Representantes da cadeia produtiva da sericicultura debatem no Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), em Londrina, formas de modernizar e crescer de forma sustentável. Esse foi o ponto de partida do Curso de Atualização em Sericicultura, que começou nesta terça (20) e vai até a próxima sexta, com o apoio da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Fiação de Seda Bratac e Emater.
A agrônoma da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Gianna Círio, destacou que o Paraná é o maior produtor nacional de bicho da seda desde a década de 1980, mas que o setor está passando por grandes mudanças, principalmente em nível internacional. “O Brasil é o quinto maior produtor do mundo e também exportador para países como Vietnã, Japão, França e Itália. Mas para se manter nessa posição será preciso mudar o sistema de produção porque a mão de obra, que é intensiva na sericicultura, está ficando cada vez mais escassa no campo”, disse ela.
Gianna lembrou que muitas empresas de fiação fecharam no Brasil após crises econômicas internacionais, como a de 2008, que reduziram o consumo mundial de seda. Somado a isso, fatores econômicos e sociais, como o envelhecimento do produtor de bicho-da-seda e o êxodo dos filhos jovens desses agricultores para os grandes centros urbanos, impuseram grandes desafios ao setor. “É preciso se modernizar para que o jovem, que gosta de tecnologia e deseja ser bem remunerado, dê continuidade ao trabalho no campo”, salientou.
BUSCAR RESPOSTAS - De acordo o pesquisador do Iapar, Dimas Soares Júnior, o Iapar e a Emater vêm trabalhando há algum tempo em conjunto com o setor produtivo no sentido de buscar respostas para os muitos desafios da cadeia da sericicultura. “Temos o projeto Redes de Referência em Agricultura Familiar que há 20 anos vem contribuindo de forma substancial e estamos nos estruturando para desenvolver novas ideias”, disse. Ainda de acordo com ele, o Curso de Atualização faz parte das medidas que o Iapar e a Emater, em parceria com a UEL e as instituições privadas, estão realizando para buscar inovação.
Além de maior mecanização para suprir a falta de mão de obra, o pesquisador do Iapar Ruy Yamaoka destacou a importância de tecnologias adaptadas às novas condições climáticas e à mecanização na colheita. “A temperatura ideal da amoreira é entre 20° e 30°C com boa distribuição de chuva ao longo do ano, mas com esses veranicos cada vez mais comuns, já podemos avaliar a possibilidade de irrigar, algo completamente impensável para o Paraná alguns anos atrás”, avaliou.
Ele também acredita que haverá uma competição maior por área nas propriedades porque a amoreira precisará de colheita mecanizada. “Até uns anos atrás o produtor plantava a amoreira no cantinho da propriedade. Agora precisa ser um local com até 20% de declividade porque senão a máquina não entra.”