A Biblioteca Pública do Paraná recebeu uma coleção com 792 exemplares de mangás, as narrativas gráficas japonesas que fazem a cabeça de jovens brasileiros já há algumas gerações, nesta segunda-feira (14). Os exemplares irão fortalecer o concorrido acervo dessas obras na BPP – até então eram cerca de 1.500 mangás.
O Brasil possui a maior comunidade japonesa fora do Japão e muitas das obras criadas no país asiático são bastante populares por aqui. Além disso, a força da cultura nipônica pode ser facilmente identificada no Paraná, principalmente em cidades como Curitiba e Londrina.
A cerimônia de entrega contou com a presença do vice-governador Darci Piana, do cônsul-geral do Japão no Paraná, Keiji Hamada, do diretor-geral da Fundação Japão São Paulo, Masaru Suzaki, além do diretor da BPP, Luiz Felipe Leprevost.
“O Governo do Estado agradece essa doação da Fundação Cultural Japão São Paulo. Os livros vão se juntar ao grande acervo da nossa Biblioteca Pública do Paraná”, disse o vice-governador. Darci Piana lembrou a contribuição japonesa para o Paraná, incluindo a esfera cultural. “Uma cultura milenar, uma cultura que tem uma tradição extraordinária. Esse povo que tanto ajudou o Paraná, nesses mais de 140 anos da imigração japonesa, que tanto fez pelo nosso Estado, vem somar a questão cultural com esses livros”.
Keiji Hamada disse que os laços entre os países podem ser reforçados pela dimensão cultural. “Realmente é muito importante para a gente, porque o mangá é uma das culturas mais famosas do Japão no mundo inteiro. Pensando em relações entre o Japão e o Estado do Paraná, é uma honra e uma alegria poder doar tantos livros junto da Fundação Japão São Paulo”, comentou o diplomata.
“É muito oportuna a chegada dessa coleção como parte da comemoração dos 165 anos da Biblioteca Pública do Paraná”, disse Luiz Felipe Leprevost em seu discurso. O diretor da BPP comentou sobre como a arte é um exercício de alteridade, baseado no “interesse de conhecer mais o outro". "Fico feliz de receber essa coleção como diretor da BPP, mas também como leitor”, completou.
Suzaki concorda com o grande interesse despertado pelas publicações. “Algumas pessoas chegam a aprender o japonês para ler os mangás na língua original”, arrematou.
INTERCÂMBIO CULTURAL – Entre as obras que o público paranaense pode encontrar estão clássicos do gênero, como "Akira", de Katsuhiro Otomo, ou "Ghost in the Shell (Fantasma do Futuro)", de Masamune Shirow, obras celebradas mesmo entre aqueles que não são entusiasmas do formato. Mas também estão lá obras mais populares como "Naruto", de Masashi Kishimoto; "One Punch Man", de Yusuke Murata; e "Jojo’s Bizarre Adventure", de Asami Araki.
Quando perguntado se recomenda algum mangá, Hamada é taxativo: “Naruto”. Os quadrinhos, que foram adaptados em três animes diferentes, são um fenômeno mundial. Mas o cônsul reforça: “Acho que 'Naruto' é um mangá muito famoso, mas infelizmente eu pertenço a outra geração. Você sabe que mangá muda todos os anos e minha geração lia mangás mais infantis, mas agora há muitos mangás para adultos. Uma característica de mangá do Japão é a variedade. Tanto infantil quanto para adultos”, afirmou.
“Um povo sem cultura não é um povo. Daqui a 200, 500 anos ainda será possível pesquisar esses livros. É fundamental para a cultura do nosso Estado esse relacionamento entre os dois povos”, reforçou o vice-governador. “Agradecemos sobremaneira primeiro pelo que já ajudaram o nosso Estado e agora por essa oportunidade dessa doação de livros que vão ajudar a BPP a promover a cultura do nosso povo do Paraná”.