O Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) tem 278 mulheres no efetivo, o que representa 8,5% dos 3.265 profissionais em atividade. A presença feminina ainda é relativamente recente no CBMPR, uma vez que só começou em 2005, mas vem sendo ampliada gradativamente. A lembrança às mulheres que combatem a incêndios, resgatam vítimas ou prestam assistência em situações de emergência é um dos destaques do Mês da Mulher no Estado.
Elas já exercem diversas funções diferentes dentro da estrutura institucional, participando tanto do planejamento quanto da área operacional. Entre os cadetes do curso de formação, 17 dos 52 alunos são mulheres – 32,7% do total. Entre os oficiais, dos 309 integrantes desse grupo de profissionais, 48 são do sexo feminino – 15,5%. A graduação mais alta já atingida por elas é a de major, que só fica abaixo de tenente-coronel e coronel. Duas mulheres conseguiram chegar a esse patamar.
O comandante-geral do CBMPR, coronel Manoel Vasco de Figueiredo Junior, afirma que elas passam por treinamentos intensivos e estão muito preparadas para enfrentar os desafios exigentes da profissão. “As mulheres têm um papel importante no Corpo de Bombeiros Militar do Paraná, desempenhando todas as funções realizadas pela Corporação - atendimento pré-hospitalar, combate a incêndio, busca e salvamento entre outras”, declarou. "Essas mulheres bombeiras militares corajosas e dedicadas desempenham um papel crucial na Corporação".
“Tenho mais de 30 anos de serviço. Sou testemunha do quanto a Corporação cresceu com a presença feminina, trazendo uma visão mais humanitária, e tenho certeza de que a sociedade paranaense vem sendo melhor atendida com a presença das mulheres nesse espaço”, complementou.
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PIONEIRA – A major Geovana Angeli Messias é a mais antiga na Corporação. Ela entrou em 2005, sendo uma das pioneiras. Como desbravadora, foi a primeira a participar de um Curso de Formação de Oficiais Bombeiros Militares (CFO), a primeira a receber o status de capitã e a primeira a comandar uma unidade operacional do CBMPR. Responde atualmente pelo 1º Subgrupamento de Bombeiros Independente (1º SGBI) de Ivaiporã, no Vale do Ivaí, que tem um efetivo de 56 integrantes.
Quem também já pisou nesse degrau do oficialato maior foi a major Franciane Alves de Siqueira, de 40 anos, cuja inclusão na Corporação ocorreu em 2006. “Eu não tinha como crescer imaginando que seria bombeira militar, porque até então não existiam bombeiras. Mas eu queria ser militar”, contou. “Meu pai era praça do Exército. Cresci numa família de militares, andando de jipe, de blindados, dentro de um quartel”.
Ela se tornou uma das primeiras entre as oficiais da instituição, ajudando a levar um novo ponto de vista a um ambiente dominado pelos homens e, como ela mesma diz, até então “pensado para eles”. Hoje como chefe das Seções da Diretoria de Pessoal, entende que o cenário é outro, e positivo.
“O quadro é de evolução constante. Estamos alcançando posições que não eram ocupadas por mulheres porque até então nossa carreira não tinha progredido para que essas funções fossem ocupadas”, explicou a major. “E estamos demonstrando nossa competência técnica e profissional na nossa rotina, na gestão de projetos, de conflitos, da atividade operacional, em tudo aquilo que nos envolvemos. Desenvolvemos trabalhos, executamos missões e mostramos a importância da visão diferente no desenvolvimento das atividades”.
Franciane vê uma evolução institucional na Corporação, em meio à modernização de suas legislações, normativas e atenção às demandas das bombeiras. No último concurso, por exemplo, 47 mulheres foram aprovadas e se formaram, o que já representou 11% dos 419 novos integrantes. “As mulheres desempenham exatamente as mesmas funções que os homens e têm as mesmas competências e habilidades que os homens dentro do CBMPR. Então, temos um papel fundamental para a sociedade paranaense”, concluiu.
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VIATURAS PESADAS – A parte operacional do Corpo de Bombeiros também conta com a força feminina. Dos 2.883 praças no efetivo, 209 são mulheres – ou seja, pouco mais de 7%. É o caso da já citada cabo Josiane Aparecida Luquetta, de 39 anos, que está na instituição desde 2013. Ela ingressou já com 29 anos. O interesse pela profissão começou após conhecer bombeiros que trabalhavam no Siate, enquanto cursava a faculdade de Enfermagem.
A função de condutora surgiu quase por acaso, quando era recém-formada no curso de soldados, em 2014. “Circulou uma lista para realizar a mudança de categoria de CNH. E recruta é voluntário para tudo. Coloquei meu nome na lista”, brincou. “Em pouco tempo, eu já estava habilitada para conduzir as viaturas pesadas. Comecei com ambulância, depois caminhão de combate a incêndio, carreta. Quando recebemos a plataforma de combate a incêndios, em 2019, também entrei nessa. Então, participei do primeiro curso de formação de operadores da Autoplataforma Mecânica”.
Ela quer fazer da "mulher na cabine" algo mais comum. “Muitas vezes, recebi o carinho de mulheres dizendo que estavam orgulhosas em ver uma mulher ao volante. E os homens ficam impressionados”, revelou.
A experiência da profissão, segundo ela, é incrível. “O mais desafiador é não conseguir reverter situações, lidar com a dor e o sofrimento do outro”, contou. “E o mais gratificante é a sensação de missão cumprida, de receber o carinho e o reconhecimento da população”.
A cabo Luquetta ainda deixa um recado a respeito da presença feminina na Corporação. “A gente vem ganhando espaço no Corpo de Bombeiros. As mulheres hoje são condutoras, comandantes, guarda-vidas, socorristas, entre outras funções. Mas somos acima de tudo bombeiras, com o mesmo propósito. E a população pode esperar de nós o nosso melhor”, complementou.