moradores, trabalhadores e proprietários das áreas denominadas Zona de Auto Salvamento (localizadas 10 km após a barragem) e Zona de Segurança Secundária (estendida a toda mancha de inundação) das barragens de Fiú e Apucaraninha, com áreas nos municípios de Londrina e Tamarana.
Considerando que a PCH Apucaraninha está parcialmente instalada nos limites da terra indígena, a Copel contratou o coletivo de educadores caingangues para produzir um material bilíngue sobre a convivência segura com as instalações do empreendimento, de modo a estimular a participação direta daquela comunidade nas ações preventivas e emergenciais.
“Estabelecer cultura de segurança é um processo, portanto, há necessidade de ser continuada para que seja compreendida e apreendida pela comunidade local, alinhando-se assim ao que preconiza a Política Nacional de Segurança de Barragens”, afirma a socióloga Franciele Alves da Silva, da Divisão de Gestão Socioeconômica e Cultural da Copel.